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DIÁRIO BA CÂMARA DOS SENHORES DEPUTADOS
século, em que cada anão se lhes assignalasse pela eminência dos serviços feitos á sua pátria.
Ah! Mas quando se chega a essa altura, é-se modesto, é-se benévolo,-porque, por cada serviço que se tem prestado ao seu paizy se não se tem chorado, porque se é homem, tem?«e •'soffrido; e os illustres deputados, quando aqui falia vam*ião rudemente contra homens respeitáveis, é porque 'fallavam apenas da altura do seu 'talento e da altura da sua mocidade. (Vozes: — Muito bem, muito-bem.) •Tudo aos seus olhos estava diminuido: homens e cousas. " O sr. presidente do conselho, o sr. Luciano de Castro, exclamava _o,sr. Franco, apenas o 'salvariam do esquecimento os seus escriptos jurídicos. Eu pergunto ao, illustre deputado quantos políticos conhece que tenham trinta e cinco annos de vida publica immaculada, como a do companheiro querido de Loulé e de Braaincamp? (Apoiados.} Quantos que, para se salvarem, tenham sequer esses es-' criptos de que fallou ? (Apoiados.}
.O sr. Barrus Gomes, continuava o illustre deputado, * uma posição modesta na política, um bom rapaz, já não tão bom desde que assumiu a responsabilidade d'este pagamento, e cujo pruceder costumava ser correcto, embora não tivesse feito seuào dar.
Uma posição modesta na política a do homem que com incansável actividade e com innegavel proHciencia tem em pouco tempo gerido três pastas! (Apoiados.} Onde estão então as eminências no partido regenerador? .(Apoiados.} Posição modesta talvez, porque pôde dar lições de O sr. Beirão? Esse, o illustre deputado nem o via; tào sumido estava na sua cadeira! Pois não importa que o nào veja; vê-o a Europa, que vê o seu código commercial. (Apoiados.}
. As apreciações do sr. Arroyo, essas não as acompanho, porque não sei; não tenho a graça cáustica e alegre de s. ex.a; pôde o illustre deputado .inscrever a este respeito nos seus fastos parlamentares um triuropho completo sobre mim.
Como os homens, diminuíam as cousas; a legitimidade das partes, esta base essencial de todo o processo, de todo o acto jurídico, aos olhos do sr. Franco Castello Branco era um incidentelho f
Uma cousa augmentava porém espantosamente, quando tudo mais diminuía — o tempo! Três annos de poder do partido progressista pareciam lhes uma eternidade! (Apoiados.} Tanta é a impaciência do partido regenerador ! (Apoiado*.}
E o riso do sr. presidente do ctmselho? No meio do seu discurso, o sr. Franco Castello Branco, volta-se para o sr. presidente do conselho e pergunta-lhe: V. éx.a ri se? Vem depois o sr. Arroyo, e igualmente of-feudido, pergunta também: V. ex.a ri-se?
Pois o sr. presidente do conselho atreveu-se a sorrir .quando os iilustres deputados fallavam ? O riso é um exclusivo de s. ex.a E todavia o sr. presidente do conselho nem rira, nein sorrira, quando assim o increpavam. (Apoiados.} Foi questão de espelhos, d;aquelles espelhos de que nos aqui fallou o sr. Arroyo, que nem sempre reflectem, mas que muitas vezes transformam. (Apoiados.)
E a monomania de ficar? E a inonomania de entrar? (Riso.) Pergunto eu.
Pois que tanto se tam falindo da monomania de ficar, do governo, digamos duas palavras serenas de justiça sobre a monomania de entrar.
Eu acredito mais n'esta doouen'aquella, e penso que das duas, se a nmeira^^fff^C^^ífeisíji, a ultima é mais perigosa.
Parece que quando-se entra aqui como deputado, não é para se ser deputado^ mas para se ser. ministro, e julga-se por isso que é um acto meritório derribar governos e accumu-lar em torno d'elles toda^á qualidade de-obstáculos, quando já não são poucos os que provêem-da complexidade das circumstancias sociaes. Isto dá em resultado a instabilidade, dos govçrnos, a anciã constante de se inverter o poder legislativo no executivo, a degeneração do regimen parlamentar, girando as discussões, mais em torno dos homens, para se derribarem ou apoiarem, do que em torno das propostas, e agrupahdo-se os partidos mais 'por interesses do,que por ideas/ (Apoiados.)
E preciso reformar isto, e reforma-sè diminuindo-se as causas reputadas constitucionaes da queda dos governos, e abrindo uma separação mais profunda entre o poder legislativo e .o poder executivo, de modo que não seja tão fácil a inversão* do primeiro n'este ultimo.
As opposições têem o dever de comprehender e de desempenhar melhor o papei que lhes incumbe. Esse dever é fiscalisar, sim, ;é signalarem o aspecto inconveniente do que parece bom ao governo; é obstarem ao mal; melhorarem o bem, e, pelo receio que incutem, conterem, não deixarem que se desenvolva o arbítrio do governo. Esse dever não é, porém, exagerarem a opposição; não é cobrirem ' os ministros de impropérios, emquanto estão no ministério, salvo a fazerem-lhes a apotheose, quando de lá saem. (Apoiados.) ' . , . „
É quando estão n'aquellas cadeiras, é quando são ministros, que elles precisam mais de justiça, para poderem desafogadamente trabalhar em favor do paiz. (Apoiados.)
Quando o sr. Franco'Castello Branco fallava, tão vehé-mente e tão acerbo, lembrava-me o tempo em que éramos condiscípulos, e.em que, em intimo convívio, liamos ás vezes ambos as tragédias de Schiller. N'uina d'ellas havia um personagem ainda1 novo que atirava contra um velho as grandes palavras expressivas dos grandes sentimentos: «Olha, moço, respondia-lhe aquelle, as palavras juntam-se facilmente na tua boca, n'essas phrases sonoras; mas os homens e as cousas não obe'decem ás minhas ordens.» ('.Fozes:—Muito bem, muito bem.)
Na crueza das suas phrases, o sr. Arroyo teve ás vezes gritos de justiça saídos da sua consciência.
D'uma vez disse: Diz-nos o sr. pVesidente-do conselho .que o crucifiquemos; pois crucifical-o-hemos; mas creia que ficará só, porque não encontrará ao seu lado quem faça o resto do grupo do .calvário. Ah! de ce/to que não ha, nem houve aqui quem faço o resto do .grupo dos crucificados, mas d'esse lado da camará, Carece que ha quem esteja disposto e prompto a crucificar innocentés. (Vozes :'•—Muito bem, muito bem.)
No fim de uma larga apostrophe sobre a honra, õ sr. Arroyo teve outro grito de consciência: «O paiz, disse s. ex.a, nfio irá pedir ao bolso do sr. presidente do conselho os trinta dinheiros de Judas.» Ah! de certo; nem fará sequer o resto das accusacõos do illustre deputado. O paiz não é solidário n'isso. (Vozes:—Muito bem, muito bem.)
Sr. presidente, resta-me ainda analysar os argumentos do sr. Arr.»yo sobre as operações de contabilidade a que deu logar o.pagamento de que se trata, e também a proposta de anhullação do mesmo pagamento pelo supremo tribunal administrativo; dizem-me, porém, que já deu a hoía^ nSt>«quei*0'cansar a camará, estou eu mesmo caasa-dfy e peco* a *%. £x.a que ine reserve a palavra para amanhã .\/.\ i : .
* Vozes : — Muito bem, muito bem.
(O orador foi comprimentado pelos srs. deputados da direita e pelos srs. ministros presentes.}
O sr. Presidente: — A ordem do dia para amanhã é a continuação da que estava dada.
Está levantada a sessão.
Eram seis horas da tarde.