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I SÉRIE — NÚMERO 54

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Os gregos, Sr.ª Deputada, escolherão o seu caminho, o modo de resolver os seus próprios problemas.

Poderá haver convergências na forma como nós e a Grécia resolvemos os problemas, mas a questão

essencial, Sr.ª Deputada, seria estarmos aqui a debater como resolver os nossos problemas. E, em nosso

entender, essa questão essencial passa invariavelmente pela renegociação da dívida nos moldes propostos

pelo PCP: a renegociação dos juros, dos montantes e dos prazos.

O que seria importante, Sr.ª Deputada, era debater a forma como nos vamos libertar dos constrangimentos

que são impostos pelo tratado orçamental, o que era importante ver colocado aqui era como é que o País

pode canalizar os seus recursos para resolver os problemas e a grave crise económica e social em que o País

está. Não ouvimos falar de nada disso.

Ora, a questão que se coloca é por que é que em vez de o Governo estar a defender a renegociação da

dívida e a rejeição do tratado orçamental continua a alinhar com a Alemanha, com o diretório e com as

imposições da União Europeia.

E, mais, verificamos que este alinhamento com a Alemanha e com a União Europeia é em prejuízo do País,

o que apenas pode ser entendido para permitir a sobrevivência política do PSD e de CDS-PP, que têm levado

o País à crise económica e social para onde arrastaram os portugueses.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, a Sr.ª Deputada disse

na sua declaração política, na tribuna, que os portugueses venceram a crise — e venceram todos, os

trabalhadores, os empresários, toda a gente venceu.

Sr.ª Deputada, não posso deixar de referir este aspeto porque me parece demasiado grave para uma

Deputada do partido da maioria afirmar que todos venceram a crise num país que continua a ter um número

tão elevado de desempregados e de desempregadas — ou já os esquecemos? —, num país em que os

utentes do Serviço Nacional de Saúde não conseguem ter os cuidados básicos — ou também já esquecemos

a situação das urgências? — num país onde as pessoas perdem as casas e os apoios sociais, num país onde

os jovens não conseguem ter emprego.

Sr.ª Deputada, vencemos a crise?! Mas em que país é que os senhores vivem?

Diz a Sr.ª Deputada que a Grécia se propõe, agora, fazer o que Portugal já fez. Nada mais errado, Sr.ª

Deputada! Nada mais errado! A Grécia está a fazer, de facto, aquilo que Portugal nunca fez.

Em primeiro lugar, entra nas reuniões do Eurogrupo de cabeça levantada,…

Protestos do PSD e do CDS-PP.

… tem uma voz ativa na defesa do seu país e do seu povo, Sr.ª Deputada, coisa que Portugal nunca fez

porque o Governo deste País nunca, no Eurogrupo, levantou a voz contra o que fosse.

Em segundo lugar, na Grécia, o seu governo, o governo do Syriza, está a aplicar as medidas de

emergência para responder à crise humanitária que cinco anos de austeridade deixaram o país. Por exemplo,

mais de 500 000 pessoas vão voltar a ter acesso à eletricidade, contrariamente ao que vemos em Portugal,

onde há cada vez mais famílias sem eletricidade.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Mas tenham calma, Srs. Deputados.

Na saúde, os desempregados vão passar a ter acesso ao serviço nacional de saúde, contrariamente ao

que existia, e, sim, Sr.ª Deputada, pararam as privatizações.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Portanto, Sr.ª Deputada, não faça comparações.