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290 I SÉRIE - NÚMERO 10

Esta é a pergunta que não pode deixar de ser feita depois do comício do Porto, em que não se sabe em que qualidade ali falou Cavaco Silva: se na de Presidente do PSD, se na de Primeiro-Ministro, se simultaneamente nas duas, personificando e simbolizando maior entre o partido e o Governo e é o Governo desse modo a confusão cada vez Estado. É o partido ao serviço do ao serviço do partido. Ou talvez mais. Talvez também no PSD se cumpra agora a teoria da substituição formulada por Troiski: o partido começa por se sobrepor ao País, a seguir substitui-se ao Estado e depois o chefe do partido substitui-se a tudo e a todos. O Sr. Deputado Angelo Correia tem razão: este PSD não é o que ele ajudou a fazer. Este PSD apresenta demasiados tiques de PSD-ml.

Aplausos do PS.

No comício do Porto, a par da chantagem, da ameaça e da demagogia eleiçoeira do Primeiro-Ministro, introduziu-se no discurso político um novo estilo: o estilo antropofágico.
O PSD está nervoso. Estala o verniz dos ajudantes do Primeiro-Ministro e aparece o verdadeiro rosto de alguns rapazes promovidos a secretários de Estado. Um ameaça comer-nos, o outro insulta, ao nível mais rasteiro, o Secretário-Geral do Partido Socialista e a ex-Primeira-Ministra Maria de Lurdes Pintasilgo.
Mas deixemos as inconveniências dos rapazes, que ainda não aprenderam a controlar-se em público!
Preocupante, realmente preocupante, é o discurso do Primeiro-Ministro. É, uma vez mais, o discurso da fuga às responsabilidades e da tentativa de transferir para outros as culpas que lhe cabem por inteiro. As culpas e as responsabilidades de um Primeiro-Ministro que teve tudo a seu favor e não foi capaz de resolver os problemas básicos do País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Desta vez, Cavaco Silva não tem alibi. Leva oito anos de Governo, conseguiu a maioria, teve estabilidade e dispôs dos fundos comunitários.
Quais são os resultados?
A agricultura arruinada, a modernização do sistema produtivo por fazer, amplos sectores da indústria e até de serviços gravemente atingidos, o sistema educativo numa desordem sem precedentes, a saúde em crise.
Onde estão as reformas estruturais? Onde está o progresso, o desenvolvimento e o bem-estar dos portugueses?
O País está a viver uma das piores crises de sempre e o Primeiro-Ministro não> apresenta uma ideia, uma solução, uma proposta. Ataca á oposição e acena com pacotes de investimentos à custa dos novos fundos comunitários, como se a consciência dos portugueses estivesse à venda e como se esses fundos, em vez de servirem para resolver os problemas do País, servissem para comprar votos e apoiar as campanhas eleitorais do PSD.

Aplausos do PS e aos Deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Mário Tomé.

O Comício do PSD no Porto é um sinal de desespero, mas constitui também um salto perigoso na degradação da vida política. O PSD age como se o fim (a permanência no poder) justificasse todos os meios, mesmo a agressão verbal, a mentira e o mais despudorado eleitoralismo. A História ensina que a perversão dos meios traz sempre consigo a perversão do poder. Os homens políticos de coragem dão ã cara, assumem as suas responsabilidades, não lavam as mãos como Pilatos.
Não é a primeira vez que Cavaco Silva foge às dificuldades. Fê-lo quando foi Ministro das Finanças da AD e se demitiu perante os primeiros sinais de crise, já então provocada pelo despesismo eleitoralista.
Não é a primeira vez que procura transferir para os outros as responsabilidades do seu próprio partido. Fê-lo quando rompeu o Bloco Central e conduziu toda a campanha como se só o PS fosse responsável por uma política que tinha sido também partilhada pelo PSD.
E também não é a primeira vez que Cavaco Silva dá sinais de fraqueza e de falta de coragem política. Basta lembrar o seu silêncio perante as provocações que lhe fez Alberto João Jardim e as afirmações antiportuguesas de Jaime Ramos.
O PSD está no Governo há muitos anos. Cavaco Silva é Primeiro-Ministro há oito. O PS não aceita ser responsabilizado pela incompetência do PSD nem pelos erros, pelos fracassos e pelos enganos do Primeiro-Ministro Cavaco Silva.

Aplausos do PS.

O PS acusa o Primeiro-Ministro de estar a fugir às responsabilidades. O PS acusa o Primeiro-Ministro de não apresentar ao País soluções para a crise e de colocar os interesses eleitorais do partido acima dos interesses nacionais. O PS acusa o Primeiro-Ministro de fugir ao debate político e de utilizar o seu cargo para viciar e adulterar as regras do combate democrático. O PS acusa o Primeiro-Ministro de utilizar um comício partidário para anunciar medidas de Governo com propósitos claramente eleitoralistas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Prometeu até fazer «a maior redução do IRS alguma vez realizada no País». Mas como o IRS só existe desde que é Primeiro-Ministro, esta «vitória de Cavaco sobre Cavaco» é, como escrevia ontem um conhecido jornalista, «uma derrota de Cavaco por Cacaco».

Aplausos do PS e dos Deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Mário Tomé.

O PS acusa o Primeiro-Ministro de, ao afirmar que «os candidatos do PSD poderão assegurar uma melhor colaboração com o Governo na consecução do PDR», estar, desse modo, a usar e abusar do seu cargo para fazer uma inadmissível ameaça e chantagem eleitoral sobre os candidatos de outros partidos políticos. Trata-se de um abuso de poder e de um gravíssimo atentado ao funcionamento do sistema democrático.
O Primeiro-Ministro e alguns dos seus Ministros têm, aliás, falado dos novos fundos comunitários como se eles fossem sua propriedade pessoal. Ora, os fundos comunitários não são do Governo nem do PSD, foram atribuídos a Portugal para desenvolver Portugal e não para servir a clientela do PSD ou para serem usados como forma de pressão sobre o eleitorado.
É um dos temas da nova propaganda do PSD, repetido em todos os tons pelos seus Ministros: o PS andaria nervoso para gerir os novos fundos conseguidos com tanto trabalho pelo Primeiro-Ministro.
A única coisa que o PS terá para gerir é a nova crise deixada por oito anos de Governo de Cavaco Silva. Com uma diferença: o PS nunca virou a cara, nunca fugiu às dificuldades, nem tem medo de assumir as suas responsabilidades.

Aplausos do PS.