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Sessão de 23 de Abril de 1926

esquecer que já Lá muito tempo foi proclamado que «nem só de pão vive o homem». Sobretudo nós, os portugueses, dum génio aventureiro, que é ancestral, não nos podemos limitar a praticar actos utilitários; temos de praticar também aqueles actos que são na vida dos povos e na sua história as páginas mais brilhantes.

Sr. Presidente: o País lançou de Sagres, através dos mares- desconhecidos, os nossos grandes navegadores. Não s"e pode renegar esse passado e condenar o valor que têm estas novas navegações, sobretudo quando, como no caso presente, elas vão levar a territórios portugueses, tam perfeitamente portugueses, como são as ilhas adjacentes, a saudação dos continentais, dos seus irmãos de raça, dos seus irmãos de nacionalidade, que muito os prezam e^ muito os estimam.

Por isso, Sr. Presidente, pelo altíssimo significado moral que a viagem têm, é que é eu a aplaudo, desejando que ela chegue à conclusão com absoluto êxito. Isto não impede que eu me associe de todo o coração aos votos da Câmara para que na defesa daqueles que se mostram tam bons portugueses e tam dignos dos nossos antepassados, sejam adoptadas as medidas de segurança que a sciência felizmente já fornece para empreendimentos^ desta natureza.

E justo que nós reconheçamos o heroísmo dos nossos aviadores, mas é justo também que não lhes consintamos temerida-des -que nos sobressaltanvnos incomodam, e que podem trazer além de graves prejuízos materiais, a enorme perda que seria de tam valiosos elementos da nossa armada.

Nestes termos associo-me repito, ao voto proposto e às palavras pronunciadas do incitamento' ao Governo para que anime os aviadores e os defenda porque eles pensam só na sua glória e nós temos de pensar também na sua segurança. Tenho dito.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses): — Em nome do Governo associo-me com todo o entusiasmos à proposta do ilustre Senador para que fosse lançado na acta um voto de louvor pelo procedimento dos nossos aviadores.

O Governo/ que tinha acompanhado com toda a simpatia e ansiedade a viagem empreendida, teve ainda uma ansiedade muito maior durante esse período que não foi largo, mas que nos pareceu duma grande extensão, em que não houve notícias desses rapazes que tam corajosamente iam afrontar os perigos, porque evidentemente ainda a navegação aérea não chegou ao ponto de aperfeiçoamento que possa constituir uma certeza quási ir dum ponto para outro ponto.

Acompanhando o voto do ilustre Senador eu não posso nem devo deixar em claro aqueles humílimos e heróicos pescadores que, duma maneira tam dedicada tam prestimosa, salvaram os nossos aviadores remando, creio que durante muitas horas, até Santa Cruz.

Seria uma injustiça que eles não fossem lembrados (Apoiados}, e que o Governo não' se recordasse deles, porque estes humildes, quando assim procedem, têm também os seus rasgos de heroicidade, porque podiam naquele momento, convencidos de que o seu auxílio seria inútil ou lançando-se no seu egoísmo, deixar de socorrer os nosssos aviadores.

Não hesitaram um momento, correram para eles deram os seus braços e a sua alma e salvaram esses dois heróicos portugueses, e pode dizer-se que não teríamos agora o ensejo de saudar e engrandecer essas duas vidas, se não fossem, dois filhos da Madeira, a que me orgulho de pertencer como filho.

Parece-me por isso, Sr. Presidente, que o Senado aceitará, de bom grado a idea do Sr. Vasco Marques de que se lançasse na acta um voto de congratulação aos aviadores e do nosso aplauso incondicional àqueles pescadores que assim prestaram um serviço não "só aos aviadores mas à nação inteira.