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20 DE ABRIL DE 1991

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PROJECTO LEI N.° 735/V

ELEVAÇÃO DA FREGUESIA DE SOUSELO A CATEGORIA DE VILA

História

A povoação de Souselo, parte integrante do concelho e comarca de Cinfães, distrito de Viseu e bispado de Lamego, está implantada nos derradeiros contrafortes da serra de Montemuro. É uma espécie de península banhada pelos rios Douro e Paiva, que a delimitam a norte, sul e poente.

A ela se referem, em suas obras, alguns escritores. Citam-na, entre outros, Pinho Leal, no Portugal Antigo e Moderno; Alberto Pimentel, no Testamento de Sangue, cujo enredo se desenvolve, aliás, junto do antigo cais de Fontelas, local de tráfego multicentenário desta freguesia, e Cunha Lobo, no Coração do Senhor Prior.

Por outro lado, o sábio etnólogo Leite de Vasconcelos, nas suas porfiadas pesquisas de investigador erudito, encontrou na Torre do Tombo um documento no qual se verifica que a terra de Souselo já era habitada em 850 da nossa era.

Nela existiu — antes disso — um mosteiro, destruído pelas hostes sarracenas de Almançor.

Terra antiquíssima, como se deduz, sob o ponto de vista folclórico e artesanal, os seus usos e costumes estavam, por assim dizer, a degradar-se e em risco de perder-se na voragem de um pseudomodernismo alienante, sobretudo a partir da 2.a Guerra Mundial, em que o tráfego rodoviário substitui, por completo, o seu congénere fluvial, usado ao longo das centúrias, por intermédio dos famosos rabelos «semaneiros» e «recoveiros» que, a partir dos cais de Fontelas e Escamarão, semalmente demandavam a cidade do Porto, ou, melhor dizendo, ao cais da Ribeira. Aí aportavam para descarregar as pipas de vinho, o milho, o azeite, a lenha e a fruta aqui produzidos e que eram permutados pelo açúcar, o arroz, as fazendas, o carboneto, importados da Invicta.

Estes produtos, levados ou trazidos dos referidos entrepostos pelas «carrejonas do rio», eram, por sua vez, daqui conduzidos pelas alimárias dos almocreves para Nespereira, Alvarenga, Cabril, Castro Daire e São Pedro do Sul, através da antiquíssima via romada, que principiava, justamente, no referido cais de Fontelas.

Na freguesia de Santo André de Souselo está incorporada, desde a reforma de 1935, a de Nossa Senhora da Natividade de Escamarão, isto é, à pristina terra de Baldemário se acrescentou, passadas 11 ou 12 centúrias, a similar de Escamário.

A povoação tem, actualmente, 4000 habitantes e 2879 eleitores.

Economia

Souselo é, logo a seguir à sede do concelho, a freguesia com maior movimento comercial.

Além de um número elevado de estabelecimentos comerciais, uma parte significativa da população dedica--se ao comércio ambulante, daí resultando uma melhoria de vida dos cidadãos, comprovada pela alta taxa de construção que se vem verificando nos últimos 15 anos.

Este crescimento, fruto do espírito de iniciativa e querer das suas gentes, demonstra à saciedade a justeza da sua pretensão.

Com uma ligação constante à cidade do Porto, para onde se deslocam diariamente largas dezenas de pessoas para colocar os produtos agrícolas, bem como para trazer de volta tudo o que necessário se torna à vida normal do cidadão, a freguesia de Souselo é, sem margem para dúvidas, uma autarquia em franco desenvolvimento.

Enquadrada num meio rural e agrícola, Souselo distingue-se pelo seu aspecto urbano, com predominância das actividades comercial, agrícola e industrial. Relativamente a esta última, muito embora o seu peso não seja tão elevado, baseia-se essencialmente na transformação de madeiras, especialmente o pinheiro-bravo, árvore com acentuada relevância nesta região.

O granito é outra das actividades em destaque na economia local. Transformado pelos artistas do cinzel, é transportado em camiões para o porto de Leixões e aí embarcado com destino a vários países europeus, especialmente a Alemanha.

Muitas das trocas comerciais realizam-se na centenária Feira do Couto, principal centro urbano desta freguesia, todos os dias 14 e 28 de cada mês, sendo a de 28 de Setembro — Feira Franca de São Miguel — uma das mais concorridas da região.

Agricultura

Enquadrada na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, Souselo produz vinhos de alta qualidade, salientado-se os brancos, considerados dos melhores, fruto do clima e exposição das suas vinhas. Não foi por acaso que o poeta João Saraiva escreveu, no seu livro Cinfantadas: «[...] Nunca lábios humanos com paixão/Em licor mais afável se molharam!». A selecção de castas e o saber, de experiência feito, do lavrador souselense faz que o saboroso néctar — único no mundo! — seja altamente apreciado por todos quantos visitam esta ridente terra.

Os pomares, o milho, a batata e o feijão são produtos que têm consumo local, não necessitando, em anos normais, de ser adquiridos fora da freguesia.

A criação de gado é outra das actividades desta região com razoável peso na economia.

Comércio

Situando-se a cerca de 50 km do principal mercado abastecedor e consumidor do Norte do País — o Porto — a apetência para negociar com esta urbe tem passado de geração em geração.

E se a primeira via foi o rio Douro, com os inúmeros barcos rabelos que diariamente demandavam a Invicta Cidade, hoje é o transporte rodoviário que permite trocas comerciais. Madeiras em bruto ou trabalhadas, granitos, frutas, vinhos e outros produtos são escoados diariamente para o Porto ou para as zonas industriais envolventes. Por outro lado, a região é abastecida regularmente com todos os produtos que a vida moderna exige. Nas pequenas, médias e grandes casas comerciais, nos supermercados ou armazenistas, encontra a população local tudo o que necessita no seu dia-a-dia. Bens alimentares, vestuário, calçado, mobiliário, electrodomésticos, materiais de construção, artigos de drogaria e papelaria, etc, satisfazem as exigências dos residentes ou visitantes. Oficinas de carpin-

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