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II SÉRIE-A — NÚMERO 2

Henriques fez várias tentativas para ocupar o castelo de Alcácer dó Sal, tendo, após várias tentativas goradas, conseguido finalmente conquistá-lo em 24 de Junbo de 1158. Foi D. Afonso Henriques quem atribuiu o primeiro foral a Alcácer do Sal, no ano de 1170, em Coimbra.

Em 1191, no reinado de Sancho I, Alcácer foi novamente ocupada por Iacub, para ser reconquistada definitivamente no reinado de D. Afonso II, em 1218. A missão foi entregue ao bispo de Lisboa, D, Soeiro Viegas. A cidade foi cercada e defendeu-a Abdala Ibn Wazir, filho de Abu Berre Mahâmede Ibn Wazir, que antes fora seu governador. Os Árabes conseguiram socorros que lhes foram enviados de Sevilha e Badajoz. No entanto, essas tropas manobraram mal e foram derrotadas.

O concelho de Alcácer do Sal, após a sua tomada, foi doado à Ordem de Santiago. Era o maior concelho deste reino, pois compreendia as vilas de Grândola, Santiago do Cacém e Vila Nova de Milfontes.

Em 1495, é aclamado, em Alcácer do Sal, El-Rei D. Manuel I, rei que, em 1500, retorna a Alcácer do Sal para desposar, em segundas núpcias, sua cunhada D. Maria, filha dos Reis Católicos de Espanha, e que, em 23 de Abril de 1516, dá um novo foral a esta vila.

Durante o século xvi assiste-se a um renascimento comercial com a grande produção do sal. Este produto é mesmo exportado para os portos holandeses e hanseáticos. É uma época marcada pela exteriorização da riqueza, através da construção de palácios, igrejas e conventos. Foi ainda neste século que nasceu em Alcácer do Sal, em 1502, o célebre matemático Pedro Nunes, responsável pela invenção do nónio, pequeno instrumento utilizado em aparelhos de astronomia, física e engenharia para avaliar grandezas lineares ou angulares que escapam à visão normal.

Durante todo esse século e nos dois seguintes, Alcácer foi-se afirmando como centro de primeira grandeza no contexto regional. Como o refere Vergflio Correia (in Estudos Arqueológicos, Universidade de Coimbra, 1972), a presença de famílias abastadas foi-se revelando não só nas já aludidas construções de vistosos imóveis como também pela sua proximidade aos centros de decisão.

Para caracterizar a vida de Alcácer de então, não resistimos a aqui incluir uma breve citação do mesmo autor, que assim se refere a esta vila:

Com o avançar do século xvi a povoação enriquece e engrandece-se. [...] a gente de linhagem, a que herdara ou que conquistara um título à força de armas oupor serviços prestados, fundava ou renovava moradias, instituía capelas e conventos, construía ou reedificava santuários; e a burguesia seguia-lhe o exemplo. Os escravos trabalhavam a terra enquanto o lavrador envergava a cota e a libré dos capitães.

Nobres e burgueses de Alcácer são frequentemente referidos como tendo notória capacidade de influência nas decisões régias, sobretudo no reinado de D. Manuel, tomando assento nas Cortes.

Na carta de foral que esse monarca atribuiu a Alcácer (1516) ressalta como evidente essa mesma importância, não só pela vastidão do seu termo como também pelos privilégios que lhe foram concedidos.

Refira-se, a título meramente ilustrativo, que a Feira de Alcácer-foi tida como modelo na criação e regulamentação de outras em toda a região do Alentejo, com especial evidência para a de Beja.

Saliente-se ainda a importância de Alcácer na sustentação da odisseia marítima portuguesa. A qualidade do pinheiro manso que por aqui abundava foi tida como especialmente conveniente para algumas peças da construção naval, tendo sido abundantemente utilizada essa madeira na construção das embarcações lusíadas.

No que concerne à actividade económica, a agricultura continuava a ser a actividade dominante, fazendo jus à fertilidade desta terra, que já romanos e árabes tinham reconhecido, mas, simultaneamente, assistia-se ao incremento da actividade comercial.

Também a mesma carta de foral, ao inventariar e tarifar um vasto conjunto de mercadorias que aqui eram transaccionadas, dá conta da crescente importância desse tipo de actividade.

A fundamentar as dinâmicas de crescimento a que nos temos referido, registe-se que Alcácer possuía, em 1758 e segundo o pároco de Santiago, 436 fogos e 1543 pessoas, aos quais se devem adicionar os 330 fogos e*1342 pessoas que o padre Bernardo Osório, prior colado de Santa Maria, registava existirem na sua freguesia nesse mesmo ano.

Não se poderá negar o contributo fundamental que o rio Sado garantiu ao incremento das trocas comerciais. Pela sua. navegabilidade, que chegava a Porto Rei, permitia a deslocação de embarcações até cerca de 50 milhas da costa, escoando-se por esta via grande parte da produção agrícola do Alentejo.

Poderemos mesmo considerar que os séculos xvin e xix terão constituído um dos momentos mais altos no recurso ao rio enquanto grande via de penetração no Alentejo. As suas especiais características acabaram por ditar o surgimento de um conjunto de embarcações específicas, de onde se destacam os laitéus, canoas, galeões (primeiro da pesca de cerco e depois de transporte de sai) e os iates, todas usadas no permanente vaivém das mais diversas mercadorias.

Documentos fotográficos do finai do século xix revelam uma Alcácer prenhe de actividade e mostram um rio pejado de embarcações.

Já nos nossos dias muita dessa importância se perdeu. Com a entrada em funcionamento da via ferroviária, protagonizando ligações mais rápidas e mais longas, o recurso ao rio foi sendo progressivamente abandonado, ainda que se tenha conservado até ao virar do meio do século.

Ill — Fundamentação contemporânea

1 — Dados de base

Alcácer do Sal é o segundo maior concelho do País, com uma área de 1480 km2, possuindo 14 512 habitantes distribuídos pelas suas seis freguesias: Santa Maria e Santiago (urbano-rurais), Torrão, Santa Susana, São Martinho e Comporta (as duas últimas criadas depois de 1981). As freguesias de Santa Maria e Santiago abrangem a vila de Alcácer do Sal, possuindo, respectivamente, 3192 e 3630 eleitores, o que perfaz um total de 6822 eleitores.

É clara a tendência para a concentração da população nos lugares de maior dimensão, muito em especial na sede do concelho — vila de Alcácer do Sal —, onde se concentram 42% da população concelhia (segundo dados de 1970, a vila de Alcácer do Sal possuía 23% do total da população concelhia; de acordo com dados de 1980 essa expressão aumentara para 38,7% e em 1991 para 42%).

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