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11 DE JANEIRO DE 1962 313

Espero, para o fim em vista, que quando da regulamentação do Decreto-Lei n.º 44 104 sejam tomadas em atenção as observações acima apontadas.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Déllo Santarém: - Sr. Presidente: chegado que está, pela digníssima autoridade de V. Ex.ª, o momento para num difícil mas, ao mesmo tempo, também honrosíssimo e grato de verdadeiramente dar início ao cumprimento de um mandato que muitos milhares de portugueses me confiaram, eu devo e desejo - por imperativo da minha fé irreprimível e cônscio do espírito, se não católico no seu significado absoluto, com certeza extraordinariamente compreensivo e tolerante de todos quantos me ouvem ou me lêem - invocar aqui, antes de tudo e acima de tudo, o santo nome de Deus que me criou para que, sobre todas as coisas, como me inspira o primeiro mandamento da Sua lei fundamental, as minhas palavras e as minhas acções se encaminhem no sentido da Sua maior honra e da Sua maior glória.
E é esta força dessa grande virtude teólogal que é a Fé, vivente em mim como chama anímica e motora, que há-de suprir a deficiente capacidade de homem de forma que o meu trabalho, de maneira que o meu enorme desejo de servir, tenha qualquer mérito no campo prático das utilidades e em função também do amor ao próximo em que generosamente se desdobra esse sábio e santo primeiro mandamento.
Satisfeito, assim, o imperativo da minha consciência de católico e pedindo ao Senhor que este mesmo espírito domine em todos quantos têm os olhos postos no destino da nossa Pátria estremecida e que por ele trabalham agora num estado de verdadeira amargura, eu sinto ou pressinto já que estes furiosos ventos que nos rasgam a carne e nos dilaceram a alma, com o impulso violento do cinismo e do ódio de uns autênticos bárbaros ou esquizofrénicos e com o gélido egoísmo de uma série de hipócritas ou débeis mentais, tomarão outro quadrante, mais adequado, permitindo-nos uma nova era de paz, de prosperidade e de justíssima restituição.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: permita-me V. Ex.ª que nesta hora dramática da nossa martirizada Pátria e neste momento difícil da minha vida política eu preste a minha respeitosa e profundamente sentida homenagem ao venerando Chefe do Estado, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... em quem os portugueses reconhecem a encarnação viva das melhores virtudes da nossa raça fundidas a um raro e sublime temperamento paternal, que só os verdadeiros predestinados para esse supremo cargo possuem com igual pureza e intensidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E respeitosamente a S. Ex.ª pedir eu desejo que se digne permitir enxugar-lhe, com o lenço da minha dedicação, algumas lágrimas das muitas que o seu grande coração de chefe e de patriota não pode reter nas suas entranhas transbordantes de emoção e de angústia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ao Sr. Presidente do Conselho, cujo nome ficará na história ao lado dos grandes beneméritos da nossa Pátria, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... digníssimo representante de mais de três décadas de governação, que é o orgulho dos portugueses, presos de admiração à sua sabedoria e à austeridade verdadeiramente monástica da sua vida pública e privada, ...

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: -... e, simultaneamente, a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que tantos e tão grandes serviços tem prestado já ao País e agora brilhantemente preside a esta Assembleia Nacional ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... mercê do seu muito talento e do seu rígido carácter, eu tenho de deixar aqui estas palavras de apreço e ainda juntar a minha dor ao sofrimento que tão amargamente os aflige nestas horas tão trágicas da vida nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: há cerca de 40 anos que os meus ouvidos começaram a sentir e o meu pensamento a fixar-se no nome do Dr. Mário de Figueiredo. E apesar de em Coimbra nessa altura frequentar uma Faculdade que não era aquela que tanto se orgulhava de o ter como mestre, o nome de V. Ex.ª chegava até nós envolvido em apreciações graciosas, mas sempre elegantes e respeitadoras, relativas a factos, quase quotidianos, que sempre punham em relevo a sagacidade de espírito e a vivacidade de reflexos intelectuais de V. Ex.ª

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E de então para cá o nome de V. Ex.ª vem soando aos meus ouvidos em vibrações cada vez mais intensas, multiplicando os meus sentimentos de admiração pelo Mestre, pelo Ministro, pelo digníssimo Presidente desta Assembleia Nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados: aceitem VV. Ex.ªs as saudações e as homenagens de um camarada que sente em toda a plenitude a importância da sua missão e que a deseja cumprir com lealdade, com respeito e com o melhor espírito de colaboração útil.
Sr. Presidente: vivo, realmente, em toda a extensão e em toda a profundidade a responsabilidade deste mandato e, tendo de ser digno da confiança em mim depositada, digno também desta alta tribuna a que me elevaram e digno ainda dos meus próprios antecedentes, peço vénia a V. Ex.ª, Sr. Presidente, para trazer