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14 Diário das Sessões do Senado

estima de que por toda a parte eram cercados os nossos diplomatas João Chagas, Alvos da Veiga, Teixeira Gomes. O Times, agradecendo a minha visita, terminava assim o artigo cordeal de cumprimentos que nos dirigiu:

«No século XVIII, quando Portugal julgou perigar a sua independência, o embaixador inglês recebeu instruções para lhe assegurar que o nosso soberano consideraria sempre a defesa do reino e das colónias de Portugal como um objectivo, caro e de interêsse para o bem-estar da sua corça e do seu povo, e o primeiro imediatamente depois da conservação dos domínios da própria Gran-Bretanha. Estas palavras pronunciadas por Chatam em 1750, pronuncia-as hoje outra vez a Inglaterra».

Sacrifícios? Mas todas as nações livres se sacrificaram generosamente pela causa da democracia. Foram sacrifícios excessivos? Não foram. Fizemo-los de vidas e haveres, seriamente. Mas em 5 de Dezembro de 1917, o Ministro das Finanças, Dr. Afonso Costa, tinha ocorrido a todas as despesas dentro do País com uma emissão prudente de bilhetes de Tesouro e com o prudente alargamento da circulação fiduciária, alêm das apropositadas sobretaxas aduaneiras, e ficavam-nos intactos ainda para total liquidação de contas os largos recursos dos empréstimos interno e externo, do imposto sôbre os lucros de guerra, e de toda a remodelação do nosso sistema de contribuições. Levámos aos campos de batalha em África e na França, cêrca de 100:000 homens. Mas Portugal, com um organizador militar como o Ministro Norton de Matos, podia por em pé de guerra, 400:000 ou 500:000 homens, se necessário fôsse. Pela defesa da nossa integridade material e moral, levantar-se-iam todos os portugueses à uma, decididos a dar a vida por ela. Tivemos a vitória, conquistámo-la. Assim como foi o povo português que salvou heroicamente a República dentro do País, assim foi a heroicidade do soldado português que salvou a honra da Pátria nas frentes da batalha. Se não tivessem 33 em França, já em Dezembro de 1917, o nosso soltado ao lado do soldado inglês, francês, belga, italiano, americano, polaco, etc., como compartiríamos alevantadamente da vitória, se não tivéssemos envidado todo o esforço para nos tornarmos dignos delas. Foi êle, pelejando pelo direito dentro e fora do nosso solo abnegadamente, desassombradamente, que nos abriu de par em par as portas da Conferência da Paz. Foi graças a êle que desfraldámos a nossa bandeira nos dias festivos da vitória, no meio da apoteose das multidões agradecidas.

A vitória é nossa, e a vitória afirma-se com. factos de toda a magnitude. Nós hoje, Nação livre, está-nos sob a égide da Sociedade das Nações. Isto quere dizer que Portugal está sob a égide do direito. Não mais haverá protectores nem protegidos. Há nações que confraternizam entre si, e, solidariamente defendem a sua independência. (Apoiados). Antes da guerra estávamos ainda, nas nossas colónias, sob o domínio dessa doutrina odiosa da ocupação efectiva, que a Conferência de Berlim, presidida por Bismark professou. Foi em nome dessa doutrina que se repartiu, à nossa custa, a carta de África. Foi dela que nos veio o ultimatum de 1890. E foi com ela que se elaborou o tratado anglo-alemão sôbre Angola e Moçambique, negociado em 1898 e retocado em 1913, nas próprias vésperas da luta mundial. E sabem o que era esse tratado? Di-lo o embaixador alemão, o príncipe de Lichnowschy:

«Pelo que respeita à realização prática do verdadeiro, mas inexpresso objecto do tratado, a partilha eventual numa data ulterior das colónias portuguesas».

Eis o perigo que corríamos. Neste grandioso prélio, Sr. Presidente, a Inglaterra não venceu só o imperialismo alemão, venceu tambêm o seu próprio imperialismo, ainda bem que podemos ter hoje absoluta confiança na sua democracia e na indefectível comunhão dos nossos ideais. Assim ficou para sempre assegurado o nosso direito soberano sôbre as nossas colónias. Mas aqui mesmo na metrópole, a consciência da nossa inviolabilidade nacional robusteceu-se. Passou-se um facto do maior alcance, a que é preciso prestar atenção pelo seu feliz significado internacional na península. Realizámos a nossa participação militar, mobilizámos e coligonos exércitos, enviámo-los para longe, e sempre a Espanha respeitou neu-