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804 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 40

A Oradora: - A problemática ultramarina tem exigido dos nossos governantes profunda reflexão na escolha dos caminhos que assegurem a política de «variedade na unidade», já preconizada por Salazar.
Na unidade multirracial que formamos, mercê dessa política, poderemos afirmar ao mundo que Portugal é indiscriminadamente de todos os portugueses, e não reserva compartimentada de brancos, de pretos e de mestiços.
Muito recentemente, afirmou Marcelo Caetano. «A consulta ao eleitorado, as resoluções da Assembleia Nacional, a auscultação da opinião pública do Norte ao Sul do País e aquém e além-mar têm sido os meus guias».
Na verdade, temos ainda bem vivas no écran da nossa memória as imagens colhidas na longa estrada que percorremos durante a campanha eleitoral do povo citadino, evoluído e consciente, que sabe o que quer, ao povo simples e aberto que adivinha o que mais lhe convém, mercê de uma intuição tão tradicionalmente portuguesa, todos manifestaram, com inequívoca eloquência, o veemente desejo de que Portugal continue uno e indivisível, na sua fisionomia ímpar de país pluricontinental e plurirracial.
A solução portuguesa dos nossos problemas ultramarinos deverá assentar, como tão lucidamente o concebe Marcelo Caetano, em estratégias que visem uma unidade traduzida pela convivência pacífica de todos os portugueses, qualquer que seja a sua religião, cor ou etnia, uma unidade concebida pelo justo acesso aos lugares administrativos, em função da capacidade e dos méritos de cada um, e não pela pigmentação da pele; uma unidade interpretada, em suma, através do aumento progressivo da participação efectiva das populações na gestão dos interesses locais.
O pano de fundo do ataque terrorista tem apresentado, nos últimos tempos, uma nova faceta, que visa minar a resistência moral das populações.
Mas, quer na frente, quer na retaguarda, não permitiremos que se hasteie a bandeira do desânimo, não contemporizaremos com ideias derrotistas, não capitularemos na luta subversiva, diabolicamente concebida pela imoralidade que endeusa a pornografia, pela clandestinidade de drogas que subverte a juventude, pela literatura que polui os espíritos, pela sabotagem que vitima os indefesos, enfim, por todos os processos desumanos e de traição tendentes a abalar a progressiva edificação da vida nacional.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Integrada nesta linha de pensamento, seria imperdoável que, como mulher e como mãe, não deixasse aqui o meu enérgico apelo a todas as mulheres e mães portuguesas, lídimas descendentes de heróicas mulheres que forjaram ao longo da história, e no silêncio da sua humildade, este Portugal que hoje somos nesta hora solicitadora da vida da Nação pesa sobre nós a herança do passado e a consciencialização do presente, com premissas basilares da construção do futuro.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Ombro a ombro com os valorosos soldados que na frente da defesa nacional escrevem, sem qualquer espécie de discriminação, as novas páginas de um heroísmo sem par, formemos na retaguarda trincheiras impenetráveis aos golpes de traição, que, cá como lá, pretendem, por processos hediondos, semear o joio de ideologias políticas sinónimas de mal-estar e do terror.
Na fase mais sacrificada da luta, se alguém nos segredar «Valerá a pena?» - saibamos responder como Fernando Pessoa. «Tudo vale a pena, se a alma não é pequena».
O surto económico-social de Angola, de Moçambique e de outras parcelas do mundo português darão, num futuro muito próximo, a medida exacta da pujança daquelas terras ultramarinas - assim o afirmam quantos as conhecem ou as visitam.
Todo o português deveria pisar aqueles solos bem amados, sentir o alvoroçado bater do coração ao reviver, in loco, as jornadas gloriosas das descobertas- padrões de uma civilização de cuja responsabilidade não abdicaremos.
Estreitamente ligados a uma responsabilidade tão sui generis, sobrecarregada pelo papel decisivo que lhes cabe na problemática nacional, todos os Deputados deveriam ser testemunhas vivas do surto evolutivo de desenvolvimento que, a passos rápidos, se vem processando no Portugal de aquém e além-mar.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Ouso, a propósito, levantar a minha voz, nesta Assembleia, para solicitar a quem de direito a efectuação de uma visita de esclarecimento dos parlamentares que, porventura, as não conheçam a terras ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - ... cuja temática vem sendo objecto de sérias reflexões no seio desta Câmara.
Disse o Sr. Presidente do Conselho numa das suas conversas em família: «Apela-se para todas as pessoas conscientes para que auxiliem e não dificultem a acção governamental».
Embora a sua voz soe ainda como um toque de clarim, é bem evidente que apreciável número de cidadãos «não conscientes» continua causando entraves à acção governativa, comprometendo a economia nacional, mercê de vergonhosas operações especulativas.
Tais atitudes deveriam merecer, por parte do Governo da Nação, sanções mais severas, tendentes a eliminar um cancro, cujas raízes, dia a dia mais profundas, constituirão, quando impunes, mais um elemento desagregador do nosso contexto económico e social.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A Oradora: - Refiro-me, muito particularmente, ao caso do gasóleo. Cedido com um bónus à agricultura, à indústria (mormente à da pesca) e a outros sectores da vida nacional, alguns dos seus utentes, traindo intenções altamente superiores e construtivas, o vendem, pela calada, a preços desonestamente lucrativos.
São traineiras que não partem para a pesca São pescadores que, não indo ao mar, se quedam nas tabernas, olhar e mãos vazios de fé e de pão, enquanto os «patrões» aumentam o seu pecúlio bancário, não