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21 DE JANEIRO DE 2016

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Mas, talvez, a maior lição que nos deixa é a de que não há idade de reforma para a intervenção política e

cidadã. A democracia existe para ser exercida sempre enquanto tivermos forças e até ao último dia das

nossas vidas, foi assim o António de Almeida Santos.

É com sincero pesar que o Governo da República Portuguesa se despede hoje de António de Almeida

Santos na Casa da democracia parlamentar, que ele tão bem conhecia, expressando as suas mais sinceras

condolências à família, à Deputada Maria Antónia Almeida Santos, associando-se a esta homenagem deste

extraordinário homem, político e humanista.

Até sempre, Presidente.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — Para finalizar, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lacão.

O Sr. Jorge Lacão (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs. Deputados: No dia em

que nos despedimos de António de Almeida Santos só ocorre dizer que António de Almeida Santos não

morreu. Não morrem as pessoas cuja grandeza de vida vivida as coloca acima do seu tempo ou para além do

seu tempo. Aquelas pessoas que podendo ter desempenhado os mais altos cargos na vida pública o fizeram

dando-lhes sempre muito mais do que deles alguma vez receberam. Aquelas pessoas como Almeida Santos

que, mesmo na ausência, deixam a marca da sua constante presença no coração dos homens e das mulheres

com que se relacionaram.

Almeida Santos será sempre lembrado como uma grande patriota e uma das maiores figuras da nossa

República democrática.

Por amor ao seu País, combateu a partir de Moçambique, como advogado e cidadão, pela causa da

liberdade contra a ditadura, pela causa dos direitos humanos e em defesa dos presos políticos.

Por amor ao seu País, empenhou-se após o 25 de Abril de 1974 em alcançar condições dignas para a

descolonização cujos caminhos de concretização nem sempre foram os seus.

Por amor ao seu País, qual Mouzinho da Silveira, revelou-se em vários governos e no Parlamento, como

um dos grandes senão o maior, legislador da fundação e consolidação do regime democrático.

Por amor ao seu País, deu ao Partido Socialista, até ao fim dos seus dias, o melhor da sua generosidade e

o presidente honorário de todos os socialistas perdurará para sempre como em exemplo de dedicação às

causas da igualdade, da justiça e do progresso.

Por amor ao seu País, o Presidente da Assembleia da República Almeida Santos merece nesta Casa um

lugar de panteão pelo exemplar testemunho de elevação institucional, de independência, de convivialidade

fraterna, de capacidade de inovação e de constante engrandecimento dos valores democráticos comuns a

todas as bancadas do Hemiciclo.

Por amor ao seu País, o homem de reflexão deixa-nos páginas, muitas páginas, do mais fino recorte

literário e tantas delas de meditação profunda e exigente sobre os caminhos do mundo.

«Inquietem-se», interpelou-nos o António Vieira do nosso tempo, ele próprio o mais inquieto com os

incomensuráveis problemas da atualidade, refletidos a uma escala global e a fazer-nos tomar consciência de

que vivemos num mundo que é de todos e cujo destino a todos responsabiliza.

Por amor ao seu País, Almeida Santos afirmou-se como um fiel coletor da história que nos identifica como

povo e como nação. Como um homem de raízes firmadas e sempre assumidas na sua Beira de infância e na

sua Coimbra de juventude. A alma de Coimbra onde a palavra cantada e o som da guitarra transbordaram

nele uma humanidade sempre pronta a comover-se e a comover-nos já com saudades dele, de o ouvir e de

estar perto dele.

Por causa do amor ao seu País, o estadista Almeida Santos, o amigo e camarada generoso de todas as

horas não morreu. Através do seu legado, perdurará, como sempre foi, um português de lei. Para sempre, por

tanta coisa que as palavras não chegam para dizer, obrigado Almeida Santos e obrigado também pelas

palavras tão sinceras e tão comovidas proferidas por todos os grupos parlamentares.

Envio, também, um abraço de muita solidariedade à Maria Antónia, aos irmãos, à mãe Margarida, a toda a

família, afinal de contas a uma família tão alargada de que todos nos orgulhamos de fazer parte.

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