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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

tes, como ousaes, governo e maioria, lançar sobre nós a responsabilidade da discussão prolongada sobre a falla do throno?! (Muitos apoiados.) Porque não abreviastes a luta que aqui se travou? (Apoiados.)

A que proposito vem pois estes exagerados enthusiasmos, estas coartadas violentas, estas apostrophes imprudentes do sr. presidente do conselho? O illustre ministro e notavel parlamentar está de uma infelicidade a toda a prova. Às suas contradicções enfiam-se umas nas outras. Não lhe contesto a eloquencia, a energia do seu verbo, o vigor das suas apostrophes, e a habilidade inexcedivel para ferir a corda sensivel das suas massas, e destapar uma repreza de apoiados; (riso. — Apoiados.) mas na logica das idéas, na argumentação, na coherencia dos principios, são deploraveis os seus desvios, são surprehendentes as suas contradicções (muitos apoiados).

Sr. presidente (com muita vehemencia) a culpa de não estar adiantada a discussão das medidas de fazenda é toda do governo (muitos apoiados). A culpa em que nós encorremos, o peccado que nós commettemos, foi em obedecer tacitamente aos desejos do governo (apoiados), ao qual convinha que se prorogasse a luta politica, por não haver medidas de fazenda ou de administração a discutir (muitos apoiados). Esta é que é a verdade (muitos apoiados).

Se nós preferissemos a politica partidaria aos creditos do systema representativo, encurtariamos os nossos discursos ou não teriamos encetado a discussão, e obrigariamos o governo a adiar as côrtes por alguns dias, ou a vir para aqui todos os dias a camara, sem um simples assumpto saído das commissões, para alimentar a actividade febril d'estes incansaveis reformadores, que já condemnaram ao limbo todas as suas reformas (muitos apoiados). Onde estão os trabalhos d'essas commissões, tão ministeriaes, tão sinceras amigas do governo, tão leaes cooperadoras da sua politica e da sua administração? (Muitos apoiados.)

Ainda na ultima sessão, o sr. deputado Barros e Cunha perguntou a V. ex.ª se havia na mesa alguma medida de fazenda para a ordem do dia immediato, e V. ex.ª respondeu-lhe negativamente (apoiados).

Por consequencia não venham lançar poeira nos olhos do paiz (apoiados). Não queiram endossar á opposição responsabilidades que lho não tocam e são só do governo. As commissões não trabalham (apoiados). Os projectos não se apromptam, e os mais importantes ainda não têem relatores (muitos apoiados). Porque não trazem aqui o projecto mirifico do accordo com o banco de Portugal? (Apoiados.) Porque não apparece o projecto immortal do real d'agua? Porque não vem desde já as pautas?

A politica d'este governo é com toda a certeza sem precedentes nos fastos parlamentares do nosso paiz.

Apresenta-se uma providencia tributaria, para substituir outra; desacredita-se esta, que está ainda em vigor; tira-se toda a força moral á legislação vigente; ensinam-se os povos a rebellarem-se contra o imposto, que o governo taxa officialmente de vexatorio e iniquo; e por fim a medida nova não emerge das commissões, não tem licença para transpor o limiar d'esta casa, e a velha agonisa por esse paiz, desacreditada pelos seus progenitores, e desamparada por todos os que propiciaram a aurora do seu radioso advento.

A lei de 13 de maio de 1872 foi exautorada e morta por este governo. A receita que d'ella havia a esperar está toda compromettida. Os povos não pagam; os povos não manifestarão; os povos não pagarão o real d'agua, porque o governo declarou na camara a lei iniqua, oppressiva e attentatoria dos interesses da nação (muitos apoiados).

Sr. presidente, quanto ás pautas, ou não entram aqui, ou chegarão cá mutiladas, e completamente desfiguradas (apoiados).

Por conseguinte, sendo estas as principaes propostas a discutir, pergunto eu: onde estão? Estão no limbo das commissões (muitos apoiados).

Não imagine o sr. ministro da guerra que, com as provocações que fez hoje á opposição, nos afasta da nossa linha de conducta. Está equivocado (apoiados). Havemos de continuar, como até aqui, no nosso posto, e usando do nosso direito como nos convier (apoiados).

Agora o que eu digo solemnemente ao governo, é que, se elle continuar com o seu systema de ardis e imprudencias, ha de comprometter infallivelmente as instituições, que diz proteger, e que não tem mais a peito que nós, fortalecer no presente, e assegurar no futuro (muitos apoiados).

Sr. presidente, as instituições monarchicas, hoje, só se podem salvar pelo accordo e apoio de toda a nação (muitos apoiados).

Esta é a these que eu sustento aqui.

Não colloquem o Rei á frente de um partido; porque dão com a dynastia no chão (muitos apoiados).

Leiam e aprendam na historia. Olhem para a França e para a Hespanha. Attentem nos acontecimentos recentes de alguns povos (muitos apoiados).

Não se fiem os reis nas enganadoras promessas dos seus aulicos, porque não é raro, que sejam elles os primeiros a abandona-los, ou a atraiçoa-los (muitos apoiados). Não faço allusões pessoaes a ninguem. Aponto para as lições irrefutaveis da historia (apoiados).

Sr. presidente, tenham prudencia os amigos do governo. Não ponham na bôca do Rei palavras, que elle não póde pronunciar, palavras que elle não é capaz de pronunciar! Faço-lhe essa justiça (muitos apoiados). El-Rei não é capaz de dizer, que a sua dynastia só está segura com o actual ministerio. Não póde ser (apoiados). Isto é um grande perigo. É um insulto feito aos partidos da opposição, é uma terrivel provocação atirada ás faces da nação (muitos apoiados).

Eu rogo, em nome da causa publica, aos amigos levianos dos srs. ministros, que não repitam similhantes phrases que foram propaladas em logares publicos, que ouvi e que para as confirmar posso invocar o nome de doze ou quatorze testemunhas dentro d'esta casa.

O sr. Barão do Rio Zezere: — Isso é mentira.

(Muito susurro.)

O Orador (com vehemencia): — Sr. presidente, exijo, que V. ex.ª obrigue aquelle senhor a retirar a expressão, que acaba de proferir (muitos apoiados).

(Interrupção do sr. Barão do Rio Zezere.)

V. ex.ª ha de retirar a palavra mentira (muitos apoiados).

(Muita agitação na camara.)

O sr. Barão do Rio Zezere: — Peço a palavra.

O sr. Presidente: — Está levantada a sessão por meia hora.

Eram tres horas e vinte minutos da tarde.

Meia hora depois disse

O sr. Presidente: — Continua a sessão.

O sr. Barão do Rio Zezere: — Peço a palavra.

O sr. Presidente: — O sr. Santos e Silva ainda não acabou o seu discurso; mas se O sr. deputado permitte dou a palavra ao sr. barão do Rio Zezere.

O sr. Santos e Silva: — Não tenho duvida alguma n'isso.

O sr. Presidente: — Tem a palavra o sr. barão do Rio Zezere.

O sr. Barão do Rio Zezere: — Pensei que o sr. deputado tinha acabado o seu discurso, e por isso pedi a palavra.

A camara ha de fazer-me a justiça de acreditar que eu a respeito (muitos apoiados). Quando usei ha pouco d'aquella expressão não era de certo para a camara, nem para a offender (apoiados).

O sr. deputado que estava com a palavra disse, permitta-se a phrase, inconveniencias; disse que a maioria, ou os amigos do governo, andavam a propalar certos boatos. Eu disse que não era exacto. Torno a declarar: a phrase não era de certo para a camara. E toda a vez que