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4 Diário da Câmara dos Deputados

falavam em nós e não eram decerto os melhores...

Doloridamente, ocorreram-me então as razões de certo Barão de Trezentos, quando a morte de D. Fernando lançava a nacionalidade para uma crise aguda: "Seja tudo contra Portugal e Portugal contra si mesmo!" Na hora em que os nossos soldados oferecem lá longe a sua vida em holocausto à Pátria, nós, em lugar de correspondermos a êsse sacrifício generoso, com o exemplo ergui do da mais erguida unidade moral, somos de certo modo, se não amplamente, a justificação das palavros de Conde João Afonso Tê-lo: "Seja tudo contra Portugal e Portugal contra si mesmo!"

A Pátria não existe para nós, no meio das nossas discórdias fratricidas, como uma cousa imortal e sagrada, muito acima dos nossos preconceitos, muito acima das nossas opiniões momentâneas e transitórias.

A Pátria invoca-se a capricho, sem respeito, como bandeira exclusiva de cada um dos partidos em que Portugal se retalha, como a túnica de Cristo. É assim, Sr. Presidente, vemos as acusações mais indecorosas serem gratuitamente lançadas à nossa dignidade e à nossa inteligência, porque a conveniência sectária das facções a isso nos constrange e arrasta.

A demagogia, vencida em 5 de Dezembro, atirou para a cadeia e para o exílio, envoltos em suspeições infames, muitos monárquicos e muitos republicanos. Tinha de ser derrubada, e foi-o pelo movimento revolucionário que veio abrir em Portugal um poríodo de respiração mais livre e mais demorado ^ E a que assistimos nós imediatamente? Êsse acto libertador, aplaudido e recebido pelo país inteiro, era deturpado com propósitos baixos de traição. Calcada, a demagogia não hesitou em servir-se de toda a espécie do insinuações, com o fim único de prejudicar a situação presente, em face do concerto das potências. Entretanto, eu que pertenço à minoria monárquica, que represento, aqui, com lealdade, um baluarte inabalável, não duvidei nunca do patriotismo dos homens do 5 do Dezembro, como não duvidar do patriotismo daqueles que já antes, em 13 de Dezembro, haviam tentado o golpe salvador que um ano depois despedaçou a grilheta que pesava sôbre quantos desejam apenas a grandeza e a liberdade de Portugal.

Desta forma, Sr. Presidente, eu que não duvido do patriotismo de ninguém,, não admito, não consinto, seja a quein for. sem provas palpáveis, que duvide do meu! (Muito bem).

Eu não venho aqui acusar ninguêm, Sr. Presidente! Nem, tam pouco me venho defender. Venho simplesmente inutilizar um equívoco, desfazer uma interrogação que impende sôbre o meu nome, explorado e engrossado pela baba jacobina, por êsse ódio que nunca perdoa.

Denominam-me, Sr. Presidente, como germanófilo. Bem alto o declaro aqui, na Câmara dos Deputados, em sessão pública, porque é neste lugar, bem à face do país, que nos ouve, que eu quero esfarelar uma calúnia sem consistência.

Não preciso de invocar, Sr. Presidente, meu irmão mais novo, de quem fui um segundo pai, batendo-se em França contra os alemães.

Não preciso invocar um dos amigos mais queridos do meu coração, o capitão Aníbal de Azevedo, meu companheiro nas mesmas reivindicações tradicionalistas, que lá fora foi promovido por distinção e galardoado com a Cruz da Guerra. Também não preciso de invocar o espírito. gentil, a alma formosíssima de um outro grande amigo que. em 9 de Abril, tambêm debaixo do céu de Flandres, o alferes Alexandre Cabeças, a quem não há muito S. Exa. Revma. o Sr. Bispo de Portalegre chamava com rendida homenagem o Psichari português. Mas invoco, sem apoiar para essas afinidades pessoais, o princípio monárquico que eu invoco aqui, o qual tem por si a aboná-lo quási oito séculos de bizarria nacional, que eu em prazo a que sejam meus fiadores igualmente.

Há neste lado da Câmara antigos soldados, como o Sr. Conselheiro Aires do Ornelas e o Sr. Cruz Amante, que em África se salientaram nas campanhas heróicas de Mousinho. Professam as ideas que eu professo. Certamente caracteres desta têmpera não consentiriam nunca que o mesmo estandarte nos cobrisse, se eu pusesse quaisquer indícios de ordem duvidosa acima dos indiscutíveis interesses da Pátria!