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120 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

dos papeis, que o tinham roubado e assassinado o que deu em resultado estarem os grumetes organisando se em força para atacar os papeis.

Pedia-me o governador n’esse mesmo telegramma que lhe mandasse para ali mais um navio de guerra, visto como a Guadiana, unico que ali estava, era necessario para o serviço dos commissarios de limites.

É essa a rasão porque d’aqui saiu antes de hontem a canhoneira Vouga com destino á Guiné.

O governador da Guiné pediu primeiro ao chefe da estação naval de Angola que mandasse a canhoneira Massabi.

O chefe da estacão de Angola, de accordo com o governador do districto, respondeu que essa canhoneira estava empregada no serviço de occupação do Ambrizette.

E o governador da Guiné, distincto official da armada, sabendo que no Tejo não havia outro navio disponivel senão a Vouga, pediu então ao ministerio da marinha que lhe mandasse a Vouga.

Dadas estas explicações, nenhuma duvida tenho em prometter a s. exa. que hei de communicar-lhe quaesquer informações que ultimamente receba ou apure, visto que o ultimo telegramma a que me referi vinha por tal fórma confuso e obscuro, que o mandei repetir.

Em resposta a algumas palavras de s. exa., e ao cumprimento dos meus deveres de ministro para com o parlamento, cabe me tambem explicar á camara qual o motivo porque ultimamente tem havido no pessoal superior do governo da provincia de Guiné tão numerosas e frequentes alterações, que a ellas é licito attribuir, na opinião do digno par e meu amigo as desordens que o digno par apontou.

Entrei para o ministerio em fevereiro de 1885; mezes depois e por meras divergencias na apreciação de factos de ordem administrativa, e não por qualquer outro motivo que podesse ferir os melindres ou reputar se menos decoroso para o então governador da Guiné o sr. Gomes Barbosa, que é o funccionario a que s. exa. e referiu, tomei a resolução, que aliás estava dentro dos limites do meu direito, de exonerar esse funccionario, nomeando para o substituir um cavalheiro distincto, um official de artilheria, que chegado á provincia começou a dar perfeita conta da missão de que o governo o havia encarregado.

Esse cavalheiro, porém, adoeceu e teve de retirar, primeiro para Cabo Verde, e mais tarde para a metropole, porque a junta de saude reconheceu que a sua doença não podia curar-se em pouco tempo e que exigia a sua vinda para Lisboa.

Depois d’este cavalheiro permanecer aqui por algum tempo, e como não melhorasse, entendi que não era conveniente para a administração da provincia que ali estivesse por muito tempo um governador interino, e por isso resolvi exonerar o referido cavalheiro, sem que elle mo requeresse; mas tambem sem que do facto d’essa exoneração podesse resultar para o brio e decoro do exonerado a menor offensa.

O motivo da exoneração foi a necessidade de se nomear promptamente um governador effectivo, e aquelle funccionario ter necessidade de se aproveitar ainda por muito tempo da licença que lhe havia sido concedida, por motivo de doença

Exonerado este cavalheiro, e para acudir mais de prompto ás necessidades da administração e do governo da provincia, nomeei para governador da Guiné o contra-almirante Teixeira da Silva, o qual partiu immediatamente para a provincia, e ali teve a infelicidade de adoecer tambem, tendo de sair para a ilha Brava convalescer de uma doença grave, de que felizmente já está restabelecido.

Já vê v. exa. que todas estas mudanças frequentes e successivas na administração da provincia da Guiné não foram subordinadas a capricho do governo, e á fatalidade dos factos, que não aos actos ou intenções d’elle, deve exclusivamente ser attribuido qualquer inconveniente que d’ahi tenha resultado. Dito isto creio que o digno par e meu amigo o sr. visconde da Silva Carvalho deve dar-se por satisfeito com as explicações que acabo de dar-lhe.

O sr. Presidente: — Vou dar a palavra ao sr. Miguel Osorio, que já estava inscripto na sessão passada para fallar antes da ordem do dia.

O sr. Miguel Osorio Cabral: — Pedi a palavra, e já a tinha pedido ha dias, para participar a v. exa. e á camara que o digno par o sr. Antonio Pequito Seixas de Andrade não tem podido comparecer ás sessões por incommodo de saude, que o obrigará ainda a faltar a mais algumas.

O sr. Telles de Vasconcellos: — Sr. presidente, tenho o maximo respeito por v. exa., mas não posso acceitar a reflexão que v. exa. acaba de fazer, de que o sr. Miguel Osorio tinha primeiro a palavra, porque a tinha pedido a sessão passada, porque eu tambem a tinha. Alem d’isso, como v. exa sabe, segundo o nosso regimento, a não ser sobre o mesmo assumpto, caduca de uma para outra sessão.

Dito isto, o motivo por que eu tinha pedido a palavra era apenas para mandar para a mesa dois requerimentos...

O sr. Presidente: — V. exa. estava inscripto na sessão passada, assim como o sr. Miguel Osorio, e, segundo as praxes d’esta casa conservei a inscripção, dando primeiro a palavra ao sr. Miguel Osório, porque estava inscripto primeiro que o digno par

O sr. Telles de Vasconcellos: — A. inscripção caduca de uma sessão para a outra.

Remetto para a mesa os meus requerimentos, e peço ao sr. presidente do conselho que se por acaso tem conhecimento do meu pedido, se digne informar me, para eu depois usar da palavra se assim o entender.

Leram se na mesa e são do teor seguinte:

Requerimentos

Roqueiro que, pelo ministerio do reino e repartição da instrucção publica, me sejam mandados os processos organizados na junta consultiva de instrucção publica com relação aos professores provisorios do lyceu da Guarda, dr. João Manuel e dr. Aureliano Antonio de Matos.

Sala das sessões, 25 de janeiro de 1888. — Telles de Vasconcellos.

Roqueiro, que pelo ministerio do reino, seja pedida ao governador civil da Guarda, e me seja enviada, uma copia do officio que o governador civil do districto mandou á camara municipal da Guarda, em que previne que ás sessões da camara presida o vogal mais velho, annullando a eleição do presidente e vice presidente da camara feita no dia 2 de janeiro corrente e copia do processo do tribunal administrativo.

Sala das sessões, 25 de janeiro de 1888. = Telles de Vasconcellos.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Luciano de Castro): — Eu não sei se o digno par espera de mim alguma resposta?

O sr. Telles de Vasconcellos: — Desejava saber se v. exa. tinha conhecimento de um officio dirigido pelo governador civil da Guarda ao presidente da camara municipal d’aquella cidade.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Luciano de Castro): — Tenho conhecimento, e não tenho duvida nenhuma era mandar a v. exa. copia desse officio. E visto que estou com a palavra, aproveito a ocasião para mandar para a mesa, como esclarecimento, a nota que o sr. Vaz Preto numa das sessões passadas me pediu, com respeito ao numero de pessoas mortas e feridas nos differentes disturbios que tem havido no paiz.

Para poder satisfazer este pedido, telegraphei aos differentes governadores civis onde houve desordens, e em vir-