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6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

approvação de todos, em virtude da qual eu procurarei não, desenvolver a viação existente, nem principiar obras novas, mas completar o que está começado.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

(O orador não reviu).

O Sr. Carlos Pessanha: - Agradeço a resposta do Sr. Ministro das Obras Publicas.

O Sr. Jeronymo Barbosa: - Tambem me vou dirigir ao Sr. Ministro das Obras Publicas, visto S. Exa. vir tão poucas vezes a esta Camara, e não posso por isso deixar de aproveitar esta occasião de fazer algumas considerações sobre um assumpto da maxima importancia.

No domingo proximo vae reunir-se em Coimbra um comicio para pedir providencias acêrca da questão vinicola.

O Sr. Ministro das Obras Publicas já disse nesta Camara que tem lido muitos pareceres, tem compulsado muitas opiniões sobre este assumpto, mas que não tem podido conseguir uma harmonia de opiniões e um accordo que o levassem a encontrar uma solução satisfatoria perante todas as reclamações feitas sobre esta tão importante questão.

S. Exa. está convencido de que a proposta que apresentou á Camara allivia e resolve a questão vinicola.

Mas, por melhor que ella seja, o allivio que pode trazer ha de ser mui demorado, e portanto não se pode traduzir desde já nos beneficios que a nossa vinicultura urgentemente reclama.

É possivel que S. Exa., de então para cá, tenha meditado, tenha encontrado uma solução, boa ou má, qualquer que ella seja, que dê immediata quietação ao país; e eu desejava que S. Exa. me dissesse se tinha realmente encontrado essa solução e me dissesse só tenciona fazer alguma cousa ou se tenciona não fazer cousa alguma, porque o que é indispensavel é que S. Exa. se convença, digo-o com toda a sinceridade e sem aggravos politicos, de que a crise da nossa viticultura é de tal ordem que carece de remedio prompto.

Estar nesta situação, sem fazer nada, é deixar aggravar o mal, e eis o que não pode ser.

Chamo a attenção do Sr. Ministro das Obras Publicas para a necessidade de, por qualquer forma, adoptar providencias immediatas para a solução d'esta crise.

(O orador não reviu).

O Sr. Ministro das Obras Publicas (Manuel Francisco de Vargas): - Sr. Presidente: se por um lado lamento não ter a sorte de ser visto nesta casa pelo illustre Deputado o Sr. Jeronymo Barbosa, por outro não posso deixar de sentir intima satisfação ao ver o interesse com que S. Exa. lamenta a minha falta; mas, devo dizer ao illustre Deputado: eu falto rarissimas vezes ás sessões d'esta Camara. Será talvez porque o illustre Deputado falte mais vezes do que eu...

O Sr. Jeronymo Barbosa:- V. Exa. é tão rapido na sua vinda aqui, que não chegamos a vê-lo no seu logar. (Apoiados da esquerda).

O Orador: - Ou não mereço a attenção de V. Exa. O facto é que durante esta semana faltei apenas uma vez; nas outras sessões tenho comparecido.

O Sr. Jeronymo Barbosa: - Estamos em quarta-feira... não admira!

O Orado: - Foi um equivoco. Eu queria dizer nas ultimas dez ou doze sessões faltei apenas uma vez. De resto, sempre que o illustre Deputado quiser, ou qualquer outro membro d'esta Camara, eu estarei no meu logar, aqui, como é do meu dever, sempre prompto a dar todas as explicações que se me peçam ou exijam.

Emquanto á questão vinicola, a que o illustre Deputado se referiu, permitta-me S. Exa. que eu não o acompanhe nas considerações que fez. S. Exa. disse que vae reunir-se ao domingo um comicio em Coimbra e que eu sabia o que ali se vae tratar. Effectivamente conheço de um modo vago o que ali se vae tratar; naturalmente, é a respeito da questão vinicola, como já se tem tratado em outros comicios.

O illustre Deputado sabe que o Governo não tem descurado, nem por um momento, essa importante questão, e que tem tomado já algumas providencias que cabem nas faculdades do poder executivo, e ainda que apresentou parte das suas ideas numa proposta de lei que ha de ser discutida nesta casa, com toda a largueza.

S. Exa. sabe que o Ministerio declarou que considerava esta questão como questão aberta, e que, por consequencia, serão apreciados todos os alvitres e todas as opiniões; e a Camara, em sua alta sabedoria, resolverá como julgar mais proprio aos interesses do país.

Quando a proposta vier á Camara será então occasião de discutir largamente a questão vinicola. O que eu não posso, como V. Exa. e a Camara comprehendem, é estar a antecipar a discussão, porque com essa antecipação nem, nós ganheremos, nem, ganhará o país.

Emquanto á representação que, provavelmente, será a consequencia do comicio de Coimbra, eu direi a respeito d'ella o que tenho dito a respeito de outras. Serão bem-vindos os alvitres que os vinicultores, reunidos em comicio, julgarem convenientes apresentar ao Parlamento. Todas as opiniões serão por mim bem recebidas e apreciadas; emittirei sobre ellas a minha opinião e a Camara resolverá em sua alta sabedoria.

Tenho dito.

(O orador não reviu).

O Sr. Rodrigues Nogueira: - Muito feliz é o Sr. Ministro das Obras Publicas em ter conseguido, como S. Exa. diz, vir todos os dias a esta casa e não havermos dado pela sua presença. E muito feliz tem sido, porque realmente a outros Ministros não tem acontecido o mesmo, o que não tem sido nem commodo para elles nem edificante para o país. Muito feliz, Sr. Ministro das Obras Publicas, porque, como V. Exa. disse, e eu não poderei duvidar da sua palavra, tem vindo sempre á Camara e nós não temos dado por isso.

O que será bom para nós e para o país é que com a sua passagem pelo Ministerio das Obras Publicas não aconteça a mesma cousa, isto é, que não se dê pela passagem de S. Exa. por aquelle Ministerio! Até hoje, pelas medidas que tem trazido e pelos actos que tem praticado, felizmente e infelizmente, não se tem dado muito pela sua passagem; felizmente, porque S. Exa. não tem praticado ainda as veniagas que nos outros Ministérios se teem realisado...

Vozes: - Veniagas?! O que quer dizer com a palavra veniagas?!

O Orador: - Veniagas politicas, como são, por exemplo, a dissolução das camaras municipaes, como são as transferencias de empregados, etc. Mas se S. Exa. quiserem eu dou as explicações que julgarem convenientes.

Cruzam-se ápartes.

Levanta-se sussurro.

O Sr. Abel Andrade: - A dissolução das camaras municipaes é do partido progressista.

O Sr. José de Alpoim: - Estes moralistas de palavras que todos os dias, quando estavam na opposição, insultavam os Ministros!...

Essa não é uma palavra que insulte a Camara; aliás o Sr. Presidente tinha cumprido o seu dever, chamando o Sr. Deputado á ordem.

O Sr. Abel Andrade: - Nunca insultámos Ministro algum!

O Orador: - Estou absolutamente convencido de que nas minhas palavras não houve offensa á Camara. - Parece-me que S. Exas. se admiraram de eu falar assim em razão da muita benevolencia de que se tem usado para com o Governo. (Apoiados da esquerda). S. Exas. estão muito