I SÉRIE — NÚMERO 36
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semestre se consumiu cerca de 70% daquilo que estava previsto para o total do ano. Portanto, julgo que esse
indicador-síntese é suficiente…
O Sr. João Galamba (PS): — Não é suficiente, não!
O Sr. Secretário de Estado do Orçamento: — … para verificar e demonstrar esse desvio.
Chamo-lhe a atenção também para o seguinte: o quadro que o Sr. Deputado refere relativamente ao
Relatório do Orçamento do Estado para 2012 reporta-se às contas das administrações públicas, e é isso que
consta da página 55.
Ora, acontece que aquilo que estamos aqui a discutir não é o conjunto das administrações públicas, mas,
sim, o Orçamento rectificativo. Portanto, não estamos a falar da mesma coisa, há outras entidades que não
fazem parte do Estado e onde este desvio também se acumula.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do BE Luís Fazenda.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João
Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: No debate
do Programa do Governo, num dia 15, há cerca de dois meses, o Sr. Ministro das Finanças anunciou com
pompa e circunstância que iria apresentar um segundo Orçamento rectificativo, onde todas as malvadezas do
desvio orçamental do primeiro semestre seriam provadas.
Sucede que o confrontei aqui com uma pergunta e o Sr. Secretário de Estado não me respondeu, remeteu
para uma coisa que foi caracterizada pelo Sr. Ministro das Finanças como «uma técnica comunicacional para
não-especialistas», ou seja, demagogia. O Sr. Ministro das Finanças disse ipsis verbis na televisão que a
história que o Sr. Secretário de Estado acabou aqui de contar, de que no 1.º semestre ter-se-ia consumido
70% da dotação orçamental, era «uma técnica comunicacional para não-especialistas».
Sr. Secretário de Estado, peço-lhe que não trate os Deputados deste Parlamento como «não-
especialistas»!! Há aqui Deputados membros da Comissão de Orçamento e Finanças (e outros, já agora) que
também merecem o seu respeito e, portanto, pedia-lhe que não repetisse uma justificação que o seu próprio
Ministro classificou de demagógica. Portanto, não volte a repetir essa afirmação dos 70%, porque não bate
certo!
Responda às perguntas que lhe faço, Sr. Secretário de Estado!
O Sr. Secretário de Estado continua a insistir em desvios, que a execução orçamental do INE, do
Documento de Estratégia Orçamental (DEO)…, a análise da UTAO não confirmam!… Portanto, pode repetir as
vezes que quiser, mas não é por repeti-lo várias vezes que isso se torna verdade, Sr. Secretário de Estado!
É fundamental — aliás, o Sr. Ministro das Finanças disse-o ontem — que maioria e Deputados da oposição
cheguem a um acordo quanto à base de que parte o Orçamento do Estado.
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
E o problema é que isso não está garantido e quem faz com que isto não esteja garantido são os senhores,
porque apresentam, sistematicamente, documentos diferentes que se contradizem entre si; apresentam
valores que não são confirmados…
Portanto, Sr. Secretário de Estado, vamos entender-nos de uma vez por todas! Esta «novela» do desvio
tem de acabar e não acaba por decreto, não acaba porque o Sr. Secretário de Estado diz que acabou! Não!
Acaba no momento em que forem apresentadas provas e fundamentações em documentos oficiais, não em
quadros que o Sr. Ministro apresenta em PowerPoint. São os documentos oficiais que nos permitem uma base
de apoio para chegar a um valor partilhado. E, neste momento, Sr. Secretário de Estado, quem está em dívida
é o seu Ministério, é o senhor e é o Sr. Ministro!