I SÉRIE — NÚMERO 96
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profissional é um direito dos trabalhadores e uma responsabilidade das empresas. Portanto, trata-se de um uso
indevido dos dinheiros da segurança social e dos descontos dos trabalhadores.
Mas o CDS propõe ainda outra coisa, Sr. Deputado. Propõe o teletrabalho, que o Sr. Deputado Mota Soares,
então Ministro do Trabalho, dizia que era uma oportunidade para as mulheres. De facto, o teletrabalho não era
uma oportunidade para os trabalhadores, era, em particular, uma oportunidade para as mulheres, que ficavam
bem no recato do lar e afastadas do mercado de trabalho. Sr. Deputado, nós recusamos em absoluto esta ideia,
porque isto representa um retrocesso e não um avanço.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou os 4 minutos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Para concluir, Sr. Presidente, queria dizer ao Sr. Deputado Filipe Anacoreta
Correia o seguinte: o PCP entende que há matérias que a Assembleia da República tem toda a legitimidade
para decidir. A concertação social deve ser ouvida, mas a decisão política cabe à Assembleia da República,
cabe aos grupos parlamentares aqui representados.
Aquilo de que o País precisa, efetivamente, é do contrário de tudo aquilo que o CDS propõe: é de emprego
com direitos, é de redução do horário de trabalho, é do fim da caducidade da contratação coletiva e da reposição
do princípio do tratamento mais favorável. Mas nestas matérias, como noutras, sabemos que não podemos
contar com o CDS.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os
Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Filipe
Anacoreta Correia, discutimos hoje, por agendamento do CDS, três projetos de resolução sobre matérias
diferentes: um, sobre a implementação da licença sem retribuição extraordinária e a avaliação do Cheque-
Formação, outro, sobre o direito ao desligamento dos trabalhadores e à inclusão de novas situações para o
exercício do teletrabalho e um terceiro, para melhorar a contratação coletiva, que, na perspetiva do CDS, não
pode, de forma alguma, ser desvalorizada.
Apesar da diversidade das matérias, as iniciativas têm um propósito comum, que é o de recomendar ao
Governo que, em sede de concertação social, inicie o debate sobre estas matérias, ou seja, aquilo que o CDS
nos propõe é que a Assembleia da República recomende ao Governo que promova o debate na concertação
social sobre matérias em relação às quais esta Assembleia está em perfeitas condições de decidir.
O que nos parece é que há uma tentativa de inverter as premissas, para não dizer uma tentativa de adulterar
as regras do jogo democrático.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Isso vindo de Os Verdes!…
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Parece até que esta Assembleia, agora, só pode legislar depois
do debate na concertação social. Mas, Sr. Deputado, qualquer esforço para substituir esta Assembleia pela
concertação social, para além de não ter nenhuma cultura constitucional, é, a todos os títulos, inaceitável.
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
A concertação social deve ser ouvida, sim, mas a decisão compete à Assembleia da República.