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3 DE JULHO DE 1997 3099

percebido uma coisa essencial: enquanto não houver procura, a oferta não serve para nada, pelo que ele não pode promover a oferta. que também tem de promover, se não criar espaços. Pensa ou não que ele entrou numa contradição ao promover, mal, a oferta, dando subsídios, em vez de continuar a fazer aquilo que estava a ser feito, e bem, que era «dar uma cana para pescar»? É que as pessoas só pedem condições, não pedem mais nada e, no estado em que está o mercado das artes, é natural que o Estado intervenha para lhes criar essas condições. Portanto, não estão a ser dadas às pessoas condições para uma oferta estável e sustentada e não há nada para fomentar o público.
Considerando que foi La Féria - pelo menos, este mérito inegável ele teve - quem fez a grande reconciliação com o público, porque o que tornou a trazer o público ao teatro foi, de facto, La Féria; considerando que vivemos num país que encheu os seus teatros com todas as camadas sociais, teatros que ficaram reduzidos a teatros experimentais, que, durante 30 anos, experimentaram, experimentaram, experimentaram até ficarem vazios e só com moscas, reconciliação que, repito, foi feita por La Féria, gostava que o Sr. Deputado Manuel Frexes me respondesse, mas o Sr. Deputado José Magalhães também pode responder, se realmente esta contradição, nos próprios termos, não irá ser um passo atrás na actividade teatral portuguesa.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Frexes.

O Sr. Manuel Frexes (PSD): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Maria José Nogueira Pinto, começo por agradecer o facto de me ter feito esta pergunta.
Sabe, Sr.ª Deputada, o Sr. Deputado José Magalhães nunca lhe poderia responder a essa sua pergunta por uma razão muito simples: é que ele nada tem a dizer, porque a política cultural deste Governo nesta matéria tem sido zero.

Vozes do PSD: - Exactamente!

O Orador: - Por exemplo, posso testemunhar que relativamente à política de aquisição, recuperação e valorização de recintos culturais nos últimos 10 anos, aquela que alguns chamam «política do cavaquismo», recuperámos mais de 100 cine-teatros em todo o País.
Reabrimo-los e novas companhias foram instaladas. Fizemos a descentralização, há companhias em todos os distritos do País.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - E agora fecha-se!

O Orador: - E agora qual é a política do Governo socialista? Fechar os teatros, mandar os trabalhadores para o desemprego e pôr os encenadores na rua.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É esta a política teatral do Governo socialista.

Vozes do PSD: - Exactamente!

O Sr. José Magalhães (PS): - Demagogia!

O Orador: - Além disso, o problema deste Ministro é que quer funcionalizar toda a cultura. Ele não gosta de encenadores que tenham um espírito empresarial. ele não gosta de encenadores que possam conjugar a captação de público com o mecenato, ele não gosta de encenadores que possam agir livremente fora da sua alçada.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - É uma ofensa à cultura!

O Orador: - Esse é que é o grande problema da cultura socialista.

Protestos do PS.

Têm muita dificuldade em lidar com aqueles que não são funcionários da cultura, nem funcionários socialistas. Daí que a única política que temos visto seguida pelo Partido Socialista - e veja-se o caso do Politeama e outras coisas se farão sem dúvida, a não ser que venha novamente a desautorização do Ministro ao Secretário de Estado,...

Vozes do PSD: - O que começa a ser corrente!

O Orador: - ... o que também pode ocorrer, porque já é normal -...

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Neste Governo é normal!

O Orador: - ... seja a de ignorar e esquecer os valores essenciais e as infra-estruturas culturais portuguesas.

Aplausos do PSD e da Deputada do CDS-PP Maria José Nogueira Pinto.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Maninho.

O Sr. António Martinho (PS): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Manuel Frexes disse que, enquanto membro do Governo, teve muito orgulho da política cultural de então.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Como é natural!

O Orador: - Olhe, a sua intervenção retrata a sua política cultural: falou durante 1 minuto do caso de Boticas e durante 8 minutos do caso do Politeama, o mesmo é dizer falou durante 8 minutos de Lisboa. Era esta a vossa política cultural. Ou seja, os grandes problemas são os de Lisboa e os pequenos problemas, que são os do resto do País, têm uns pozinhos. E assim fez!
Sr. Deputado, lembra-se, por exemplo, do que acontecia com as companhias de teatro? Lembra-se quais eram os apoios que davam às companhias de teatro, por exemplo, do interior?

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): Oh!...

O Orador: - Lembra-se do descontentamento das companhias de teatro?

Vozes do PS: - Diga lá!

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