24 DE JUNHO DE 2016
39
Aplausos do PS.
O País merece e precisa de não deixar nenhum dos seus de fora. A educação não pode, pois, amputar o
destino dos cidadãos e do País apenas porque é mais fácil excluir os que nos dão mais trabalho. Estamos cá
também para enfrentar tudo o que exige mais trabalho e é por ser trabalhoso que todos somos precisos.
Sr.as e Srs. Deputados, Shakespeare tem peças, todas magníficas, todas elas eminentemente modernas,
todas de algum modo premonitórias e todas com títulos, digamos, felizes. Uma delas traduz-se em português
por Muito barulho para nada e não deixa de surgir-me ao espírito sempre que, e já foram algumas vezes, me
interpelam nesta Casa sobre o tema das avaliações no básico. Ora, como sempre dissemos que iria acontecer,
tudo se passou como era bom que se passasse: com exigência, profissionalismo, qualidade e tranquilidade.
Às acusações de experimentalismo, a realidade respondeu por nós: verificou-se a mais absoluta
normalidade. Às acusações de radicalismo, a realidade respondeu por nós: isto faz sentido porque sempre fez
sentido. Às acusações de precipitação, a realidade respondeu por nós: as provas realizaram-se a tempo e a
ficha individual será devolvida atempadamente aos alunos, às famílias, às escolas. E às acusações de
autoritarismo a realidade também respondeu por nós — dada a flexibilidade de opção este ano, a maioria dos
diretores escolares optou por realizar a prova — ou, melhor, os alunos responderam por nós e 96% dos que
podiam fazer a tal prova, que alguns asseguravam não contar para nada, acharam que, afinal, contava e foram
fazê-la à sua escola, à sua sala de aula, com os seus colegas.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, nada como aqueles para quem trabalhamos para nos dizerem o que para eles faz
sentido. Sabemos bem o que precisa de ser melhorado e o que carece do nosso esforço coletivo enquanto País.
E há tanto a fazer e que merece ser feito. Não posso falar-vos de tudo aqui, agora, mas felizmente teremos
tempo, Srs. Deputados, felizmente há lugares vários que nos iluminarão ainda.
Falo-vos aqui e agora do sucesso escolar como resposta aos intoleráveis níveis de retenção que Portugal
apresenta e que triplicam a média da OCDE, em cujos indicadores tanto evoluímos nas últimas décadas mas
não neste indicador fulcral. Será este, talvez, o mais importante combate que enfrentamos nesta Legislatura:
superar, pelo sucesso de ensinar com inclusão, o fracasso de chumbar por punição. Fazê-lo porque assim deve
ser, mas também porque assim tem de ser. Fazê-lo porque todos merecem ter sucesso mas também, como
todos os estudos independentes não se cansam de alertar, porque é mais eficiente.
Reprovar um aluno, Sr.as e Srs. Deputados, é o indicador que mais custa ao sistema educativo e aquele cujo
efeito é o mais oneroso para o mesmíssimo sistema; é o mais caro e o que mais prejudica o sistema, assim
como e de forma importante, os nossos alunos. No exato oposto, acompanhar um aluno com tutorias que o
ensinem a aprender é o indicador que apresenta o menor custo e o melhor efeito, otimizando em oito meses a
sua velocidade de aprendizagem.
Eloquente se apresenta o valor do sucesso face ao do falhanço, Sr.as e Srs. Deputados, valor ético mas
também económico, imperativo educacional mas também cidadão.
Ano após ano aqui viremos fazer esse balanço, do ano letivo mas também do ano legislativo. Voltaremos,
aliás, a este Parlamento daqui a 15 dias e será novamente um privilégio.
Bom descanso e ainda melhor trabalho.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.as e Srs. Deputados, termina assim esta interpelação ao Governo
proposta pelo PSD.
Retomaremos os nossos trabalhos na próxima quarta-feira, dia 29 de junho, pelas 15 horas, com a
apreciação do projeto de lei n.º 94/XIII (1.ª) — Elimina a obrigatoriedade de apresentação quinzenal dos
desempregados (alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2006, 3 de novembro) (BE).
No final da sessão poderá ocorrer a votação desta iniciativa, consoante o Bloco de Esquerda queira ou não
exercer esta prerrogativa.