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7 DE FEVEREIRO DE 1987

1779

60 mm; 100 morteiros de 81 mm; 150 lançadores de granadas M-79; 30 espingardas de precisão.

As autoridades portuguesas não autorizaram a venda das espingardas de precisão, das 10 000 granadas de mão e de parte desta encomenda por não ser material fabricado em Portugal. A exportação de todas as outras encomendas foi aprovada em 19 de Março de 1985, seguindo num avião, que transportou também as 500 000 munições 7,62 X 39 compradas à Polónia e que se encontravam em trânsito em Lisboa.

Além dos morteiros de 60 mm e 141 de granadas para morteiros de 60 mm e 81 mm, seguiram também neste avião minas antipessoais, explosivos de plástico e munições 7,62.

No dia 10 de Abril, através da DEFEX, a Energy Resources International apresenta um novo certificado de destino final, pedindo nova exportação de armas, alegadamente para a Guatemala. Mas desta vez a ligação entre a DEFEX e a firma norte-americana era mais clara: o endereço da Energy Resources era na Rua do Presidente Arriaga, Lisboa, na sede da DEFEX. Aproximadamente por esta altura a Energy Resources desaparecia dos Estados Unidos.

Uma boa parte das encomendas às indústrias nacionais só foi satisfeita em Maio, partindo do porto de Setúbal um navio com mais de 400 t de material de guerra no valor de 339 000 contos: 3785 G-3, de um lote de 10 000 pedidas em Dezembro, e morteiros de 60 mm; a restante carga era constituída por granadas de morteiro de 60 mm, granadas de mão defensivas, explosivos e 20 minas antipessoais, que, segundo uma fonte do EMGFA, «poderiam ter sido para amostra».

A encomenda seguinte surgiria datada de 29 de Julho, novamente assinada pelo general Cesar Augusto Caceres Rojas; porém, à próxima exportação de Portugal supostamente para a Guatemala só teria lugar em meados de Dezembro desse ano, quando seguiram de avião 20 t de granadas de morteiro de 60 mm e 81 mm, granadas de mão, minas antipessoais e explosivos de plástico, no valor de 41 385 contos.

No dia 3 de Março de 1986 recomeça uma nova série de exportações para os «contras». Um Boeing 707 da Southern Air Transport saiu do Aeroporto da Portela carregando 37 t de granadas de 60 mm e 81 mm, granadas de mão defensivas e minas antipessoais, no valor de 22 268 contos. No dia 13 de Abril novo voo da Southern transportando mais 26 t de munições do mesmo tipo do anterior.

Nos dias 24 e 25 de Maio saíram da Portela mais dois 707 da mesma companhia transportando, no seu conjunto, cerca de 901 de munições para morteiros e granadas de mão defensivas.

O último carregamento de armamento português oara os «contras» teve lugar na última semana de Julho, quando largou do porto de Setúbal mais um navio transportando munições de 9 mm e 7,62.

Os voos da Southern

A Southern Air Transport é uma companhia norte--americana alegadamente ligada à CIA e utilizada frequentemente em operações encobertas norte-americanas. De acordo com os registos de voo fornecidos pela companhia ao Departamento dos Transportes dos Estados Unidos, constata-se que operaria em sítios tão insólitos, para uma empresa suspeita de ligações à CIA como sejam Cuba e Angola. Neste país de expressão

portuguesa, e de acordo com os registos, a Southern tem feito centenas de voos em aviões L-100 (versão civil do Hercules C-130).

O Expresso confirmou que todos os voos efectuados em 1986 nas datas acima indicadas foram efectuados por Boeings 707 desta companhia. Relativamente a 1985, não conseguimos provas suficientes para afirmar que todos os voos transportando armamento nas datas referidas tivessem sido efectuados pela Southern Air.

A retenção de um aparelho da Southern no Aeroporto de Lisboa em Novembro de 1985, que, segundo as primeiras notícias divulgadas, se teria devido a intervenção do Governo Português, teve origem afinal, de acordo com notícias divulgadas quarta-feira pelo Washington Post, numa decisão de Oliver North. Afirma este jornal que North comunicou a Poindexter que o aparelho poderia ser desviado da sua missão original, levar armas de Lisboa para os «contras», reenviando-o para Israel, a fim de transportar mísseis para o Irão.

Benjamim Formigo e José Júdice, em Lisboa, com Tony Jenkins, em Washington

(Expresso, de 17-1-87)

MNE tem em curso medidas para evitar desvios de armas

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou ontem estarem em curso medidas que visam reduzir o risco do desvio de armamento para destinos diferentes dos registados nos documentos que o acompanham.

Esta posição surge na sequência de notícias divulgadas na imprensa nacional e estrangeira, que apontavam Portugal como ponto de passagem de armas para diversos países.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros refere «não ter sido autorizada qualquer venda de material de defesa português a organizações ota movimentos que combatem governos, internacionalmente reconhecidos, de países com os quais Portugal mantém relações diplomáticas».

«Todas as autorizações de explorações de materiaí de defesa por parte de empresas portugueses têm-se processado nos termos e no respeito das normas legais em vigor» acrescenta a nota.

O MNE salienta que «além da tutela que o Governo exerce sobre as empresas nacionais produtoras de armas e munições, controladas pelo sector público, as operações de exportação e de reexportação do referido material dependem sempre de prévia autorização governamental».

O fabrico nacional de armamento —esclarece o MNE — é constituído sobretudo por munições e equipamento ligeiro e destina-se essencialmente à exportação.

Em 1985 e 1986 foram autorizadas exportações para 42 países da Europa, América do Norte, América Latina, África e Ásia.

«O volume e o próprio tipo de material exportado — refere o MNE — configuram uma insignificante participação portuguesa no mercado internacional.»

(Diário de Notícias, de 23-1-87)

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