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17 DE MAIO DE 1996 2313

profissional muito abastado não podia estar aqui; o País de gente que tivesse uma carreira muito rigorosa de concursos, de provas prestadas de tempos a tempos, não podia estar aqui. E porquê, Sr. Deputado? É muito simples, bastam exemplos comezinhos que qualquer cidadão médio entende: um advogado de Lisboa, ou que viva aqui perto, pode perfeitamente, pela lógica do Sr. Deputado Manuel Monteiro, exercer a sua profissão e vir aqui uma vez por mês ganhar prestígio perante o País, com uma discursata, e vir duas ou três vezes por semana, às 18 horas, para votar. Mas um mesmo advogado de Bragança, de Vila Real, da Covilhã e de Faro não pode fazer isso, Sr. Deputado!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - O que é que isso tem a ver com as reformas?

O Orador: - Já lá vamos, Sr. Deputado Paulo Portas!
O mesmo advogado poderá fazer isso se for um superabastado advogado de interesses, que tenha 10 ou 20 advogados a trabalhar para ele e que vá ao escritório só assinar ao fim da tarde. Mas se for um advogado solitário, que precisa de tratar directamente com os seus clientes, não pode fazer isso.
Pergunta-me o Sr. Deputado o que é que isto tem a ver com as reformas. Tem muito a ver, Sr. Deputado Paulo Portas! Vamos a um outro exemplo concreto: um jovem académico de 32, 33 anos envereda circunstancialmente pela carreira política, onde está quatro, oito ou 10 anos, com mais quatro anos numa autarquia; passaram 12, 16 anos e esse jovem académico, que tinha 32, 33 anos, tem 49 anos, tem família, tem mulher, tem filhos.

O Sr. Presidente: - Peço-lhe que termine, Sr: Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Gerações de colegas, em igualdade de circunstâncias, progrediram na carreira, são competitivos no mercado. Por mais inteligente, por mais credível que seja esse jovem académico de há 16 anos atrás, nunca mais será competitivo comparado com os seus colegas que seguiram a sua carreira. É justo que o Estado, num dever de cidadania, possa ressarcir este cidadão de ser entregue à causa pública! Isto é que é não fazer demagogia, isto é que é encarar este problema de frente!
Para terminar, Sr. Deputado Manuel Monteiro, dir-lhe-ei que V. Ex.ª é um excelente político. Tenho admiração pessoal por aquilo que o senhor fez pelo seu partido, mas quero dizer-lhe que, nesta Câmara, não há outro Deputado que encarne tanto o que é a classe política como V. Ex.ª.
Só o conheci a fazer política na JC, não o conheci como académico, como advogado, como homem prestigiado na sociedade civil.

Aplausos do PSD e do PS.

O prestigio que V. Ex.ª tem, e que é justo, advém-lhe da forma como exerceu funções políticas e partidárias.
V. Ex.ª licenciou-se mesmo já depois de ser líder do CDS e isso não é defeito, mas o prestigio que tem advém-lhe de ser um bom líder partidário! Não ataque a classe política, porque V. Ex.ª representa, mais do que ninguém, a classe política em estado puro em Portugal.

Aplausos do PSD e do PS.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Luís Filipe Menezes beneficiou de 3 minutos que lhe foram concedidos pelo Grupo Parlamentar do PS.

O Sr. Deputado Paulo Portas pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - Para, em 5 segundos, pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Luís Filipe Menezes.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - Sr. Deputado Luís Filipe Menezes, gostaria que me respondesse ao seguinte: quem é que obrigou o seu hipotético académico de 32, 33 anos a vir para a política?

Protestos do PSD.

A vida tem opções! Todas as opções têm consequências!
Sr. Deputado Luís Filipe Menezes, não queira isentar os políticos de terem consequências pelas suas opções!

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, em 1 minuto, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Filipe Menezes.

O Sr. Luís Filipe Menezes (PSD): - Se, porventura, esse jovem académico não soubesse que tinha alguma segurança para defender o seu futuro e o da sua família não teria vindo para a política e teríamos, então, um Parlamento de velhos académicos bem instalados na vida!

Aplausos do PSD e do PS.

O Sr. Presidente: - Para defender a sua honra pessoal, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Monteiro, mas agradeço-lhe que identifique o ofensor.

Risos.

O Sr. Manuel Monteiro (CDS-PP): - É o Sr. Deputado Silva Marques, Sr. Presidente.

O Sr Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Manuel Monteiro (CDS-PP): - Sr. Presidente, regimentalmente, creio que foi esta a única forma que me permitiu usar da palavra para que uma intervenção legítima do Sr. Deputado Silva Marques não ficasse sem resposta. Quero, por isso, esclarecer a Mesa de que apenas recorro a esta figura regimental porque, caso contrário, não teria oportunidade de responder ao Sr. Deputado.
Sr. Deputado Silva Marques, de uma forma simples, quero explicar-lhe o seguinte: penso que V. Ex.ª é um homem inteligente, mas, por amor de Deus, não queira fazer dos outros burros, apesar de V. Ex.ª ser um homem superiormente inteligente.
O que eu disse, Sr. Deputado, foi que, por livre opção, tinha vindo para a carreira política. É verdade! V. Ex.ª ouviu bem que eu não fiz a comparação entre aquilo que ganhava em 1992 na minha vida privada e aquilo que ganho hoje. Não disse isso em momento algum! O que disse, e repito, é que ganharia mais - estou disso francamente convencido! - se estivesse hoje numa actividade de natureza privada do que ganho ...

Vozes do PS e do PSD: - Se...! Se...!

O Orador: - Perdão, ganharia mais! Mas venho aqui...

Protestos do PSD, do PS e do PCP.

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