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12 DE NOVEMBRO DE 1998 617

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Orçamento.

O Sr. Secretário de Estado do Orçamento (João Carlos da Silva): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, esperávamos ansiosamente pelo texto escrito do discurso de V. Ex.ª para podermos estudar atentamente as propostas do PSD, mas como, com certeza, a intervenção do Sr. Primeiro-Ministro se encarregou de «destruir» o seu discurso, V. Ex.ª acabou por ter apenas algumas notas para fazer um improviso. Porém, não há problema, nem, por isso, deixamos de ficar à espera dessas propostas.
Aproveito este pedido de esclarecimento para dar também um esclarecimento - e espero que seja definitivo! - a V. Ex.ª sobre a questão da operação dos 159 milhões de contos para o Serviço Nacional de Saúde.
Em 18 de Dezembro de 1997, o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares remeteu aos Srs. Deputados um documento onde referia qual era o défice acumulado do Serviço Nacional de Saúde no final de 1997: 159 milhões de contos. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a operação financeira do Serviço Nacional de Saúde é para pagar o défice acumulado do Serviço Nacional de Saúde até 31 de Dezembro de 1997.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - E o deste ano?

O Orador: - Quanto àquilo que a Sr.ª Deputada chamou o «défice de 1998», com certeza V. Ex.ª sabe, porque já teve responsabilidades nessa área, que a execução do Orçamento de 1998 se faz - como V. Ex.ª disse na Comissão, demonstrando que conhece muito bem - por orçamento de caixa, sendo, portanto, revelado em contabilidade pública tudo aquilo que for efectivamente pago, mas em contabilidade nacional tudo aquilo que é assumido como compromissos e não pago. Assim sendo, VV. Ex.as sabem muito bem que este défice, até 31 de Dezembro de 1997, já está devidamente reflectido nos défices anunciados para 1997, 1996 e 1995 e que, quando o Governo diz que o défice para 1998, em contabilidade nacional, é de 2,3, aí já está reflectida a execução em contabilidade pública, com as devidas correcções, em contabilidade nacional.
O que está aqui em causa, Sr.ª Deputada, é que VV. Ex.as têm a memória muito curta e esquecem-se de que V. Ex.ª, no Conselho de Ministros, quando era membro do Governo, aprovou uma operação que é diferente desta numa coisa, ou seja, aprovou uma proposta de lei de Orçamento do Estado para 1995, que foi aqui discutida em 1994, e que assumiu despesa do Serviço Nacional de Saúde até 30 de Novembro de 1994. Essa operação, à luz do que V. Ex.ª disse, era bem ou mal feita?

Risos do PS.

Tenho aqui o despacho feito por três secretários de Estado, um mês depois de esta norma, aprovada por V. Ex.ª em Conselho de Ministros, ter sido publicada, em que, aí sim, VV. Ex.as passaram as dívidas de 1994 directamente para a dívida pública. Ora, se agora vêm, servindo-se de algo que não pode deixar de ser classificado como hipocrisia política, «fazer cavalo de batalha» desta matéria, de duas, uma: ou é para obterem benefícios políticos demagógicos ou, então, para tentarem atacar o Serviço Nacional de Saúde.

Aplausos do PS.

Quanto ao défice, a Sr.ª Deputada começou por dizer que o Governo não faz os ajustamentos que deveria, que está a adiar os ajustamentos. Sr.ª Deputada, entendo por ajustamentos alguma aceleração na redução do défice, na contracção da despesa. Muito bem. Pois nós estamos à espera das propostas de VV. Ex.as para diminuir o défice, ou seja, propostas que diminuam a despesa e aumentem a receita. Mas, já agora, digo-lhes: não apresentem propostas para diminuir transferências para a segurança social e para as autarquias locais e para diminuir os salários reais dos trabalhadores da função pública, nem apresentem propostas para aumentar os impostos, porque essas vamos rejeitá-las - aliás, não nós, mas o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, com certeza.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado do Orçamento, não sabe como me lisonjeia ter havido um membro do Governo a interpelar um Deputado e, ainda por cima, o senhor, que era quem normalmente «me fazia marcação» aqui da bancada e que, pelos vistos, ainda não foi substituído e continua a «fazer-me marcação», agora, dessa bancada.

Aplausos do PSD.

Fiquei também bastante lisonjeada com a sua preocupação pelo facto de eu ter feito um discurso de improviso. É verdade que o fiz de improviso. E fi-lo de improviso, porque já o tinha feito de improviso. E tinha-o feito de improviso, porque, enfim, admiti que, sendo uma matéria que já conhecia, poderia fazê-lo. Além disso, devo dizer-lhe, como o Sr. Presidente bem sabe, que, esta manhã, os computadores estavam bloqueados, mas não todos, apenas os do PSD...

Vozes do PS: - Ah!

O Sr. Presidente: - Espero que não tenha sido sabotagem, Sr.ª Deputada...

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Foi o Duarte Lima!

A Oradora: - Em todo o caso, Sr. Secretário de Estado, esse não é um ponto importante, porque se havia uma coisa de que tínhamos a certeza era que o Sr. Primeiro-Ministro ia recuar; tínhamos a certeza de que o Sr. Primeiro-Ministro não teve conhecimento do agravamento fiscal que ia recair sobre as classes médias - tal como, há um ano atrás, também não tinha tido muita consciência da questão da colecta mínima - e que, evidentemente, hoje, vinha recuar. Portanto, se pensa que isso é uma surpresa, posso dizer-lhe que não é rigorosamente surpresa nenhuma. Era mais do que evidente que, perante a reacção da opinião pública, que não era só da oposição mas também de todos os analistas políticos, das empresas de consultadoria, todos eles diziam o mesmo, o Sr. Primei-

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