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peior. Todavia tocaram-se dois pontos, que no meu modo de ver não podem deixar de ser rebatidos.

Eu admitto, como excepção, a necessidade que em certas circumstancias possa haver, de que a opinião de um Ministro qualquer sobre uma discussão importante mereça e deva ser impressa por extenso; mas nesse caso o Ministro tem á sua disposição os meios de alterar essa regra estabeledida; mas o que me parece uma anomalia é apresentarem-se discursos dos Srs. Ministros por extenso, e não só dos Srs. Ministros, mas mesmo de alguns Srs. Deputados, ao passo que de outros se não diz nada ou quasi nada; e isto em vez de produzir o effeito que se deve ter em vista, produz um effeito contrario, porque se vê a maior parte das vezes nesses longos discursos respostas a pontos que se vâo procurar ao discurso do Deputado que fez as perguntas, e não se encontram lá; e então uma de duas: ou o orador responde ao que se lhe não perguntou, ou o que o Deputado disse não se publicou.

E demais, Sr. Presidente, eu entendo que é necessario que o Diario do Governo preencha entre nós o mesmo fim que preenche em França o Jornal o Moniteur, que é o que tracta da principal discussão das Camaras, que todos lêem, e que é o que se consulta sempre, quando é necessario saber o que se passou n'uma ou n'outta sessão. E não se diga que o nosso Diario das Côrtes preenche este mesmo fim, por que não tem o caracter periodico que tem o Diario do Governo, e o Diario do Governo quanto mais se aproximar ao Moniteur francez na publicidade das sessões das Camaras, melhor terá chegado ao seu resultado.

Por consequencia entendo que é parecer da commissão esta no caso de ser approvado, porque preenche este fim, e honra seja á illustre commissão que o apresentou. Ha uma cousa só a deplorar, e vem a ser que isto se apresentasse quasi no fim do tempo que a sessão deve durar; mas isto acontece a respeito de outros casos mais importantes, e mostra o estado inqualificavel em que nós estamos. Quando temos já quasi tres mezes de sessão, é que apparece o empenho na publicidade das discussões!

O outro ponto importante é o que apresentou o illustre Deputado pelo Douro. S. S.ª disse que não entendia como se havia de commetter este trabalho á repartição tachygtafica, para que ella o superintendesse. Ora o illustre Deputado não viu esta questão como devia ver; essa questão de hierarchia e a mais triste pertenção que se póde ter. Sabe o illustre Deputado a razão porque esta arte não tem chegado á perfeição a que podia e devia chegar? E em consequencia dessa hierarchia que se quer ter sobre ella, e a nenhuma importancia que se lhe tem querido dar, e, Sr. Presidente, a importancia esta no merecimento pessoal dos individuos, e quem quizer o serviço bem feito, quando se der esse merecimento, ha de honrar esses individuos, e não dizer-lhes- sois indignos de preencher esse encargo. O illustre Deputado de certo não attendeu bem a isto, mas este é o ponto principal Sabe o illustre Deputado porque essa repartição não melhora, nem tem melhorado? É porque vós com a vossa hierarchia desviaes do seu zêlo esses individuos. Essa repartição é uma repartição muito importante; não pense o illustre Deputado que os individuos que se dedicam a esse ramo, se dedicam a um officio puramente mecanico; carecem de muita intelligencia e de muita illustração para bem desempenhar esse logar; e eu não conheço nada mais nobre do que essa illustração dada pela intelligencia. Sr. Presidente, e muito facil nomear um bom empregado por um decreto, mas fazer um tachygrafo por um decreto e impossivel; carece de muitas habilitações que podem ser despensaveis n'outro qualquer emprego.

Não se diga pois, que não se sabe como a repartição tachygrafica ha de dirigir estes trabalhos; para o fazerem são habeis, para o dirigirem, não Senhor! Outros tenham a honra, e elles o trabalho! Soldados deste trabalho ide morrer no campo, e fiquem os louros para os chefes que não vão lá!...

E, Sr. Presidente, na occasião em que por aí apparece tanta mocidade esclarecida, que se póde dedicar a esta importante arte, é que se quer desconsideral-a, e o illustre Deputado desconsidera-a, não porque lhe desconheça o merecimento, mas porque não quer que a repartição tachygrafica da Camara dos Deputados fique encarregada do extracto das sessões, que se deve publicar no Diario do Governo, porque a repartição tachygrafica esta debaixo da direcção da secretaria da Camara, como se isto tivesse a força de um argumento!

Foi consequencia creio que tenho dicto quanto é sufficiente sobre este ponto, e concluo approvando o Projecto, porque entendo que elle preenche o fim que se tem em vista, que é a maior publicidade possivel das nossas sessões, com a devida imparcialidade. (Apoiados)

O Sr. J.I. Guedes; — Sr. Presidente, depois dos oradores que tem fallado a favor do projecto nada tenho que accrescentar para combater os argumentos do illustre Deputado que o impugnou; e por isso occuparei muito pouco tempo á Camara, para dizer a maneira porque a commissão se dirigiu neste encargo.

Sr. Presidente, a Camara depois de convencida da necessidade de dar publicidade aos discursos aqui pronunciados, por ver que os extractos das sessões não eram extractos, e que eram feitos com tal parcialidade que de alguns oradores que fallavam muito pouco tempo apparecia um grande extracto, ao passo que d'outros, que fallavam por muitas horas appare-cia-lhe quasi nada, e a outros nem os nomes se indicavam, adoptou o meio, de nomear uma commissão, para propôr os meios de remediar estes inconvenientes. Esta commissão que foi proposta por mim, e de que eu faço parte, o primeiro pensamento que teve foi dividir este trabalho, querendo que alguns tachygrafos fossem encarregados do trabalho das sessões, e outros do trabalho dos extractos; mas taes obstaculos se encontraram, que depois de muitas considerações vimo-nos na necessidade de abandonar por ora este meio, e viemos a este accordo, não nos parecendo de maneira nenhuma necessario que interviesse nisto a secretaria da Camara, e não julgue o illustre Deputado que não foi essa a idéia ponderada pela Commissão, mas foi rejeitada como inutil, e como desnecessaria não só como inutil e desnecessaria, mas como prejudicial.

O illustre Deputado o Sr. Carlos Bento acabou de expor as inconveniencias que haveria nisso. A secretaria da Camara tem a empreza do Diario da Camara, e se foi mos agora encarregar a mesma secretaria do Trabalho da stenografia, ella tem de o attribuir aos mesmos individuos, e escuso de tirar a con-