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Sessão de 7 de Agosto de 1915 17

de acôrdo, e espero que nunca mais se possam levantar incidentes desta natureza, e que as boas normas de relações entre o Govêrno e o Poder Legislativo continuem na esfera de harmonia constitucional.

O Sr. Celestino de Almeida: — Quando pedi a palavra, tinha apenas o propósito de fazer algumas considerações a respeito do que nos acabou ,de dizer o Chefe do Govêrno e Ministro da Marinha, relativamente ao desastre sucedido no República.

Eu acompanho, de todo o meu coração de português, o Chefe do Govêrno nas suas palavras de mágoa por mais êste desastre, que veio aumentar a série de prejuízos que, há anos para cá, a nossa Marinha de Guerra tem sofrido.

Quero tambêm congratular-me com S. Exa., pelo facto sucedido a bordo do Almirante Reis não ter tido maiores consequências.

Tenho de ir mais alêm nas minhas considerações, visto que o Govêrno pela boca do seu Chefe nos declarou que não pode ainda avaliar da grandeza do desastre, nem tam pouco indicar a sua verdadeira causa, que julga, porêm, estar ligada ao facto de fazer então um grande nevoeiro. Prometeu, porêm, S. Exa. vir aqui relatar-nos as cousas tal como tenham sido passadas, logo que isso lhe seja possível, podendo então avaliar-se melhor das suas necessárias, consequência. Está bem.

É isso que peço a S. Exa. para não se esquecer de fazer, declarando eu, desde já, que não me dispensarei de exigir completas e cabais informações.

Depois de eu ter pedido a palavra, S. Exa. referiu-se às observações que tinha feito nessa sessão o Sr. Lima Duque, a propósito duma conferência que o Chefe do Govêrno tinha tido com os representantes da imprensa, para os esclarecer sôbre algumas graves questões que neste momento muito interessam ao Pais

Já há algum tempo S. Exa. tivera uma outra conferência cora os membros da imprensa, a respeito de idêntico assunto.

Está bem, está muito bem, mesmo.

Não houve comunicações de grande interesse e por isso, pode o Sr. Presidente dó Ministério, a meu ver, continuar nesse caminho. Mas só, Sr. Presidente, enquanto se mantiver nesta atitude. Hoje todavia, parece-me que a atitude de S. Exa. foi um quási nada excedida, porque, ainda que duma maneira muito vaga, falou de mobilização de indústrias.

Isto de mobilização de indústrias, que os países beligerantes tem feito e os não beligerantes, que fornecem produtos de aplicação industrial aos países em guerra, é uma coisa melindrosa, e só de falar-se nela podem daí resultar consequências de certa gravidade.

Por isso Sr. Presidente, eu digo que é melindroso o caminho trilhado por S. Exa., e que nele é preciso haver todo o cuidado; que nesse caminho pode tropeçar-se a cada passo, qualquer que seja o savoir faire, qualquer que seja a superioridade que presida à direcção dessas conversas.

Bem sei que o Sr. Presidente do Ministério, tem qualidades próprias para se saber precaver, mas é bom não abusar do seu emprego.

Sr. Presidente: disse a V. Exa. e ao Senado, com a franqueza absoluta que faço diligência por pôr em tudo quanto digo, que não é por política que estou fazendo estas considerações, mas simplesmente porque começo a estar um pouco farto das frequentes alusões feitas à nossa situação internacional, que é representada quási sempre como duvidosa, pouco esclarecida e algo melindrosa.

Não concordo com tal maneira de ver.

Sr. Presidente: eu não conheço situação mais clara e mais nítida sob o ponto de vista internacional, do que a nossa.

Somos aliados da Inglaterra e ao lado desta nação nos colocámos desde o princípio do conflito europeu, numa atitude de nobreza e decisão, perfeitamente coerente com os nossos possíveis deveres de aliados, e nessa atitude nos mantemos.

Desta maneira, não vejo como possa haver melindres a cada passo, na nossa situação internacional, que se resume nisto: — hoje estamos em inacção; amanhã poderemos estar em acção. (Apoiados da direita).

Desde o momento em que de princípio houve uma resolução nobremente tomada neste sentido, não há melindres possíveis de situação.

Os deveres e obrigações que nos couberem por motivo da nossa aliança com a Inglaterra, temos de cumpri-los e a isso não faltaremos, na ocasião oportuna e em