10 DE MAIO DE 2014
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Deputado, cumprimos uma primeira parte muito relevante do que se esperava do Governo nesta Legislatura:
que não conduzisse o País a um segundo resgate e que, como o Sr. Deputado insistia em dizer publicamente,
pudesse dar a Portugal a condição de sair do programa sem negociar condições para regressar a mercado e
com taxas de financiamento a médio e a longo prazos que fossem sustentáveis para Portugal. E são, Sr.
Deputado! Por que razão não reconhece hoje que o são, felizmente, graças à ação dos portugueses e também
do Governo?
Disse o Sr. Deputado que houve uma opção ideológica. Sr. Deputado, o pior cego é o que não quer ver.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Discutimos muitas vezes, neste Parlamento, em que condições haveríamos de
obter as metas traçadas.
Sr. Deputado, temos noção precisa — de resto, tão precisa que eu próprio o disse pouco tempo depois de
ter tomado posse — de que a situação de partida das contas públicas era muito diferente daquela que o
anterior Governo tinha transmitido.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Essa é que foi a verdadeira mentira!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tão diferente, Sr. Deputado, que se foi preciso realizar, por efeito de défice
orçamental, alterações e ajustamentos às metas que estavam prometidas no Memorando negociado pelo
Governo que o seu partido apoiava, imagine a credibilidade que tinham as metas que o seu Governo tinha
apresentado antes no PEC 4 e que prometiam um enorme crescimento e excedente orçamental para Portugal
ainda em 2014!…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado, que medidas seriam essas que o Partido Socialista iria adotar e que teriam
permitido a Portugal alcançar metas ainda mais ambiciosas de redução do défice e de excedentes nas contas
públicas. Que medidas seriam essas, Sr. Deputado?
Como é possível que, ao fim de três anos, o Sr. Deputado ainda não tenha enunciado uma única medida
que o Partido Socialista entendesse importante para reduzir o défice em Portugal? Ninguém as conhece, Sr.
Deputado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
Disse também o Sr. Deputado que temos de apostar nas áreas que foram desprezadas. Eu sei. O Sr.
Deputado, durante todo este tempo, andou a dizer que precisámos de mais tempo e, portanto, de mais
dinheiro porque tínhamos de ter mais défice,…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Isso é uma vergonha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … evidentemente, para que o ajustamento das contas públicas não fosse tão
violento. Evidentemente, o Partido Socialista não queria que estas metas fossem alcançadas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O que o Partido Socialista queria é que fôssemos renegociar com os nossos parceiros internacionais as
metas e o programa. Portanto, Sr. Deputado, por vontade do Partido Socialista ainda hoje estaríamos num
qualquer programa de assistência económica e financeira. Esta é a verdade!