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Z7 DE JANEIRO DE 1995 1295

que mais vezes ali levantou a questão de Timor Leste e que, para além de abordar assuntos relacionadas com os Direitos do Homem e com a autodeterminação, reclamei também a sua independência. Portanto, Sr. Deputado, não recebo lições de ninguém e muito menos daqueles que querem truncar-me as frases.
Quanto ao Sr. Deputado Antunes da Silva, digo-lhe muito claramente: o senhor tem uma noção de justiça que não é a minha.

Vozes do PSD: -Ah!!!...

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Ainda bem!...

O Orador: - O senhor entende que se devem dar milhões de contos aos grandes e eu considero que isso é uma afronta quando no Alentejo há, podemos dizê-lo, dezenas de milhares de desempregados que, na sua maioria, como o Sr. Ministro do Emprego e da Segurança Social sabe, não têm qualquer subsídio e passaram a quadra natalícia em extremas dificuldades.
Face a isto, parece-me absurdo que o seu Governo e o Sr. Primeiro-Ministro considerem um grande acto dar mais umas dezenas de milhões de contos aos grandes agrários, àqueles que têm as terras em pousio ou que nem sequer as cultivam. Esse é um grande acto de justiça? Pensamos que não!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Ah!... Agora não dizem nada?! :

O Orador: - O Sr. Deputado Correia Afonso meteu-se nas questões da inflação. Peco-lhe que consulte o Sr. Deputado Braga de Macedo - e ele já cá não está-, pois talvez ele possa explicar a diferença que existe entre desinflação e deflação. Depois, perceberá o que diremos.

Risos do PSD.

Sr. Deputado, esta política só tem levado à baixa de produção, à liquidação do aparelho produtivo, à ruína da agricultura, à substituição da produção nacional pela produção estrangeira. Aliás, foi a falência dessa política - essa é uma das causas - que levou o Sr. Primeiro-Ministro a tomar a atitude que tomou.
Quanto à regra fundamental, lembro só que não deve criticar o Sr. Primeiro-Ministro, porque o Sr. Primeiro-Ministro - e ele está ali, sentado na bancada do Governo -, depois do congresso da Figueira da Foz, tomou a atitude que se conhece: pediu a realização de eleições antecipadas e o governo do Bloco Central caiu.
Portanto, é perfeitamente natural que se peçam eleições antecipadas. E pedem-se porque esta maioria já não representa a maioria sociológica que o apoiou,... '

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Como é que o sabe?!...

O Orador: - ... porque este Governo está fragilizado, porque o País não pode estar mais nove meses em situação de instabilidade institucional, política e social. É preciso dar resposta aos problemas!... O Sr. Primeiro-Ministro gostaria de se aguentar à frente do Governo, de continuar, para deixar ao seu sucessor uma rampa de lançamento. Mas, naturalmente, quem lhe suceder terá também de trabalhar, terá de andar, quer seja da direita ou da esquerda.

Aplausos do PCP. Risos do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, passamos aos pedidos de esclarecimento relativos à intervenção do Sr. Primeiro-Ministro, para os quais se inscreveram 14 Srs. Deputados.
A inscrição foi ordenada, de acordo com o n.º 1 do artigo 82.º do Regimento, de forma a garantir a alternância possível dos diferentes partidos aqui representados e o primeiro pedido de esclarecimento cabe ao Sr. Deputado Carlos Carvalhas.
Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, deixo de lado algumas das suas afirmações mais trauliteiras, a cheirarem a mofo, a cheirarem ao antigamente,...

Protestos do PSD.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Que falta de nível!... Que vergonha!...

O Orador: - ... porque as considero declarações do Primeiro-Ministro de um Governo em trânsito. Portanto, passo ao lado.
Como já afirmei, creio que a sua intervenção desviou o alvo e proeurou, digamos, fixar-se na questão de Timor. Assim, afirmou que tínhamos centrado a nossa intervenção nesta questão- o que não é verdade, dissemo-lo várias vezes, está escrito - para evitar falar dos problemas do País.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Exactamente!

O Orador: - E fez aqui uma intervenção de normalidade democrática, de auto-elogio, procurando dar boas perspectivas quanto ao futuro, como se estivéssemos noutro mundo ou noutro país. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que diga: normalidade democrática seria assumir a derrota, mesmo quando prevista, e não fugir a ela.

O Sr. João Amaral (PCP): - Muito bem!

O Orador:- Lembro-lhe que, com esta atitude, não resolve o problema da responsabilidade do PSD nem a do seu Governo. Não se apagam as responsabilidades não chamando a si e não reconhecendo o desemprego, o emprego precário, as bolsas de pobreza e as dificuldades com que se debatem milhares de cidadãos devido à sua política. Não se apagam as responsabilidades, Sr. Primeiro-Ministro, não reconhecendo que, hoje, uma boa parte da juventude tem graves dificuldades em encontrar um emprego, que muitos jovens ficam às portas das fábricas, das empresas ou nelas ingressam com vínculo precário e que muitos outros têm de emigrar.
Sr. Primeiro-Ministro, não se apagam responsabilidades não reconhecendo que a sua política levou à concentração da riqueza num pólo, criando no outro pólo inúmeras dificuldades para milhares de famílias que se vêem excluídas de um nível de vida digno e do acesso à habitação, à cultura, aos tempos livres e à própria Justiça.
Sr. Primeiro-Ministro, não se apagam as responsabilidades não reconhecendo que, hoje, muitos agricultores e muitos industriais se encontram numa situação aflitiva, em virtude de uma política monetarista, que levou ao funda-

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