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Diário da Câmara dos Deputados

bem que estes trabalhos são absolutamente necessários para o bom lunciona-mento dos tribunais.

Também não ó demais que os Srs. Ministros da Guerra e da Marinha venham dizer à Câmara como querem reduzir os quadros permanentes do exército o da armada ; o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, os dos nossos agentes diplomáticos e consulares, e que o Sr. Ministro do Comércio declare também o que pretende fazer com respeito AS enormes despesas dos Transportes Marítimos do Estado, com os quais estamos despendendo cerca de 40:000 contos por ano. É bom que em tudo isto se vá falando, cmquanto destas assuntos se não tratar detalhada-mente.

Em face do que deixo exposto, Sr. Presidente, eu entendo que devemos todos aprovar a moção que tive a honra demandar para a Mesa.

Só com um ministério nacional se evitará a falta do continaidado administrativa e o país terá confiança bastante no Governo para esto poder exigir-lhe o pagamento dos enormes encargos quê se tornam necessários para o nosso equilíbrio financeiro económico. Só assim poderemos readquirir o nosso lugar no conceito das outras nações o salvar o país da gravíssima crise que está atravessando. Nada da expedientes como a aprovação do duodécimos, como o da questão cerealífera, como o da questão do Douro, que não deve ter precedentes, do que resultou criar-se urna caixa para ocorrer à custa do Tesouro a dificuldades provenientes de erros o desleixes cometidos pelos Governos republicanos.

Nestas circunstancias-, renovando os meus cumprimentos a todo o Governo, e, em especial, ao Sr. António Grxiiijo, peço a V. Ex.a, Sr. Presidente, que à apro-. vação d.i Câmara submeta & minha moção.

Tenho dito.

O Sr. Cunha Leal:—Si» Prosidéateí não em obediência a uma velha praxe — sabem todos quantos me conhecem que não aceito praxe's -que repugnam à minha inteligência — mas porque o meu espírito de ]ustiça assim o pede, sendo esta a pri-m-eira vez que tenho a honra' de usar da palavra nostti sessão legislativa, começa-

rei por saudar em V. Ex.a todos os membros da Câmara dos Deputados. Preside V. Ex.a dignamente a um corpo de homens a quem a nação confiou urna missão de alta responsabilidade.

Eu estou plenamente convencido, Sr. Presidente, de que todos os membros desta Câmara, sem excepção de partidos, estão animados do mesmo espírito de trabalho e do desejo sagrado de fazerem tudo quanto lhes seja possível para garantir o bem estar ao país.

Tenho a certeza também, Sr, Presidente, de que no espírito de nenhum dos membros desta Câmara passa a idea de sacrificar os trabalhos legislai ivos a uni desejo de repouso. Disso estou absolutamente convencido; e espero que o resultado desta Câmara seja mais profícuo do que o foi da transacta, que não estava à altura de bem exercer a sua missão.

Espero, pois, Sr. Presidenta, que os processos sejam outros, visto que todos nós estamos convencidos de que precisamos trabalhar para a salvação do país.

Sr. Presidente, temos um novo Governo saído do Partido Liberal. Porém, o que é um facto é que não só o primeiro Governo genuinamente liberal e presidido pelo Sr. Barros Queiroz, foi ao poder depois de uma revolução triunfante, coma este que hoje se apresenta, o presidido pelo Sr. António Granjo, foi ao poder depois de uma revolução gorada, o que nos dá a entender que é o destino dos Governos genuinamente liberais serem acompanhados por meio de revoluções.

Eu, Sr. Presidente, não pcsso deixar de constatar o facto, que, na realidade, merece reparos e considerações.

Si\ Presidente: eu devo di.zer à Câmara, com toda a lealdade, que será adentro desta Câmara a primeira e última vez que me ocupo de política, a não ser quando os sagrados interesses da República me determinem o contrário.

Será talvez a primeira e a última.

Mas lembro que a este Governo preside uma alta -figura da República: o Sr. António Granjo, especialista em matéria política.

A tradição monárquica conserva-se nesta Câmara.