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764 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 34

-se assim sempre no sentido de acentuar contrastes. Eis a razão por que elementos do partido não identificados, é claro, digamos camuflados de monárquicos, de republicanos ou ide católicos progressistas, alinham com frequência nas assembleias, mesmo nas altas assembleias políticas, nas administrações e direcções de colectividades, defendendo posições capazes de acentuar o que na linguagem marxista se designa por contradições do regime capitalista.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Julgo, por exemplo, bem entendido, em relação ao caso nacional, o que significa a recente corrida de elementos janistas portugueses para certos postos de comando. Estejamos atentos e será fácil então ver o sincronismo da sua acção com a campanha pró-janista em progresso na república irmã.
É a juventude o principal manancial a garantir a continuidade das nações. Se a Europa continuar, porém, a deixá-la entregue a esses agentes da guerra revolucionária, mal irá a defesa da civilização que nos une. E a forma de actuar não é deixá-la espontaneamente escolher caminhos nesta encruzilhada tortuosa que o comunismo internacional, técnica e cientificamente, gerou para a dissolução de todas as forças do Ocidente. E necessário, sim, compreender os seus justos anseios, compreender também o clima e as consequentes determinantes do século em que vivemos. E mão é só a válvula enganadora da educação física e dos desportos que resolverá assunto de uma tal gravidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não; teremos de ir mais fundo e mudar o cenário que enganosamente lhes apresenta o adversário e procurar chamar ao contacto com ã juventude, para a esclarecer, elementos que a saibam de facto compreender e guiar pelo caminho da verdade, despertando-lhe gostos, anseios artísticos que não sejam origens de aberrações humanas e resolvendo os seus verdadeiros problemas e quê Conduzam também os mais aptos para a investigação no sentido de criar mais obreiros capazes de dar ao povo português condições de vida mais feliz o mais sã.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é, com eleito, com mentores comunistas ou pró-comunistas camuflados de apolíticos, nas escolas, nas oficinas, nas empresas, nas repartições, nas Universidades, nas artes, nas ciências e nas letras que Portugal poderá continuar, de facto, a trilhar o caminho que oito séculos de história gloriosa nos apontam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, Sr. Presidente, desta tribuna apelo para o Governo para que, corajosamente e sem hesitações, ampute os membros doentes e os tumores malignos e cauterize as chagas já abertas e que dê àqueles que serão os futuros dirigentes da Nação a certeza de que a geração que gloriosamente se bate no ultramar, e que bem exprime o verdadeiro sentido do que nesta Pátria constitui o eterno, não possa ser, em qualquer momento, traída na retaguarda.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Vou terminar. E terminar como comecei.
O momento que passa não é de paz, é de guerra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O momento que passa é de luta acesa em todos os sectores e em todas as frentes e não é de perigosas transigências com neutros, cobardes ou medrosos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As hostes inimigas já pisaram as nossas fronteiras e macularam o sagrado território nacional.
Homens, mulheres e jovens de Portugal, de todos os credos e de todas as raças! Caminhemos, pois, alegremente para a luta, reunidos em volta do grande chefe que Deus nos concedeu neste momento ímpar da nossa história.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Sc. Presidente, Srs. Deputados: o assunto que hoje me leva a erguer voz nesta Assembleia é um assunto regional, mas de tal interesse e urgência para a própria articulação do agregado nacional que eu ouso esperar não só de VV. Exas. a melhor atenção, mas ainda do Governo a mais pronta actuação.
Os Açores essa vaga «ilha» que os portugueses da metrópole julgam perdida no meio do Atlântico, sem outro valor que não seja o de servir de ponto estratégico à cobiça da América - são um arquipélago de nove ilhas dispersas, com a área total de 3400 km- e uma população de mais de 336000 habitantes, superior, portanto, à de toda a cidade do Porto e quase três vezes maior do que a população branca de Angola e de Moçambique reunidas.
Esta população, descendente directa dos pioneiros das Descobertas que ali chegaram e se fixaram há mais de 500 anos, é ainda hoje fiel e atenta sentinela de Portugal nas rotas do Novo Mundo.
Ali ela enfrenta heroicamente as iras frequentes da Natureza, aguentando, sem medo, os estremeções vulcânicos da terra, os ímpetos revoltos do mar e as fúrias desabridas das tempestades. Ali ela sofre estòicameute as múltiplas agruras da distância e da escassez do solo, suportando as mais enervantes demoras, as mais extremas privações e tis mais árduas tarefas e canseiras.
Ali ela vive, resignadamente, o drama da sua elevada densidade demográfica, lançando, dolorosamente, ao mar da emigração boa parte dos filhos que a terra não comporta e redúzindo a nível quase desumano as comodidades e os direitos de grande parte daqueles que nela ficam.
Particularmente em S. Miguel, onde a densidade atinge 225 habitantes por quilómetro quadrado ou, melhor, mais de 325 por cada quilómetro aproveitado, a vida é dura e penosa até mesmo para aqueles que não pedem exclusivamente à enxada o pão de cada dia.
Ora nos Açores tudo gira em volta da agricultura, da pecuária e da pesca. Os seus produtos, em bruto ou depois de transformados em pequenas unidades industriais, ou são consumidos nas próprias ilhas ou- suo exportados para a metrópole e para a estrangeiro, em troca de tudo o mais que lhes falta e que não é pouco.
Um activo comércio, embora grandemente dificultado e onerado por fretes e alcavalas de toda a ordem, a que

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André Navarro, sobre a infiltração das actividades comunistas; Gamboa de Vasconcelos, acerca da questão
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