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236 I SÉRIE-NÚMERO 8

O Sr. Deputado queixou-se de insultos. Disse várias vezes que tinham sido insultados, mas não deu um exemplo. Ou, antes, deu um exemplo errado - segundo truque -, pois disse que eu lhe havia chamado «pau mandado». Estive a rever rapidamente o meu discurso, até perguntei aos meus camaradas, e cheguei à conclusão de que nunca disse «pau mandado». Talvez tivesse dito, em determinado momento, qualquer coisa como passividade, mas, mesmo assim, não sei se o disse.
Portanto, queria exemplos de insultos, mas o Sr. Deputado não deu um único.
Sobre isso, devo dizer-lhe que já é a quarta vez, em quatro anos, que o Sr. Deputado se levanta e diz que foi insultado, e refiro-me só aos casos em que ouvi e respeitantes a assuntos em que estava envolvido.
Este é um velho truque de oratória parlamentar que o Sr. Deputado usa, mas que é bom mencionarmos aqui, para não continuarmos a ser enganados com esses truques.
Por outro lado, citou o meu discurso erradamente por diversas vezes. Faz que não compreende o que ouve - é outro truque interessante - e torce, sabendo que está a fazê-lo, algumas realidades.
Vou dar-lhe o exemplo mais flagrante, quando disse: «Vocês querem assessores para aumentar o défice da Assembleia da República e para gastar dinheiro.» Nessa altura, o Sr. Deputado estava no seu melhor, a falar para a Nação, dizendo: «Os malandros querem é gastar dinheiro!»

O Sr. Nogueira de Brito (CDS):- É o que ele pensa!

O Orador:- Esta era a sua expressão, dita em termos populares e coloquiais.
Ora, tivemos o cuidado de dizer que são só oito meses por legislatura, o que nunca dá 250 ao mesmo tempo, pois durante três anos e quatro meses não haverá ninguém.
Portanto, nunca haverá 250 assessores ao mesmo tempo e, para além disso, trata-se de funcionários da Administração Pública que já estão a vencer pelos respectivos serviços onde trabalham, de onde seriam requisitados. No nosso projecto diz-se que é sem despesa para o erário público, mas o Sr. Deputado, que gastou tantas semanas - o que me honrou, devo dizer-lhe - a ler a nossa proposta - e não são assim tantas páginas nem tão complicadas! -, sabia perfeitamente...

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado, já terminou o tempo que lhe foi concedido. Agradecia que terminasse.

O Orador:- Sr.ª Presidente, vou terminar, mas peço a sua benevolência no sentido de ficar mais ou menos ao nível cronológico do Sr. Deputado Silva Marques, porque nunca estarei ao seu nível político e qualitativo.
Sr. Deputado, não fizemos sindicalismo, não dissemos que a oposição era desprezada e que não tinha direitos. O Sr. Deputado enganou-se, pois vinha com a cassette de outros debates, o que não servia para este.
Nós dissemos: «Vamos trabalhar e debater em conjunto as questões da dignidade individual de todos os deputados, do debate político nesta Assembleia e da função fiscalizadora da Assembleia.»
Não lhe pedimos um só direito, um só minuto ou uma só benesse e o Sr. Deputado foi para ali dizer que, no mundo inteiro, este é o Parlamento onde a oposição tem mais direitos, desafiando-nos para um combate para o qual não somos especialistas, que é dizer o contrário do que dissemos.
O Sr. Deputado utilizou, uma vez mais, um truque parlamentar que não é conveniente nem avança a clareza do nosso debate. Mais ainda, o Sr. Deputado introduziu o pathos que era a carne do lombo do patológico, isto é, as dívidas do PS.
O Sr. Deputado sabe perfeitamente que o PS é um partido pobre, e em relação a isso não tenho glória nem desprezo. Tenho, sim, pena de que o meu partido seja pobre, pois gostaria que fosse mais rico. O Partido Socialista está a vender o seu património, como toda a gente em Portugal sabe, para pagar as suas dívidas. Ora, o Sr. Deputado sabe isso e também sabe que o Partido Socialista está em negociações com o Governo e com a Segurança Social para pagar todas as suas dívidas até ao último tostão.
No entanto, o que o Sr. Deputado queria era falar no assunto, porque se disserem para o público que nós devemos dinheiro, que somos uns caloteiros, que não pagamos o que devemos e que, ainda por cima, queremos gastar mais dinheiro à Assembleia, conseguem afundar o debate político, o que queremos discutir e o que os incomoda.

Vozes do PS:- Muito bem!

O Orador: - Incomoda-os que queiramos um Parlamento com função política e fiscalizadora, e não direitos e privilégios para a oposição, que não pedimos.

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado, peço que termine, pois já excedeu largamente o tempo de que dispunha.

O Orador: - Sr.ª Presidente, vou terminar, porque quero ser disciplinado.

Sr. Deputado, quero felicitá-lo porque, depois de V. Ex.ª ter falado neste debate, passou a haver fumaça!

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: - O Sr. Deputado Silva Marques deseja responder já ou no final?

O Sr. Silva Marques (PSD):- Já, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: - Tem, então, a palavra.

O Sr. Silva Marques (PSD):- Pretendia dizer ao Sr. Deputado António Barreto que, quando abordei a questão moral dos «paus mandados», o senhor tinha utilizado o termo «passividade»,...

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Foi a sua consciência!

O Orador: - ...quis transmitir o conteúdo da acusação que o Sr. Deputado nos dirigiu. Agora, Sr. Deputado, eu não disse que o senhor torceu, que fez truques, etc. Fiz uma crítica às vossas posições, dizendo: «Aqui concordo e aqui discordo.» Isto é, fui frontal e não fiz referências menores e despropositadas num debate político, que deve ser directo e frontal.

O Sr. António Barreto (PS): - Apetites insaciáveis e financeiros...?!

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