O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE JULHO DE 1989 5117

representa o lugar privilegiado de possibilidade de concretização de uma ética universal e de possibilidade de densificação no sentido da dignidade e da liberdade das pessoas.
Devo dizer que tive sempre consciência, no Parlamento, dessa função privilegiada que me cabia como deputada. O Parlamento foi, na verdade, a possibilidade de demonstração a mim própria que a função política pode ser a função ou uma das funções mais importantes, do ponto de vista da apreciação ética, dá actividade humana.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Não posso deixar de manifestar aqui o mais profundo agradecimento pelo carinho de que fui depositária e destinatária nesta Assembleia, em especial do meu grupo parlamentar, que constituiu o núcleo de família em que eu vivi aqui dia-a-dia, mas também de todos os deputados da Oposição que sobrevalorizaram o meu papel aqui dentro, que me acarinharam até ao ponto de eu não merecer tanto.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Tenho também uma palavra muito especial para os membros da Comissão Eventual para a Revisão Constitucional em que participei durante quase dois anos. Foram uns companheiros indescritíveis. O Sr. Deputado Almeida Santos, o Sr. Deputado António Vitorino, o Sr. Deputado José Magalhães, o Sr. Deputado Costa Andrade, o Sr. Deputado Rui Machete, para não falar em tantos outros com quem vivi uma experiência 'mais próxima mas também profundamente enriquecedora.
Vai um abraço especial para os deputados que me desejaram felicidades e para aqueles que não o fazendo expressamente o sentiram - e eu sei que o sentiram
-, e um abraço muito especial de companheirismo, de solidariedade, de promessa de um acompanhamento sincero para o meu colega António Vitorino. A todos, muito obrigada. E devo dizer aqui, diferentemente do que acontece com o fado, que desta vez é quem parte que leva as saudades de quem fica. Prometo voltar.

Aplausos gerais.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente, Marques Júnior.

O Sr. Presidente: - Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado João Amaral, permitia-me dizer aos Srs. Deputados que está convocada para as 12 horas uma Comissão de Regimento e Mandatos.
Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Deputado Duarte Lima, segui com atenção a sua intervenção, com a atenção que ela merece, e tinha, de facto, uma pergunta concreta a fazer-lhe, mas como na parte final foi ao armário buscar um fóssil, não quero deixar de me referir a isso para lhe dizer que faz essa gestão do medo e das inibições no exacto momento em que, tendo retirado as consequências devidas do desaire eleitoral do 18 de Junho, o seu partido se coliga com o partido à direita, o CDS, para explicitamente concorrer à maior câmara do País. Isto é, o Sr. Deputado Duarte Lima vem aqui fazer a política do ultimato quando, do seu lado, deu toque a reunir e não teve qualquer pejo em utilizar a coligação.
E agora a questão que está colocada, em termos de retirar as consequências do desaire eleitoral, é se, de facto, na contabilidade que foi feita desse desaire já fizeram a análise, que é necessário fazer, ao significado concreto do que se passou em 18 de Junho e do que isso significa em termos de condenação de uma política de pacotes que teve a clara oposição do País, do que, significa em termos da própria gestão da Assembleia, que a bancada do PSD e o Governo conduziram a uma caixa de ressonância do Governo, a uma instituição governamentalizada, sem nenhuma criatividade, Sr. Deputado Duarte Lima, como foi ontem exemplo com o que se passou aqui à noite, como que uma máquina trituradora de ideias novas, de capacidade de inovar.
É esta a questão que está colocada! E a questão que está colocada, face a isto, é a da necessidade de mudar esta situação. Os senhores entenderam tocar a reunir para defender essa política, pois que entendam outros encontrar as fórmulas de se reunirem para alterar essa situação.
Sr. Deputado, entretanto, não queria deixar - e foi assim que comecei - de lhe fazer a pergunta que a sua intervenção me suscitou e que era só esta: tendo o senhor referido uma nova fase de intervenção do PSD, eu perguntava-lhe concretamente, com que Governo é que pensa o Sr. Deputado realizar essa nova fase. Ou melhor, perguntando de outra forma, que pensa o Sr. Deputado Duarte Lima da remodelação governamental e, em concreto, qual pensa que deve ser o alcance dessa remodelação ministro a ministro.
Se quer perguntas concretas digo-lhe que gostaria que se referisse ao Ministro Cadilhe, à Ministra Leonor Beleza e a outros ministros.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado António Barreto.

O Sr. António Barreto (PS): - Sr. Deputado Duarte Lima,, em breves termos, o Sr. Deputado acaba de fazer algumas perguntas ao PS muito interessantes, tão interessantes que eu lhas devolvo.
Sr. Deputado Duarte Lima tem a obrigação de assumir os mesmos. deveres que gosta de imputar aos outros: quando gaba a minha liberdade, tem de ser livre; quando gaba o meu espírito crítico, tem de ser crítico; quando me faz perguntas, tem de responder às perguntas.
Sr. Deputado Duarte Lima, com que PSD é que nós vamos trabalhar no futuro? Com o PSD maioritário ou em aliança? Vamos trabalhar com o PSD do Dr. Cavaco Silva ou com o PSD sem o Dr. Cavaco Silva? Com o PSD com a AD ou sem a AD? Com o PSD do Dr. Cavaco Silva ou com o PSD do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa? Com o PSD sem Beleza, sem Cadilhe, com Álvaro Barreto, sem Roberto Carneiro? Com o PSD ,sem privatizações? Com o PSD tendo falhado o seu mais importante programa de política económica que anunciou ao país? Com o PSD sem liberalismo? Com o PSD sem política externa? Com o PSD sem uma ideia do que é Portugal no mundo, sem uma ideia do que é Portugal na Europa?
O Sr. Deputado Duarte Lima tem de responder a estas perguntas. Só se exige responsabilidade aos adversários políticos quando se dá o exemplo de responsabilidade política.-

Páginas Relacionadas
Página 5135:
13 DE JULHO DE 1989 5135 Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao solicitar autorização para legi
Pág.Página 5135