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I SÉRIE — NÚMERO 83

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No dia-a-dia, os utentes sentem as consequências do pacto de agressão e das políticas de destruição do

Serviço Nacional de Saúde: são a falta de medicamentos; a falta de material clínico; o aumento dos doentes

internados em macas pelos corredores das urgências; os elevados tempos de espera nas urgências; a

redução do número de trabalhadores e a retirada dos seus direitos; a falta de condições de trabalho para os

profissionais de saúde ou o aumento das listas de espera para consultas, exames e cirurgias.

Ao PCP chegam inúmeros relatos de utentes e de profissionais de saúde denunciando as situações

confrangedoras em que funcionam os hospitais. Certamente, não serão só do conhecimento do PCP,…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … o PSD, o CDS-PP e também o Governo conhecê-las-ão. Mas, caso

queiram aprofundá-las, passamos a descrever alguns exemplos concretos do País real.

É frequente a falta de material clínico diverso, como luvas, seringas, adesivos ou compressas nos

hospitais, chegando mesmo, por vezes, ao ponto de não terem lençóis nem cobertores. Por exemplo, a falta

de compressas no Hospital Garcia de Orta ia levando ao adiamento de cirurgias, e só foi colmatada porque o

hospital da Amadora as dispensou.

Quanto aos medicamentos, a farmácia do Centro Hospitalar de Coimbra já não disponibiliza um

medicamento antirretroviral para os doentes com VIH/SIDA, e as ruturas de stock no Hospital do Barlavento

Algarvio obrigam os doentes a deslocarem-se mais vezes ou a alterarem o antirretroviral para outro, que

poderá não ser o mais adequado.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — O Hospital de Faro passou a racionalizar a dispensa dos medicamentos

oncológicos semanal ou bimensalmente, implicando mais deslocações e custos acrescidos aos doentes.

O acesso aos medicamentos biológicos ou órfãos é cada vez mais restritivo, havendo hospitais que não os

fornecem ou reduzem a dosagem. Por vezes, os doentes com artrite reumatoide percorrem mais de 100 km

para levantarem o medicamento noutro hospital, porque o da sua área de residência não o disponibiliza; os

doentes com esclerose múltipla acompanhados no Hospital de Braga — mas poder-se-á estender aos Centros

Hospitalares de Vila Nova de Gaia/Espinho, do Nordeste, e de Trás-os-Montes e Alto Douro — têm acesso a

um só medicamento, independentemente do estado de evolução da doença.

A muitos hospitais regressaram os internamentos de doentes em macas nos corredores, como ocorre no

Hospital de Santa Maria, tendo-se também deixado de garantir o transporte após atribuição de alta, mesmo

para doentes amputados, como no Hospital Garcia de Orta.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma vergonha!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Este hospital decidiu criar um sistema de quotas para a atribuição de 17

altas diárias, embora tenha vindo apressadamente a público justificar que tinha sido um lapso. Estranhamos

que um lapso desta natureza tenha circulado para todos os trabalhadores!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Dada a carência de pessoal, o Hospital de Faro suspendeu a realização de

mamografias e de ecografias mamárias, substituindo estas últimas por consultas.

A falta de médicos nas urgências do hospital de Guimarães tem reflexos nos elevados tempos de espera,

que podem atingir as 15 horas.

O hospital do Barreiro-Montijo retirou a ceia aos auxiliares, aos enfermeiros e aos médicos, deteriorando as

suas condições de trabalho. Aliás, está marcada para hoje mesmo uma ação de luta destes trabalhadores, que

defendem os seus direitos e não se submetem às imposições do Governo. Mas esta é uma medida de

austeridade que o Governo implementou e vai aplicar a todos os hospitais.

Estes exemplos evidenciam o fracasso da política do Governo, também em matéria de saúde.

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