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Sessão de IS de Maio de 1917

^Representação

Das praças da corporação da polícia cívica de Lisboa, pedindo melhoria de situação, pedido quo fundamentam com várias considerações de carácter económico. ' Para a Secretaria a fim de oficiar à Presidência da Câmara dos Deputados, enviando-lhe aquela representação, para. ser entregue à comissão de Orçamento.

O Sr. Alberto da Silveira: — Sr. Presidente : pedi a palavra para mandar para a Mesa nina representação dos empregados da polícia cívica de Lisboa, os quais podem ao Parlamento melhoria de vencimentos.

Bastar-me-ia dizer só estas palíivras para que a Câmara reconhecesse, desde logo, a necessidade dalguma cousa fazer, ein^benefício desta classe desprotegida.

É do conhecimento de todos que a policia é extremamente mal paga.

Quando tomei o comando da polícia, em sjgnida à revolução do 5 de Outubro de 1910, reconheci imediatamente as péssimas circunstâncias em que se encontravam aqueles dedicados servidores do Estado.'

Já então, isto é, em 1910, o ordenado da polícia era insuficientíssimo, e eu admirei que, homens, vivendo dentro duma subordinação militar, mas tendo ao mesmo tempo uma largueza de acção e uma iniciativa pessoal a cada passo exercidas, não deixam, pelo facto de ser mal pagos, de prestar os melhores serviços.

Compreende-se bem que um polícia isolado em qualquer extremo da cidade, sem ser visto pelos superiores, nern mesmo por pessoas estranhas, poderia facilmente deliiiquir, não aplicando multas, não efectuando prisões, etc. E facto que muitas acusações lhe são feitas, mas devo dizer, em abono da verdade, que os acusadores são por via de regra os que menos razões tem para acusar.

Desde que os jornais ouvem as queixas das primeiras pessoas, que se lhes dirigem, sem ter o cuidado de averiguar os factos,-informam mal o público e fazem uma atmosfera contra esses servidores dedicadíssimos da cidade de Lisboa.

Durante o tempo que exerci o comando da polícia, por várias vezes me dirigi aos directores dos jornais para que, antes de publicarem qualquer acusação do mau

serviço à polícia, a maior parte das vezes absolutamente falsa, me comunicassem, a qualquer hora do dica ou da noite, essas queixas, para que os informasse da veracidade dos factos.

Eu não perdoava faltas. ma3 tambê.n não castigava por acusações meramente tendenciosas. Emfim, Sr. Presidente, isto é um vício da nossa organização, e desse vício padece principalmente o público, que muitas vezes é mal servido.

Emfim: seja como for, o que c certo ó que um ordenado de cinco tostões, na éA o ca que vai correndo, chega a ser como que um incentivo destinado à prevaricação. Cinco tostões para que um homom viva com a sua família, limpo o asseado, viva com decência, porque ao polícia na > é permitido andar nas tabernas, — ó um ordenado que eu considero um incentivo à prevaricação.

E a verdade é esta: na maioria da polícia, não se prevarica; e a verdade é que a policia vive num constante, penoso e perigoso trabalho.

Há um sintoma claríssimo de quo o emprego não é para invejar. <_ aproximadamente='aproximadamente' de='de' homens='homens' sabe='sabe' e='e' quinhentos='quinhentos' numa='numa' é='é' ex.a='ex.a' tantos='tantos' corporação='corporação' sr.='sr.' p='p' isto='isto' quantos='quantos' faltam='faltam' um='um' v.='v.' tag0:_600='_1:_600' terço.='terço.' presidente='presidente' xmlns:tag0='urn:x-prefix:_1'>

Veja V. Ex.a como o emprego ó doce: ninguém o quere.

Estes factos, para os quais eu chamo a atenção da Câmara, não só sob o ponto de vista, das deficiências de vencimentos, más também porque dessas deficiências resulta que ninguém quere ir para a polícia, por se tratar dum serviço extremamente perigoso e trabalhoso, e pessimamente remunerado, — estes factos, dizia eu, trazem como consequência imediata, o péssimo policiamento da cidade de Lisboa, à qual falta, um terço dos polícias que deve ter.

A polícia, tal como está, é insignifican-tíssima. Há pontos de Lisboa, onde nunca apareceu um polícia, como seja a Charneca. Na Ameixoeira lá aparece um de vez em quando. .Mas há outros pontos, onde é raríssimo A?er um polícia, como lá para os lados do Poço do Bispo.