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Sessão de 25 de Junho de 1919 21

que todos os republicanos, todos os patriotas, todos os homens nobres desta terra, fiquem sabendo quam dignos são da sua repulsa aqueles que por todos os meios tentaram aviltar-nos aos olhos contempladores do mundo culto. Aí vai, pois, a proposta.

Vai adiante por extracto.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O Sr. José Domingos dos Santos: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: ao iniciai-as minhas considerações seja-me permitido apresentar a V. Exa. os protestos da minha mais alta consideração.

Eu conheci V. Exa. pessoalmente em dias bem amargos e tristes para nós. Regressava V. Exa. dos campos de França, onde tinha cumprido heroicamente o seu dever, defendendo a Justiça e a Liberdade, e uma vez aqui, V. Exa. desde logo quis saber da nossa situação interna para defender a República. Pouco depois fomos,. V. Exa. e eu, presos e só nos tornámos a encontrar dentro desta casa: V. Exa. nesse lugar, que tam honrosamente ocupa, eu, humilde Deputado, pronto sempre a defender a República em qualquer campo.

Quando se iniciou o debate sôbre o dezembrismo, eu pedi-a palavra na certeza de que teria qualquer cousa tambêm a lançar nesse libelo acusatório contra êsse estado de pura traição que nos Io vou para a revolução e depois para a cadeia.

Seguramente já quási tudo se tem dito, mas eu não reputo ainda desnecessário lembrar mais uma vez os horrores dêsse tempo, porque eu julgo já vai passando da memória de todos os portugueses o que então se passou e o que todos nós sofremos. Eu vejo que todos êsses homens que nos mandaram para a cadeia e nos cortaram as carnes passeiam impunes pelas ruas da cidade, e ainda há bem pouco tempo eu tive o desgosto dever na cidade do Pôrto, em liberdade, nada menos de que o coronel comandante da divisão no tempo da monarquia, o chufe do estado maior e vários outros oficiais que durante êsse tempo ensanguentaram as ruas do Pôrto com sangue de republicanos.

Não chego a compreender o que isso significa e por que é que isso se faz; mas quero dizer que, encontrando-se em liberdade o coronel a que há pouco me referi, não temos o direito de ter um único militar preso dentro da cidade do Pôrto.

Chegou já aos meus ouvidos a noticia de que brevemente vai ser pôsto em liberdade o Sr. Visconde do Banho, o autor da maior monstruosidade da nossa época, a pena de morte, cujo original tenho em meu poder e que lançarei à publicidade no dia em que êsse homem transitar livremente pelo país.

Não compreendo que justiça é esta dentro da República!

Eu sou absolutamente imparcial quando assim falo, porque fui eu que, ao sair da cadeia no dia 13 de Fevereiro, disse ao povo do Pôrto que havia sido vítima da mais cruel opressão: "nada de represálias. Sejamos nobres e generosos. Num preso não se toca. A justiça da República há-de ser perfeita".

E hoje todos êsses homens, que eu chamei para a revolução e que não seguiram por amor da República, me preguntam:

Que justiça é esta que se faz em Portugal?

Vemos pôr em liberdade todos êsses homens e com a agravante de se principiar por cima, em vez de se principiar por baixo.

E por isso que julgo necessário lembrar à Câmara e a todo o país o que foi êsse tremendo período do dezembrismo.

Tem-se feito muita especulação em volta daquilo que se convencionou chamar a traulitânia, e pareço querer reduzir-se êsse período ao que teve o seu início em 19 de Janeiro e terminou em 13 de Fevereiro.

Puro engano.

Muito antes dêsse período começou a correr o sangue dos republicanos nas ruas da cidade do Pôrto.

A época do terror começou, pode dizer-se, em 31 de Janeiro de 1918, quando no Pôrto se fez a maior apoteose que se tem feito aos vencidos de 31 de Janeiro. Foi nesse dia que a reacção, que se julgava triunfante, invadiu as casas dos republicanos e o próprio Centro Evolucionista do Pôrto, correndo a cacete e a chanfalho homens de bem que só pensavam em defender a República. Eu recordo-me do que alguns republicanos foram azorragar