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4106 | I Série - Número 075 | 16 de Abril de 2004

 

destinada a um público vasto, muito mais vasto do que aquele que tradicionalmente consumia as efémeras publicações literárias. Era a revista Ler, onde escreveram homens e mulheres de pensamento livre como João José Cochofel, José Cardoso Pires, Maria Lamas, Mário Dionísio, José Régio, Delfim Santos ou Orlando Ribeiro.
Como homem de causas e de princípios, como espírito livre, que sempre conseguiu construir e sustentar projectos editoriais à margem das influências políticas ou das pressões económicas, como empresário editorial, que ousou transformar o livro num objecto de consumo generalizado, como trabalhador incansável que quase sem ter deixado o seu posto nos faleceu, levando consigo o título de "Mais Velho Editor do Mundo", e sobretudo como exemplo de homem vertical, de espírito iluminado, de antifascista convicto e activo, de empresário sem medo, e de trabalhador infatigável. Francisco Lyon de Castro foi um daqueles filhos de que qualquer pátria se deverá orgulhar.
Por isso, por ocasião da sua morte, a Assembleia da República, sob proposta dos Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, curva-se respeitosamente em homenagem a Francisco Lyon de Castro.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Já foi feito pelos oradores que me precederam o elogio da figura e o inventário da obra deixada por Francisco Lyon de Castro.
Poderá dizer-se que a minha geração durante a adolescência não conheceria qualquer livro publicado no estrangeiro se não fosse Lyon de Castro, porque as primeiras traduções portuguesas de Literatura Universal foram produzidas sob as edições Europa-América, aventura de que Lyon de Castro foi fundador e depois o grande promotor.
Nos tempos da nossa juventude universitária procurávamos avidamente, todos os meses, os livros que saiam e as edições da Europa-América, porque só através dessa casa os universitários de Lisboa e de Coimbra e todos aqueles que gostavam de ler ficavam a par do que se passava na literatura mundial. Foi também o inaugurador dos "livros de bolso".
Teve sempre o cuidado de não pôr preços altos. Lembro-me de que fazia descontos especiais aos associados e que aqueles que lhe escrevessem directamente sobre determinado livro que gostariam de ler mas que não tinham posses para o comprar (conheço alguns casos), Francisco Lyon de Castro nunca se esquecia desses pedidos e mandava-os como oferta pessoal.
Muitos daqueles que hoje têm conhecimento das grandes obras literárias do século XX devem-no ao trabalho e à ambição de Francisco Lyon de Castro, que foi o fundador da célebre revista Ler.
Não vamos aqui fazer a história da sua vida política, não é isso que está hoje em causa, mas deve dizer-se que Francisco Lyon de Castro foi uma personalidade importante do Partido Comunista Português nos anos 30.
Teve, como sucede em todos os partidos, as suas desavenças com a hierarquia oficial do partido. Os historiadores do Partido Comunista Português descrevem, como, aliás, o fez hoje num matutino o Dr. Pacheco Pereira, em prosa de homenagem, algumas das peripécias da sua vida de resistente à ditadura, o modo como ele, apesar de ter sido expulso do PCP, nunca deixou de proteger aqueles que estavam dentro do partido e também os que foram expulsos.
Mas, apesar das suas profundas convicções, apesar de todas as vicissitudes políticas que sofreu, Lyon de Castro é um homem que marca uma época, a formação intelectual de gerações inteiras, que, só por causa dele, são hoje homens cultos.
Por isso mesmo devemos-lhe esta homenagem neste Parlamento.
O CDS-PP não pode esquecer estes aspectos do grande divulgador da cultura e um cidadão ilustre que serviu Portugal.

Vozes do CDS-PP e do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lino de Carvalho.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Lyon de Castro foi mais do que editor e livreiro, como genericamente é mais conhecido. Lyon de Castro foi, antes de mais, uma figura de democrata, de anti-fascista, de lutador pela liberdade, que, através do livro e da editora que criou, deu um importante contributo para a divulgação da cultura.
Mas também deu um importante contributo, sobretudo antes do 25 de Abril, para fazer da cultura um espaço de resistência e de liberdade contra o obscurantismo da ditadura.

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