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enlre 03 dois lados do Parlamento; e assim impossi-bilitar-nos para a discussão dos objectos de grande interesse nacional: olhado por este lado pareceu-mc õ Discurso excellente, modesto eaccommodado á situação do Paiz : ã Resposta, contendo as mesmas ide'as, exprimidas por differentes palavras, nâo podia deixar de merecer a approvação: cu declarei logo, «pie a approvava, e reservava-me somente para fazer algumas explicações sobre a especialidade. A Resposta ainda mesmo apresentada, como uma producçâo ministerial, como um programma de sessão da parte do Gabinete, ainda não acho que se desapprove: cila conforma-se com as practicas parlamentares, dá uma ide'a geral do estado do Paiz, de suas relações internas e externas, das necessidades, a que promptamente se deve obviar; não digo que um ou outro ponto não tenha sido omitlido, porque em objectos desta natureza, tão complicados, isso não admira; mas nenhum de nós está inhibido de pedir os esclarecimentos necessários. A Maioria apresentando a sua Resposta pôde nella formular o seu programma de sessão, e a Minoria, querendo apresentar qualquer Emenda, pode usar de igual direito.
A discussão de Resposta, elevada á sua verdadeira altura, não pôde deixar de comprehender a questão de confiança, queslão sempre grave e importante, como de razão; porque o Gabinete deve conhecer desde o principio da sessão a força, com que deve contar no Parlamento; o Parlamento deve avaliar devidamente a Politica Ministerial, e o Paiz deve conhecer uma cousa e outra, e nesta parte pouco ha a dizer, porque esta Administração foi absolutamente estranha á Politica', que serviu de fundamento ao discurso da Coroa: devo com Indo dizer que as medidas governativas, que lem apparectdo por parte do Gabinete, no curto período da sua existência, em geral não deixam de merecer confiança, e não posso deixar de fazer especial menção das medidas que ap-pareceram pela Repartição da Marinha a respeilo das nossas Colónias, que são as nossas esperanças, oxalá que essas medidas conseguissem o conveniente desenvolvimento e a devida execução ! • Mas, Sr. Presidenle, nesla estação polilica, verdadeiramente especial, uma oulra queslão extraordinária, accidcntal, mas gravissima pela sua natureza, gravissima pelas recentes impressões, que ainda todos sentimos, vem complicar esta discussão; fallo da questão da revolução, comprehendida no seu ponto polilico, económico e financial, e nas suas relações com a polilica da Administração, que a precedeu.
A revolução, Sr. Presidente, foi um facto immen-so, um facto respeitável que destruiu os interesses materiaes do Paiz, e ia abalando a sua organisação politica: eu também intendi, que este facto devia ser trasido a esla Tribuna, e devia ser examinado, e decomposto analyticamenle em todas as suas parles, para sabermos; se elle era absolutamente condem-navel, ou se alguma cousa leria de aproveitável, por-y que as revoluções,: sendo o ílagello com que a Providencia costuma castigar os povos, são com tudo, quando se sabe tirar do mal o bem, as que definem o eslado polilico e moral dos povos, são o juizo do passado e a tremenda lição do futuro.
Tem sido historiada a revolução, e parece-me, que a parle histórica está esgotada : espero que alguma utilidade se lenha d'aqui tirado, por se ler estabelecido a verdade dos factos, e com ella desvanecido Sessão N.° 4.
falsos preconceitos, uma opinião faclicia que delia fora de nós se havia formado. '
Pore'm, Sr. Presidente, isto r.ó não basta; a parte util de toda a queslão creio que está em definir bem o estado politico e moral dos Partidos, em determinar a natureza da revolução e suas causas. Esta é a parle filosófica, e era a que eu desejava aproveitar, porque sobre a parte histórica não sei que se possa dizer mais do que o que se tem dito. Desejaria ap-proveilal-a trazendo a discussão ao campo da razão, querendo considerar os faclos como se tivessem acontecido um século antes; porque, Sr Presidente, eu enlendo que estas questões se perdem sempre que se trazem ao campo do sentimentalismo: aqui não se discute, neste terreno aclama-se, amaldiçoa-se, mas não se julga.
Sr. Presidente, eu tenho feito uma idéa da revolução um pouco differente do que. aqui tenho ouvido. A revolução foi um facto complexo, e um faclo complexo não pôde nunca definir-se sem decompor os seus elementos Ha nelle duas épocas differentes, a revolução do Minho, e a revolução do Porto. E na primeira dois períodos muilo dislinclos. Parece-me que não se lem discriminado tanto quanlo deviam ser estes dois periodos. Na verdade na primeira época eu vejo factos isolados, faclos a que nunca liguei (confesso francamente) significação polilica. Esses primeiros faclos que começaram por um motim em roda de um cadáver, eque depois se lhe altribuiram como causa a Lei de saúde, a Lei da contribuição de repartição, e a Lei daseslradas, esses factos parecem-rae de natureza tal que não pôde ligar-se-lhes significação polilica. E parece-me que eu heide ir de accordo nesle juizo com as idéas exaradas na|Procla-mação de 6 d'Oulubro. Ora eu nâo lhe ligava significação politica, e não me vejo auctorisado para dizer como um illustre Deputado, que nesse tempo havia uma conspiração organisada; não duvido, creio até certo ponto que é verdade; mas ainda não vi demonstrado que esse facto fosse a própria expressão dessa conspiração, eeu não sigo o melhodo de raciocinar— posl hoc ergo proplcr hoc. — Houve como acabei de dizer, esses motins; mas logo depois esse movimento lomou um caracler politico, porque einfim os agitadores aproveitaram-110, souberam tirar partido desse facto.
Ouvi dizer que o movimento tinha degenerado d'economico em politico ao passar o Tejo, eu julgo que elle degenerou mesmo antes de passar o Douro; logo que esses agiladores procuraram illudir aquelles povos do Minho, elhes foram offerecer um salário que elles alé alli nâo ganhavam. (Apoiados) Mas, Sr. Presidente, tinha tenção de entrar no desenvolvimento deste ponlo, não ofaço, porque posso dizer alguma cousa que possa ser tomada como recriminação, que eu não perlendo fazer a pessoa alguma. Eu entendo que o tempo não é próprio, por isso que nós devemos seguir a indicação do Throno, levantando a bandeira da paz e ordem ; e todos os homens moderados devem cercar o Throno, e por isso nâo desejo entrar neslas consideiações.