I SÉRIE — NÚMERO 39
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Como Presidente da Assembleia da República, o seu grande empenho foi a revisão constitucional de 1982,
que considerava fundamental para a moderação e a democratização do regime.
Homem de fé, católico comprometido, humanista profundo de sólidas convicções, Francisco Oliveira Dias
contribuiu empenhadamente, desde a primeira hora, para a construção da nossa democracia.
Foi eleito para a Constituinte, onde foi um Deputado particularmente ativo, suportou o cerco ao Parlamento,
em 1975, que o tocou tristemente, de forma inaudita, com a morte da sua mulher Mercês. Ficou com 11 filhos e
só alguns anos mais tarde reconstruiu a vida com a sua mulher Teresa, também da fundação do CDS, que o
acompanhou até ao final.
Sentiu a dor da perda de um filho, mas a imensa alegria de 28 netos e 10 bisnetos. A todos cumprimentamos
hoje, bem como aos seus companheiros de partido e amigos de sempre.
Quem privou com Francisco Oliveira Dias fala de um homem inteligente, discreto, sereno e com um grande
sentido de humor. Quem conheceu a sua fé realça o homem que serviu sempre os outros, na política ou no
exercício da sua profissão de médico cardiologista, na certeza de que a sua primeira missão era a do serviço.
Cruzei-me com o Dr. Francisco Oliveira Dias pela primeira vez em 2011, quando aceitou, com grande
generosidade, presidir à Comissão de Honra da minha candidatura a Deputada pelo círculo de Leiria, a sua
terra, e se deslocou a Porto de Mós para participar num evento de campanha e partilhar connosco esses tempos
primeiros do CDS. Também pessoalmente lhe devo essa gratidão.
No início deste ano, na mensagem do Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco sublinha que «a boa política
está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres
recíprocos para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras».
Estou certa de que Francisco Oliveira Dias cumpriu estas palavras.
Saibamos nós, no CDS de hoje e de amanhã, honrar o seu testemunho.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 706/XIII/4.ª (apresentado pelo CDS-PP e
subscrito por Deputados do PS e do PSD) — De pesar pela morte do antigo Presidente da Assembleia da
República, Dr. Oliveira Dias.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, vamos guardar 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Passamos ao segundo ponto da nossa agenda, que consta de declarações políticas, sendo que hoje
começamos pela do Grupo Parlamentar do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como o PCP tem reiteradamente
afirmado, os Correios são um instrumento insubstituível para a coesão social, económica e territorial do nosso
País.
Mais do que uma empresa que garanta lucros e dividendos, os Correios devem ser o garante de um serviço
público efetivamente ao serviço do País e das populações, ao serviço da economia nacional e do
desenvolvimento, com uma gestão que vise o equilíbrio económico-financeiro e o investimento na melhoria da
qualidade.
No entanto, a verdade é que, com o caminho da privatização dos CTT (Correios de Portugal, SA), todos
esses objetivos deram lugar à degradação e ao desmantelamento do serviço público, em nome dos milhões
para os acionistas.
Em 2013, o Governo PSD/CDS concretizou uma velha aspiração do capital monopolista que vinha sendo
preparada por sucessivos Governos, incluindo o do PS, e assim se fez a privatização dos CTT. Os resultados
estão à vista e são verdadeiramente desastrosos, aprofundando o caminho de destruição que prossegue há
anos a fio.