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50 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

possa reger a cadeira de direito commercial na universidade.

Peço a v. exa. que de a estas propostas o devido destino.

Por ultimo, participo a v. exa. e á camara, que Sua Majestade El-Rei receberá a deputação que lhe ha de apresentar a mensagem de resposta ao discurso da coroa, amanhã, quinta feira, pelas duas horas da tarde.

(O orador não reviu.)

O sr. Presidente: - Os dignos pares que fazem parte da deputação que ha de apresentar a El-Rei a resposta ao discurso da corôa serão avisados da hora em que Sua Magestade recebe a mesma deputação.

Vão ler-se agora as propostas que o sr. ministro da justiça acaba de mandar para a mesa.

Leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Senhores. - Representando o reitor da universidade de Coimbra que se torna muito sensivel e inconveniente para o regular funccionamento da regencia da cadeira commercial a falta do seu lente cathedratico, dr. José Joaquim Fernandes Vaz, que por ser digno par do reino não póde, sem auctorisação especial da camara, e por esta se achar aberta, continuar na regencia da referida cadeira: tenho a honra de pedir á camara dos dignos pares do reino que, a bem do serviço, se digne auctorisar o digno par dr. José Joaquim Fernandes Vaz a continuar na regencia da cadeira commercial da universidade de Coimbra.

Secretaria d'estado dos negocios do reino, em 29 de janeiro de 1896. = João Ferreira Franco Pinto Castello Branco.

O sr. Presidente: - Tenho algumas duvidas sobre o conceder-se esta auctorisação, visto que o digno par sr. Fernandes Vaz não reside em Lisboa.

For isso, eu não submetto a proposta á votação, e vae ella ser enviada á commissão de legislação.

Em seguida leu-se na mesa a seguinte:

Proposta

Senhores. - Em conformidade com o disposto no artigo 3.° do primeiro acto addicional a carta constitucional da monarchia, o governo pede á camara dos dignos pares ao reino permissão para que os seus membros abaixo mencionados, accumulem, querendo, o exercicio das func-ç5es legislativas com o das suas commissões:

Antonio José de Barros e Sá, juiz relator do supremo conselho de justiça militar;

Carlos Augusto Palmeirim, coronel de artilheria, tenente governador da praça de Monsanto;

Conde do Bomfim, coronel de cavallaria, defensor officioso no supremo conselho de justiça militar;

Conde de S. Januario, general de brigada, commandante geral do corpo do estado maior;

Francisco Maria da Cunha, commandante da escola do exercito;

Marino João Franzini, coronel do corpo do estado maior, vogal da commissão superior de guerra;

Marquez de Fontes Pereira de Mello, major de engenheria sub-inspector das fortificações de Lisboa.

Secretaria d'estado dos negocios da guerra, em 11 de janeiro de 1896. = Luiz Augusto Pimentel Pinto.

Foi approvada.

O sr. Arthur Hintze Ribeiro (por parte da commissão do ultramar): - Pedi a palavra para participar a v. exa. e á camara que a commissão do ultramar se reuniu e ficou constituida, tendo escolhido o digno par sr. Costa e Silva para presidente, e a mim para secretario.

Leu-se na mesa a seguinte:

Participação

Illmo. E exmo. Sr. - Communico a v. exa. que, tendo-se reunido a commissão do ultramar, ficou constituida, sendo escolhido para presidente o conselheiro Francisco Joaquim da Costa e Silva e para secretario o abaixo assignado.

Sou, com toda a consideração, de v. exa. muito attento e venerador = Arthur Hintze Ribeiro.

O sr. Conde de Bertiandos (por parte da commissão dos negocios ecclesiasticos): - Mando para a mesa uma declaração de que está constituida a commissão dos negocios ecclesiasticos, tendo escolhido o sr. arcebispo de Evora para seu presidente, e a mim para secretario.

Leu-se na mesa e é a seguinte:

Participação

Tenho a honra de communicar á mesa da camara dos dignos pares, que está constituida a commissão dos negocios ecclesiasticos, tendo sido escolhido para presidente o exmo. e revmo. sr. arcebispo de Evora, e para secretario eu, participante.

Sala das sessões, 29 de janeiro de 1896.= Conde de Bertiandos.

O sr. Margiochi: - Sr. presidente, como não assisti á sessão em que se votou o projecto de resposta ao discurso da coroa, pedi a palavra para declarar que, se tivesse estado presente n'essa sessão, teria votado o referido projecto tal qual elle foi apresentado pela commissão, e a camara approvou.

Agora v. exa. e a camara permittir me-hão que eu faça uso da palavra para um assumpto muito diverso.

Sr. presidente, a camara dos dignos pares numa das suas ultimas sessões exaltou os meritos e serviços dos nossos bravos expedicionarios.

Enalteceu os trabalhos dos nossos valentes soldados e marinheiros que, em Africa, tanto levantaram o prestigio da bandeira portugueza e tanto engrandeceram o nome de Portugal.

Tambem a camara lançou no livro das actas um voto de sentimento por aquelles que morreram em campanha, ou em resultado da campanha.

Mais tarde, em uma outra sessão, a camara consignou na acta respectiva um voto de sentimento pelos dignos pares que falleceram no interregno parlamentar.

Permitta-me a camara que eu submetta á sua elevada consideração uma proposta que vou justificar com algumas palavras.

Falleceu tambem no interregno parlamentar um homem, que não era portuguez, mas que, pela excepcional importancia dos seus serviços, pertencia á humanidade inteira.

O sr. Agostinho de Ornellas: - Apoiado.

O Orador: - Refiro-me ao sabio Pasteur.

Parece-me que a camara se honrará, consignando na acta d'esta sessão um voto de sentimento pela morte d'aquelle homem tão illustre, um verdadeiro benemerito, um bem-feitor da humanidade, certamente o maior homem do seculo XIX.

Luiz Pasteur, que nasceu em berço humilde, elevou-se, pelo seu saber, a uma altura verdadeiramente extraordinaria.

Elevou-se pelos seus meritos proprios. Foi um sabio que, assimilando toda a sciencia das gerações passadas, se tornou creador de uma sciencia nova.

Não se engrandeceu prejudicando ninguem; não se engrandeceu á custa dos despojos de nenhumas victimas. Engrandeceu-se com o seu proprio esforço, engrandeceu-se pelo seu saber extraordinario, que assombrou o mundo; engrandeceu-se produzindo trabalhos de verdadeira utilidade, e que representam para a humanidade um grande thesouro em relação ao seu bem estar, á sua saude, á sua riqueza.