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Sr. presidenie; umá vez qúe faliam nos generaes supranumerários, aproveitarei a occasião para responder a algumas observações que se fizeram acerca dos oíliciaes qiíe são tirados das fileiras e empregados em obras publicas, nos tele-graphos c em rail outras cousas, porque no cxercilo se acha um viveiro promplo para isso. A questão não 6 só de se saber por que capitulo do orçamento se lhe ha de pagar a estes officiaes; a questão c moslrar tambem que ha economia no nosso exercito. Os quadros do exercito devem ser os absolutamente precisos para'o serviço, e é necessário acabar Com os supranumerários dc todas as classes. Não desejo què haja supranumerários em alferes, nem cm tenente, nem cm capitão; qiiero' que naja quadros: que estejam completos, que a elles sc não Vá buscar indivíduos para empregar cm obras publicas ou cm outra qualquer cousa, porque isso prejudica o exefrlttr 6 fez sobrecarregar o Serviço militar nos outros officiaes; calein d'issò, sendo o primeiro trabalho do official, o exercicio, a manobra, a disciplina ea pratica de lidar com os soldados, quando oá officiaes de fileira se empregam em trabalhos públicos, no estado maior ou em Outras commissões onde vão seguindo os postos, voltam ao exercito, quando nãO sabem o que é o serviço ; perdem o habito do serviço militar, e não serão capazes de commandar um batalhão, se tiverem nm dia que commandar.
Ora, Sr. presidente, se ha duzentos c tantos officiaes fóra dos quadros a trabalhar em differentes occíijjações, segue-se que regressando ao exercito esses duzentos e tantos oíliciaes. deviam acabar duzentos c tantos supranumerários que lá estavam. Se esses officiaes são competentes para obras publicas osr. ministro da guerra pôde lirã los do exercito, com tanto que não prrjndiqticm os seus camaradas nem obriguem os poderes públicos a tér que votar uma verba para os supranumerários como se não houvesse officiaes sufficientes para fazer o serviço. Não mc demorarei mais sobre esle ponto, e passo a óccupnr-me de outra cousa.
O Sr. minislro da guerra' disse =que o deposito de cavallaria é uma cousa' necessária para o exercito- ...
O sr. Pinto da França: — Apoiado.
O sr. Cantara Leme: — Apoiado, apoiado.
O Orador: — Dois distinclos officiaes a que eu considero e respeilo com muita affeição acabam de apoiar, c eu peço-Ihes que me permitiam que conteste os seus apoiados. O depósito de cavallaria é nma cousa necessária quando ha um exercito grande, mas n'um exercilo pequeno c quando não ha dois córpoS qitè trabalhem da mesma maneira é um absurdo. Demais, sr. presidente, o deposito de cavallaria entrenós 6 o refugo dos cavallos arruinados dos corpos dè cavallaria; então é uma verba inútil.
O deposito de cavallaria seria muito preciso quando os officiaes dc cavallaria fossem obrigados a ir a esse deposito aprender o exercicio c a manobra, e a uniformidadedo serviço, que depois deveriam vir executar nos seus regimentos; mas como ellecstá estabelecido não serve para cousa alguma.
Também sè creou um deposito de infanteria ém Mafra; foi um capricho vão, uma illegalidadé que trouxe uma carnificina, que matou immensos cidadãos, mostrando a fatalidade que persegue ò exercito, o que fez augmentar na opinião publica o odio qne já havia á vida mililar e que fez aos mancebos recrutados receiarem o serviço das armas para que fizeram o sacrifício á sua pátria, e que foram ali encurralados, aliás com muito boas intenções, mas muilos estão com a sua saude estragada, fóra muilos outros que d'ali passaram para os' cemitérios.
Sr. presidente, concordo nos depósitos, mas é preciso que elles sejam quando o exercito for mais completo c numeroso do que hoje, ou quando a guerra nos obrigar; hoje não temos necessidade d'isso.
Sr. presidente, eu não posso deixar de chamar a allenção do sr. minislro da guerra para o estado das repartições e pertences do seu ministerio. Volou-se ha um anno uma somma para se comprar dezoito mil armas, que eram sufficientes para o exercito de Portugal, c hoje disse o sr. ministro da guerra que ha já treze mil, e estão á ésperà das outras;
nós não lemos mais que dezoito mil homens em àrniás'; com as dezoito mil armas que se encommendarairi. o exercito de primeira linha tem armas, c parecia-me que já cá deviam estar as dezoito mil armas; mas nós lemos muito boas armas, talvez mais dc trinta mil; e havendo uma repartição bem montada, poderiam arranjar-se essas armas para qualquer força de secunda linha e não irmos agora fazer despezas inúteis; quando precisámos do dinheiro' para muitas cousas.
Tambem desejo artilheria raiada, mas Deus queira que a tenhamos mais segura do quo aquella què desappareceu dò arsenal dd exercito; que a tenhamos pelo meio que os outros as lêem, C nãò manda-las comprar la" fóra. Para prova do maíi estado das repartições publicas c o que succedéu' rio nosso arsenal do exercito, d'ond.e sc roubaram vinte pecas dè artilheria sem até hoje serem castigados os roubadores, nem os compradores dYssc roubo, tendo partido algumas das peças pela barra fóra para Marselha; no tempo cm que aqui esteve o celebre Charles et George, e peças vendidas por portuguezes aios estrangeiros que nos vinham injuriar!
Ora quando as repartições públicas estão n'este estado c preciso emenda-las, reforma-las c aperfeiçoa-las antes de nos pedirem1 dinheiro,
Quando esteve o deposito cm Mafra precisou-se dc calçado para os recrutas, e mandou-se buscar a toda a pressa a Inglaterra c depois encontraram-se no arsenal do exercito dois mil pares perdidos! Eu noto islo pára que se veja o eslado das repartições do ministério da guerra, e isto pará que nòs não peçam dinheiro pará set esbanjado ho fiilurò.
O sr. ministro lambem1 nos disse que nós não podeiriôs ser nação muito grande, concordo, mas como não temos de ser nação mililar temos de nos arranjar; como sè costuma' dizer, com a prata dc casa e para que não aconteça ò mesmo' que ácbríteòcn cóm ,1 tal artilheria que fugiu do arsenal, sendo reformado o tal sargento, e pegaram em cinco galle-gos e metteram-se no CàrmO por cinco dias illegalmentè.
Concordo com o sr. ministro de que sobre a artilheria ainda .1 sciencia não deu a sua ultima palavra ; esperemos por cila, pára sè não fazer mais despeza.
Uma oulra bellezá de uma nossa repartição publica. Quiz-se mandar uma força para a Africa, c coro vergonha o digo, custou muito a ir, c a maior parte d'clla não saiu ainda do Tejo', nem mc persuado de que partirá, c admiro-me de hão ouvir já fallar o illuslre deputado o sr. Affonseca grilando contra similhante facto, c conlra a precipitação da nomeação do commandante qúe para lá foi. (O sr. Affonseca:—Peço a palavra.) Estimo muito, porque lenho muito gosto cm ouvir o illustre deputado; mas como dizia, foi necessário arranjar carluxamc para as armas á minié, que essa foréá levava; fez-se um carluxame que não cabia na boca dás armas, ou era de oulro adarme, e parece-me que o modo mais simples de resolver a questão foi recolher essas armas e mandar as velhas.
Sr. presidente, o sr. ministro, como mililar dislincto que é, ha de reconhecer que uma das mudanças que se fez n'esta terra, qne foi a do commissariado, não se tem tirado vantagem nenhuma'; não é possivel pôr um corpo em campanha com o systema que hoje temos, o deixar de existir o commissariado em quatro annos prejudicou a fazenda cm mais de 20():000$>000; o commissariado é tão preciso como qualquer repartição no tempo de guerra; e eu não sei se o commissariado no tempo da guerra^peninsular e em outras crises fratitidas que tèem tido logar, deixou de fazer grandes serviços ao exercito. Creio que as fez.
Oulra cousa com qúe tambem se acabou, eram os inspectores gora es da revista, o que produziam óptimos resultados; as revistas eram tacs que faziam voltar ao lhesouro muitas vezes sommas não pequenas.