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22 DE DEZEMBRO DE 2011

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É curioso que, na sequência da intervenção do Secretário de Estado da Juventude (que pensávamos ter-se

tratado de um lapso), o Sr. Primeiro-Ministro reincida no erro, e reincida no erro de uma forma que, aliás,

poderia não ter reincidido. Basta imaginar o investimento que podia fazer-se para assegurar a escolaridade

obrigatória até ao 12.º ano para perceber facilmente que há, de facto, necessidades para prover postos de

trabalho para professores em Portugal. Basta pensar um pouco nos postos de trabalho que o Sr. Primeiro-

Ministro imagina que poderiam estar disponíveis, no Brasil ou em Angola, para evidenciar que, no fundo, não

está a oferecer qualquer elo dourado; está a oferecer postos de trabalho menos bem remunerados e em

condições muito abaixo daquelas que se encontram em Portugal, porque os níveis de rendimento são

diferentes. Portanto, não se trata da promessa de uma zona de conforto do outro lado do Atlântico, mas, sim,

da promessa de uma zona de duplo desconforto noutros pontos do País.

Ontem, ouvimos ainda o Eurodeputado Paulo Rangel acrescentar a ideia de promover a criação de uma

agência com vista ao auxílio à emigração. Não deixa de ser curioso para nós, que nos recordamos dos

cartazes da campanha eleitoral do PSD para as eleições europeias, em que o hoje Eurodeputado Paulo

Rangel propunha a criação de um Erasmus para o primeiro emprego para todos, que se tenha esquecido de

referir, em nota de rodapé, que é um primeiro emprego fora só com um bilhete de ida, sem bilhete de volta!

Verdadeiramente, o busílis da questão está aí.

Aplausos do PS.

Ou seja, quando estão na oposição, o discurso vai claramente num sentido, mas perante a possibilidade, a

invejável oportunidade de fazer alguma coisa, aquilo a que se assiste é a um baixar de braços completamente

inaceitável.

Recusamos, pois, totalmente, a ideia de um êxodo bíblico daqueles que têm de sair porque não encontram

melhores oportunidades. Sabemos que há caminhos diferentes, caminhos alternativos e, por isso, a

intervenção da Sr.ª Deputada é muito pertinente.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, de facto, ficámos todos

absolutamente estupefactos com as palavras do Sr. Primeiro-Ministro. Creio mesmo que podemos arriscar

dizer que até os Grupos Parlamentares do PSD e do CDS-PP ficaram um pouco atrapalhados. Criou-se aqui

um mecanismo…, um grupo de interpretação canónica…

Risos do Deputado do BE Francisco Louçã.

… sobre o que querem dizer exactamente as palavras do Sr. Primeiro-Ministro, Passos Coelho.

Penso, contudo, que não devemos ir demasiado longe ou arriscar nessa interpretação, porque as palavras

são muito claras.

O Sr. Primeiro-Ministro disse que, nos próximos anos, haverá muita gente em Portugal que, das duas uma:

ou consegue estar disponível para outras áreas — não para o serviço público, não para a área educativa —

ou, querendo manter-se, sobretudo como professores, pode olhar para todo o mercado da língua portuguesa e

encontrar aí uma alternativa. É um convite à saída.

Depois, há sugestões: o Sr. Primeiro-Ministro sugere o Brasil — enfim, é um destino aprazível; a seguir, o

Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares diz «estive agora mesmo em Moçambique…» — outro destino

aprazível. Há muitas sugestões apresentadas pelo Governo como destino possível para os jovens mais

qualificados da história portuguesa.

Esta é a questão central.

Um governo que tenha uma estratégia e uma alternativa diz aos seus jovens que estão na força da vida,

com a maior qualificação que a história da democracia lhes permitiu dar, ser absolutamente necessário que

estejam aqui, que estejam presentes e conscientes de que têm de ajudar o País e a sociedade portuguesa a

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