10 DE DEZEMBRO DE 2018
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A segunda nota tem a ver com o Partido Socialista, uma vez que a sua atitude, temos de dizer, nos preocupa
para o futuro. Sabemos que o Governo não está presente, o que é preocupante, e o Partido Socialista não
respondeu aos factos que estão à frente de toda a gente no que toca aos incumprimentos da lei.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, há aqui uma escolha que tem de ser feita: como é que o Partido Socialista
quer ficar neste processo e de que lado do muro é que vai ficar?
Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, não basta dizer que se quer combater a precariedade, há que agir
efetivamente sobre ela e isso significa não olhar para o lado relativamente aos problemas que foram aqui
identificados e à situação de muitos dos trabalhadores e trabalhadoras que estão aqui hoje connosco.
Isso significa que, se foram convencidos a termos o PREVPAP, espero que sejam também convencidos a
resolver rapidamente os problemas e as situações que foram aqui referidos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP) — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No final deste debate justifica-se uma
palavra de crítica para a ausência do Governo, não que o Governo fosse regimentalmente obrigado a nele
participar mas porque, sendo um tema de enorme importância e em que a sua atuação é claramente
questionada, faria todo o sentido que tivesse dado a sua contribuição a este debate e só temos de lamentar a
ausência do Governo.
Aplausos do PCP.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o combate à precariedade no trabalho é um combate de civilização.
A um posto de trabalho permanente deve corresponder um contrato de trabalho efetivo. Essa é uma questão de
decência e justiça nas relações laborais. É uma questão de respeito pela dignidade do trabalho, de respeito pela
dignidade dos trabalhadores. A precariedade do trabalho é a precariedade da vida dos trabalhadores e das suas
famílias.
O problema, Srs. Deputados, não é só um problema do setor público, é também do setor privado e a
precariedade deve ser combatida em todos os setores da vida laboral.
Acontece, porém, que relativamente ao setor público e ao setor empresarial do Estado, o Estado tem
particulares responsabilidades e não pode dar o mau exemplo de ser o maior empregador a prazo, de ser o
maior gerador de precariedade. Daí que se imponha uma atitude muito enérgica, muito decidida no sentido de
combater a precariedade laboral no Estado, contribuindo, assim, com um bom exemplo para que o setor privado
possa alterar as suas atitudes e combater também a precariedade laboral.
Para o PCP, o combate à precariedade tem sido uma prioridade central da presente Legislatura. Foi por isso
que apoiámos, considerámos positivo e participámos construtivamente relativamente à aprovação do
PREVPAP. O que criticamos não é o facto de existir o PREVPAP mas, sim, as insuficiências que detetamos e
que é possível a todos verificar relativamente à sua aplicação.
Mas ver aqui o PSD e o CDS, neste debate, dizer que o PREVPAP gorou as expectativas é extraordinário,
quando o PSD e o CDS, no Governo, não só não mexeram uma palha para combater a precariedade como
fizeram mais do que isso: relativamente aos trabalhadores, o que fizeram foi cortar-lhes salários e despedir
trabalhadores do setor público. Não têm a mínima autoridade política para vir aqui falar de insuficiências!
Aplausos do PCP.
Não vale a pena virem com a lengalenga do Orçamento, porque esta não é, manifestamente, uma questão
orçamental. Havendo vontade política, evidentemente que o Orçamento ainda em vigor e o Orçamento do
Estado aprovado para 2019 dão perfeita cobertura a que os trabalhadores precários sejam integrados.
Os senhores mostram-se muito preocupados com os trabalhadores, ao mesmo tempo que nesta Assembleia
aprovam tudo o que há de pior em matéria de alteração laboral.