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8 DIARIO DA CAMABA DOS SENHORES DEPUTADOS

poderia ser agradavel para s, exa. Ninguem lh'a communicou então; o por isso só agora tem occasião de a repudiar, dando assim a devida explicação a s. exa.

Referindo-se depois á nota de interpellação annunciada pelo sr. Pereira dos Santos sobre as obras der porto de Lisboa, assegura ao illustre deputado que está sempre ás suas ordens. E para que essa discussão seja perfeita e completa, mandou já fornecer a s. exa. um gabinete do ministerio das obras publicas, para onde remetteu todos os documentos referentes ao assumpto, a fim de que o sr. deputado possa estudal-os devidamente e depois precisar as suas accusações.

Como s. exa. vê, elle, orador, porque muito o preza e estima, procura sempre ser-lhe agradavel; mas s. exa. é que anda este anão tão mal humorado com o ministro das obras publicas, que procura sempre ensejo para é censurar.

E esse mau humor levou-o até a critical-o por haver procurado melhorar a situação dos empregradds telegrapho-postaes que, como todos reconhecem, por uma diminuta remuneração, prestam um serviço penosissimo.

Terminando, diz que não vê rasão para que á proposta de lei partisse do sr. ministro da marinha; alem de que, tratando-se de uma receita do estado, tanto importa que ella seja adquirida por um, como por outro ministro, visto que o thesouro é um só.

(O discurso do illustre ministro será publicado na integra, logo que devolva as respectivas notas tachygraphicas.)

O sr. Ressano Garcia: - Por parte da commissão de fazenda mando para a mesa a seguinte

Proposta

Por parte da commissão de fazenda proponho que sejam aggregados a essa commissão os illustres deputados srs. Adriano Anthero e Queiroz Ribeiro. - Frederico Ressano Garcia.

Foi approvada.

O sr. Pereira dos Santos: - Confessa-se embaraçado ao ter de responder ao sr. ministro das obras publicas, em presença de tantas amabilidades que: s. exa. lhe dirigiu; no emtanto, como ao entrar n'esta sala esquece os amigos para só ver o deputado ou o ministro vae, como souber e poder, responder a s. exa.

Antes, porem, de o fazer, precisa explicarão que é o tal mau humor a que se referiu o sr. ministro.

Esse estado de espirito, crê elle, orador, que é attribuido por s. exa. ao facto de ter tomado, elle, orador, este anno uma parte mais activa nos trabalhos parlamentares.

Tem este facto a seguinte explicação:

Até agora tinha vindo sempre á camara, votando sim no seu nome, o partido regenerador, mas independentemente da influencia da direcção do partido; agora, porem, que a circumscripção do seu circulo foi alterada, succedeu o contrario, e elle, orador, deve a sua eleição ao partido.

N'estas condições, julga-se obrigado a, mais activamente, lhe prestar o seu concurso, e tendo de o fazer, não podia deixar de escolher o ministro das obras publicas, que opor onde, na sua opinião, se têem praticada mais irregularidades.

Explicado por esta fórma o tal mau humor a que s. exa. se referiu, resta-lhe ainda explicar as palavras de elogio que dirigiu ao sr. ministro, no começo do seu discurso, e que s. exa. lhe agradeceu.

Essas palavras referiam-se ao discurso que s. exa. proferiu antes da ordem do dia, e que elle, orador, qualificou de brilhante.

Estranhou que, em resposta a um discurso, perto e despretencioso, do sr. Mello e Sousa, embora substancioso, s. exa. respondesse largamente e, pensando no- caso, lembrou-se de que não tendo ainda s. exa. produzido nada em favor da agricultura, alguma cousa quiz agora fazer, e n'esse intuito, produziu então um brilhante discurso.

Entrando, em seguida, no assumpto, não contradiz a affirmação do sr. ministro de que o governo inglez não exerceu influencia para a celebração d'este contrato, mas o que diz é que o governo inglez evidentemente havia de ter empenho em que se fizesse este cabo de preferencia ao do Canadá.

Com respeito aos prejuizos que hlo resultar para a "West" e para a "South African Telegraph" insiste no que primeiro dissera, accrescentando que, relativamente á África occidental, o thesouro portuguez seria prejudicado, desde que os telegrammas d'essa parte da África, em vez de serem dirigidos para Portugal directamente, o fossem por via Londres.

E, depois de outras observações, termina dizendo, que não affirmou que os empregados telegraphos-postaes não mereçam melhor remuneração, mas sim que todas as receitas devem entrar no orçamento e que só depois de balanceadas com as despezas é que devem ser distribuidas.

Apresenta, por ultimo, a seguinte

Moção

Proponho que o § unico da clausula 2.ª seja transferido para a clausula 5.ª = J. Gr. Pereira dos Santos.

Foi admittida, ficando em discussão juntamente com o projecto.

(O discurso será publicado na integra quando s. exa. o restituir.)

O sr. Arthtir Perdigão (relator): - Sr. presidente, vou responder ao illustre deputado, sr. Pereira dos Santos, e espero não cançar por muito tempo a attenção da camara, porque s. exa. pouco se referiu ao cabo submarino de que trata o projecto em discussão.

Antes, porem, de entrar no assumpto, permitta-me, v. exa. que eu me refira ás primeiras considerações por s. exa. feitas.

S. exa. começou por dizer que tendo, por differentes circumstancias, sido alterada a circumscripção do seu circulo, se vira obrigado, pela primeira vez na sua vida parlamentar, a acceitar a coadjuvação do seu partido para vir á camara, e que esse facto p obrigava a occupar-se mais assiduamente dos trabalhos parlamentares.

Julgo, sr. presidente, que o paiz tem muito a lucrar em que um homem de valor e do talento do illustre deputado se occupe das importantes questões que têem de discutir-se no parlamento.

Se pessoalmente foi pouco agradavel a s. exa. o facto a que alludiu, devemos felicitar-nos de que d'ahi resulte para o paiz a garantia da sua cooperação e do seu estudo mais assiduo no exame dos negocios publicos.

Em seguida occupou-se s. exa. de um assumpto a que peço licença para não responder, porque nada tem com o projecto em discussão.

Relativamente ao cabo, referiu-se s. exa. outra vez á questão do traçado.

Havia effectivamente dois projectos que tinham de com-mum a secção entre a ilha da Ascensão e a colonia do Cabo, passando pela ilha: de Santa Helena.

A outra secção, entre a Inglaterra e a ilha da Ascensão, poderia seguir pela Madeira e S. Vicente ou Gibraltar e Serra Leoa.

Como v. exa. sabe, esta questão foi largamente debatida em Inglaterra.

Uma parte, senão todo, o partido imperialista, insistia fortemente pelo traçado exclusivamente inglez.

Os interessados na poderosa companhia que se propunha estabelecer o caho, defendiam- o traçado anglo-portuguez, por ser de construcção mais economica e é de exploração mais facil.

O governo inglez, sem se pronunciar cathegoricamente, dava comtudo manifesta preferencia ao primeiro projecto, embora se não recusasse a acceitar o segundo.