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Diário das Sessões ao Senado

seu lugar o Sr. João Camoesas, que bateu o record da oratória parlamentar e •é o campeão nacional...

O Sr. Querubim Guimarães (interrom-•pendo):— Devo informar S. Ex.a de que Blinda não há muito vimos a notícia de que uma senhora norte-americana tinha falado dois dias consecutivsmente...

Apartes.

Risos.

O Orador: — Mas trata-se de senhoras!

É certo que o facto de o Sr. João Camoesas não ter sido reconduzido, dá-nos o grande prazer deverem sua substituição o Sr. Santos Silva, abalizado e distintíssimo professor que pode e deve, incontestavelmente, prestar dentro do Governo inúmeros serviços.

Apoiados.

Nestas condições, perante um Parlamento novo, quando se estava esperançado em se entrar em vida nova, o Sr. Presidente do Ministério traz-nos um Ministério velho.

Não nos traz o Governo na sua declaração ministerial innovação alguma. Adopta .os velhos processos de passar por todas as questões como «gato por brasa»— permita-se-me a citação de um velho pro-lóquio — sem nos trazer uma solução, sem nos apresentar sequer urna esboçada resolução dos gravíssimos problemas pendentes.

Poucas vezes o país terá atravessado um período tam grave como o que passa actualmente. Há três aspectos que é preciso ver de perto. Aludo à crise económica, financeira, à colonial e, sobretudo, à crise moral.

Para todos estes aspectos, para todas estas crises, já não digo que se manifestasse a forma de resolução, mas ao menos uma ligeira orientação que não descubro na declaração ministerial, pelo que censuro o actual Governo.

Politicamente não há que hesitar sobre a situação do meu partido em relação ao Governo.

O chefe do actual Governo encarregou--se de dizer-nos que o Ministério saiu do Partido Republicano Português e, por consequência, representando no Governo esse partido. A razão da existência do Partido Nacionalista é a de opor às dou-

trinas e , aos sistemas do Partido Democrático doutrinas e métodos essencialmente diferentes.

De maneira que, sendo eu o represen--tante nesta Câmara do Partido Nacionalista, não posso estar senão em oposição ao Governo, visto que, se estivesse, em completo acordo, deixaria o que sou e passaria a inscrever-mo nas fileiras do seu Partido.

Conseqíientemente, quanto ao Partido Nacionalista, S. Ex.a o Sr. Presidente do Ministério tem do contar com uma oposição firme e decisiva.

Ora não desejo enfadar a Câmara e não vou, por isso, entrar na apreciação de todos os aspectos desta crise a que me refiro. Algumas palavras direi a propósito de cada um, mas o mais rapidamente que puder.

Assim, £a crise económica e financeira por que estamos passando sobretudo a económica e financeira, provém essencialmente de quô? Provém -dum déficit da produção nacional. •

Só estimulando a produção nacional poderemos vencer esta temerosa crise. ,;E o que é que pesa mais neste déficit da produção nacional? O que nos obriga a recorrer ao estrangeiro, constituindo um encargo formidável para as nossas finanças, é o déficit de trigo e de carvões. Ora, se nós fôssemos insusceptíveis de produzir trigo e não tivéssemos carvões, compreendia que este déficit fosse difícil de resolver, que esta questão fosse, porventura, de impossível resolução pelos meios mais correntes e mais simples. Mas, não; nós podemos produzir trigo, o que não sabemos é cultivá-lo. E não há dúvida de que também temos carvão. A crise económica resolver-so-ia eni grande parte se estancássemos esta sangria de ouro, que nos é causada por estes dois deficits pavorosos da nossa economia. Nada nos diz o Governo a este respeito, e é pena, porque são problemas primaciais da economia nacional.

'Temos nma crise de salários. Estamos com os salários do quando a libra estava a 100$.