O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20 DE NOVEMBRO DE 1986

649

Segundo D. Marcos da Cruz, este foi o quarto mosteiro construído em Grijó. Muitos foram ao longo dos séculos os religiosos e dignidades que por ali passaram.

Diversas foram as doações feitas ao convento e entre elas citaremos algumas das figuras gradas do tempo: D. Teresa, mulher do conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, Egas Moniz, Nuno Soares, Brandões e tantos outros, que seria extenso enumerar. A filha de Nuno Soares, casada com os condes da Cabreira, foi mãe do clebre Martim Moniz, que heroicamente morreu na conquista de Lisboa, ciando o nome à porta «Martim Moniz».

No Mosteiro encontra-se o túmulo de D. Rodrigo Sanches, filho bastardo de el-rei D. Sancho I.

Perto do Mosteiro, no chamado Padrão Velho, gracioso cruzeiro assinala a morte deste infante no ano de 1245, paira uns morto em duelo amoroso, para outros em lutas sangrentas tão frequentes na época. Poetas de então retrataram-no como figura de solida moral, bravura e honradez. Foi sepultado no Mosteiro, onde existe a sua ossada.

O Mosteiro serviu de hospital quando da batalha com as tropas francesas no Picoto. Existe ainda uma cruz que passa despercebida, num recanto à entrada do terreiro do Mosteiro. Aí foi o cemitério dos vivos e mortos, dado que naquele tempo o inimigo não era poupado. Se estava ferido, era morto. Se vivo, poucas esperanças podia alimentar para viver. A batalha dava--se lá no alto do Picoto. Os feridos portugueses vinham para o Mosteiro transformado em hospital. Os mortos e feridos estrangeiros eram lançados em valas naquele terreno. Daí o cemitério de vivos e mortos.

Grijó tinha jurisdição eclesiástica, pois os priores do convento tinham direito a usar as insígnias pontifícias: báculo e mitra, cruz peitoral e anel, tal como os bispos. Podiam conferir ordens menores. Havia no convento vigário-geral, promotor de justiça e meirinho eclesiástico. A antiga cadeia ou aljube esteve localizada na parte mais poente do edifício da sede da actual Junta de Freguesia.

No plano de jurisdição civil, o Mosteiro de Grijó estendia a sua actuação sobre os seus coutos, nomeando justiças e empregados delas. Tinha julgado, mais tarde extinto.

Criminoso que se refugiasse em terras de Grijó ficava, sob a justiça do Mosteiro e só com o beneplácito deste é que lá podia ser procurado por outras justiças.

Grijó teve notário, sito na Guarda, de que em 1900-1904 era notário Alexandre Domingues Pereira. Teve Registo Civil.

Grijó é citada, em documentos antigos e escrituras, como a «vila de Grijó».

A César o que é de César, e Grijó, que já foi vila, quer novamente voltar a sê-lo.

Grijó tem uma população de cerca de 13 000 habitantes.

O progresso industrial da freguesia está em franca expansão e oferece ao visitante e a quem por força ali passa panorâmica agradável num mesclado de flores, árvores, moradias limpas e asseadas a ladear as ruas e estradas, deixando transparecer uma vida económica equilibrada. Povo de natureza ordeiro e trabalhador, com certa criatividade, e que ao longo dos tempos .se dedicou à agricultura e ao artesanato, que

ainda hoje são fontes de receita para muitos dos habitantes, nomeadamente em frutos, flores, torneiros, confecções de liteiros (a caminho da extinção) e, mais recentemente e em grande força, flores artificiais.

Grijó possui mais de 6000 eleitores e tem-se desenvolvido de forma progressiva nos diversos campos, económico, social e cultural.

Cultura, ensino e desporto. — Diversas figuras da cultura estão ligadas a Grijó, das quais se destacam:

Júlio Dinis, que se inspirou em Grijó para escrever as suas obras mais representativas — As Pupilas do Senhor Reitor, A Morgadinha dos Canaviais, Os Fidalgos da Casa Mourisca, etc;

D. Maria José de Oliveira Monteiro, grijoense distinta, estudiosa da vida e obra daquele vulto da literatura portuguesa;

Dr. Fernando J. Castro Correia, já falecido, distinto médico, republicano e figura de vulto da cultura;

Maestro Joaquim Teixeira, já falecido, autor de várias obras musicais e grande impulsionador da música;

P.c Dr. António Sousa Costa, natural de Grijó, actualmente vice-reitor do Pontifício Antoniano, em Roma, autor de várias dezenas de livros, obras de história eclesiástica, artigos e conferências.

Grijó é ainda uma povoação riquíssima de tradições populares, jogos e lengalengas, folclore e poesia popular, remédios, mesinhas caseiras, orações e esconjuras.

Tudo isto constitui património cultural do povo de Grijó e lhe dá uma individualidade própria.

Grijó tem ainda diversas associações de carácter cultural, recreativo e desportivo, tais como Tuna orfeão de Grijó, Grupo Recreativo e Cultural do Loureiro, Grupo Recreativo Mocidade Corveirense, Grupo de Benemerência Os Amigos dos Pobres de Grijó, Rancho Folclórico de São Salvador de Grijó, Corpo Nacional de Escutas (agrupamento 610 de Grijó), Associação Desportiva de Grijó, Grupo de ColumboOlia de Grijó e Grupo Columbófilo Os Amigos da Columbofilia de Grijó.

Possui ainda várias salas e salões de conferências e de espectáculos.

Grijó tem também uma escola pré-primária, quatro escolas primárias, uma escola preparatória e secundária e uma escola de música.

Saúde e assistência. — Grijó possui um posto médico, vários consultórios médicos, duas farmácias e laboratórios de análises clínicas.

Existem ainda diversas instituições de solidariedade social, nomeadamente associação de socorros mútuos, lar de terceira idade (já instituído, estando em fase de se iniciar a respectiva construção das instalações). Casa do Povo, Grupo de Benemerência Os Amigos dos Pobres de Grijó e Conferência de São Vicente de Paula (masculina e feminina).

Transportes e comunicações. — A freguesia de Grijó é servida por múltiplas carreiras das seguintes empresas: Autoviação de Grijó, L.d\ Rodoviária do Caima, L.*1, Rodoviária Nacional, União de Transportes dos Carvalhos, Autoviação Feirense, L.da, e Sequeira, Lucas & Ventura, L.*3