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3256 I SÉRIE - NÚMERO 99

Anatole France, quer às tantas dizia «Quando um governo está embaraçado faz uma expedição à negrícia». Ora, esta foi a sua expedição «à negrícia»!
Julguei que um economista com a sua responsabilidade, inclusivamente como Secretário-Geral Adjunto do seu partido, vinha aqui, sobretudo na sequência de dois discursos sobre a crise económica, (falar-nos dessa crise económica, pois um economista fala de economia, mas não. Como vocês estão embaraçados, como o Governo está embaraçado pois não tem soluções para a crise ataca o PS. Era vossa expedição à «negrícia».

O Sr. Rui Carp (PSD): - Vocês é que são uma «negrícia»!

Orador: - Os Srs. Deputados querem que ocupemos esse espaço e que façamos esse número mas nós não o faremos, não estamos dispostos a perdoar-vos o facto de terem colocado o País, ao fim de oito anos de Governo com maioria absoluta na situação em que está de não terem respostas para a crise e de os senhores atacarem o PS quando o País se queixa os empresários se queixam, os trabalhadores se queixam os funcionários se queixam os magistrados se queixam, a juventude se queixa, quando toda a gente se lamenta.
É nessa a vossa resposta às vossas graves responsabilidades pela situação actual do País e depois exploram contradições, que o não são. O senhor, pergunta se há ou não contradições. Obviamente que não há. Leia a entrevista do socialista e meu camarada João Soares. O que é que ele diz? Diz «Os mandatos são para cumprir até ao fim!» Diz isto. Mas não se deve em teoria afastar a possibilidade de o Presidente da República - e só ele - exercer uma competência inerente ao seu cargo se verificarem condições que justifiquem esse exercício. E diz ele «Eu não afasto essa hipótese.
Sr. Deputado, devo dizer-lhe que eu também não a afasto. E desejo mesmo que este mandato vá até ao fim, porque é esse o pior castigo que vos podemos infligir. O que os senhores queriam era que isso não acontecesse queriam endossar a responsabilidade pela grave crise que o País atravessa enquanto estão na descida até ao fundo. Vão até ao fundo vão bater no fundo, é o vosso castigo! Nós não queremos libertar-vos das vossas responsabilidades nem do castigo que merecem e que hão-de Ter.
Porém Sr. Deputado, se a crise vier a atingir tal gravidade que no interesse nacional, no interesse do País, seja dever, do Presidente da República dissolver a Assembleia devo dizer que é ele quem entenderá se deve fazê-lo ou não.
É uma hipótese que teoricamente não pode afastar-se num momento em que o mundo inteiro, nomeadamente a Europa e o País, atravessa uma crise que ainda não chegou ao seu extremo limite e que pode assumir uma gravidade, porventura, superior à de 1929: atendendo a que então éramos 1 800 milhões de cidadãos e que hoje somos 6 biliões. Tudo, isto traz problemas e dimensões novas, que gostaria de ver, traduzidos em preocupações do Sr. Deputado, do seu grupo parlamentar e do seu governo mas que só vejo traduzido em desvios da realidade dos problemas nacionais, para que as pessoas não pensem na gravidade de que ela se reveste.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E já agora, quanto a outra falta de concordância pergunto que discordância houve entre os Srs. Deputados José Magalhães, e José Lamego?

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - Que discordância de fundo fundamental, radical, que pudesse na verdade tornar as posições de ambos inconciliáveis existiu? Os senhores na verdade, agarram-se a quase nada, agarram-se a coisa nenhuma para contrabater a gravidade dos problemas pelos, quais são responsáveis.

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito bem!

O Orador: - Por isso quero dizer-lhe, Sr. Deputado; que não tenho a certeza de que o senhor tenha falado já em nome da derrota que vos espera, mas digo-lhe que o senhor derrotou-se a si mesmo.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, se é esta a figura regimental correcta, tem a palavra o Sr. Deputado Castro Almeida.

O Sr. Castro Almeida (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, o Sr. Presidente da Assembleia, com a, perspicácia que lhe é habitual, sugere-nos ter percebido que não haveria quaisquer explicações a dar porque não houve, honra ofendida, tendo o Sr. Deputado apenas querido remediar uma menos feliz intervenção anterior. Está no seu direito é porque é o líder, parlamentar do PS, fica-lhe bem.
O Sr. Deputado Almeida Santos disse preferir que eu talasse de economia, já que outras intervenções sobre ela versaram. Quero dizer-lhe que nos produzimos intervenções sobre o ,que queremos, como e evidente, mas falar de economia com o Partido Socialista é difícil, além de que eu não, sou especialista nessa matéria.
E é difícil porque, quando temos documentos, números, estatísticas e o conhecimento da realidade e o PS insiste em trabalhar sobre dados hipotéticos ou sobre ficcões, não há diálogo possível, não há entendimento possível.
Já hoje vimos um exemplo disso, quando o Sr. Deputado Ferro Rodrigues falou de dados alarmantes relativamente ao desemprego Não os conhecíamos, porque os dados
Reais são outros.
Estamos preocupados com o emprego dos portugueses evidentemente, mas não estamos preocupados com o agravamento do desemprego porque ele não está a agravar-se
da forma dramática que apontou. Estamos preocupados com aqueles, jovens que estão à procura do primeiro emprego e não o conseguem. E isso, que o País não está a conseguir fazer e que gostaríamos que fizesse.
Por outro lado, já queime puxou pela língua e respondendo ao seu desafio de falar sobre economia, devo dizer-lhe que tenho, bem presente uma declaração muito recente do Secretário-Geral do Partido Socialista em que, ele defendia que o Governo devia proceder a mais uma desvalorização do escudo.
Sr. Deputado Almeida Santos, o que nos vale é que o secretário-geral do maior partido da oposição o candidato a primeiro-ministro da oposição, não é credível nas praças financeiras, porque se o fosse, imagino o que aconteceria. Se um líder dá oposição viesse pedir uma desvalorização do escudo num país em que tivesse credibilidade, aconteceria uma desgraça no sistema financeiro. Felizmente, ele não tem credibilidade elos mercados funcionaram normalmente.
O Secretário-Geral do PS não tem, de facto, qualquer razão objectiva para pedir isso porque o escudo está si-

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