I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.
Primeiro-Ministro, um País endividado, que pagará no próximo ano 7500 milhões de euros só de juros das
dívidas que foram acumuladas, um País que está sob assistência financeira e que não tem plena liberdade
orçamental, um País que está em recessão económica e que tem de se confrontar com a recessão económica
de muitos dos seus principais parceiros, um País que atingiu elevados níveis de desemprego, é um país em
crise. Mas é um país em crise não pelo caminho que foi percorrido no último ano e três meses, é um país em
crise pelo caminho que foi percorrido ao longo da última década e cuja responsabilidade está aqui bem
expressa nos que se sentam na bancada do Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Havia outro caminho, Sr. Primeiro-Ministro? Havia! Havia outra receita, Sr. Primeiro-Ministro? Havia! Era a
receita do despesismo, era a receita da dívida, era a receita das PPP! Foi essa a receita que nos trouxe até
aqui.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É espantoso, Sr. Primeiro-Ministro, como os que são os responsáveis por esta caminhada não sejam
capazes de compreender os problemas estruturais que temos pela frente e não sejam capazes de ter hoje a
coragem de enfrentar esses problemas e de contribuir para as soluções desses problemas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Qual é a alternativa que aqui apresentam? O que é que queria esta oposição? Um Orçamento
expansionista?! Um Orçamento que trouxesse mais endividamento?!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Um Orçamento para as pessoas!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Um Orçamento fácil?! Era esse o Orçamento ideal que a oposição
queria aqui trazer.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, ouvimos a sua intervenção, ouvimos o realismo da sua intervenção. É certo que
esse realismo contrasta bem com o de alguns políticos, muitos no ativo, outros já aposentados, diria eu, que,
às vezes, parece que se esquecem da realidade.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Parece que não é preciso recuperar a soberania financeira, parece que
o Tribunal Constitucional não impediu soluções anteriormente programadas, parece que não é preciso pagar
os juros, ainda que hoje os estejamos a pagar a níveis mais baixos, parece que não é preciso garantir o
financiamento das despesas sociais, parece que não é preciso financiar a educação, parece que não é preciso
financiar a saúde, a justiça, a segurança social, e parece que a economia estava pujante e gerava recursos
para todo este financiamento. Mas isso não é verdade, Sr. Primeiro-Ministro!
Parece que muitos destes políticos querem continuar a vender a ilusão que nos trouxe até aqui, Sr.
Primeiro-Ministro.
A ilusão, o despesismo e a dívida são os progenitores da austeridade, Sr. Primeiro-Ministro, e esses
políticos, alguns dos que aqui falam, são os pais biológicos do aperto a que este País chegou.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Primeiro-Ministro disse, na sua intervenção, e é verdade, que este Governo está a fazer um esforço
grande para reequilibrar financeiramente o País, promovendo um corte assinalável das despesas, que estava