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I SÉRIE — NÚMERO 104

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propinas; temos jovens impedidos de prosseguir o seu percurso educativo e há um crescendo de jovens a

abandonar o ensino superior.

Há, por isso, uma falência óbvia do discurso do Governo. Quando se precisa de mais jovens qualificados, o

Governo responde a esta realidade com uma diminuição de oferta no ensino superior. Ao esgotamento das

famílias portuguesas, o Governo responde com menos ação social e, à situação de alerta vermelho da

juventude portuguesa, o Governo responde com livros brancos. É por isso que está tudo ao contrário, Sr.ª

Deputada Heloísa Apolónia.

Quero fazer-lhe uma pergunta: perante os números anunciados e a mudança sucessiva de terminologia,

como se isso fizesse diferença no sucesso dos programas de combate ao desemprego jovem, considera a Sr.ª

Deputada que há um único jovem neste País que acredite que vai ser visado por este novo impulso do impulso

que já vem do outro Impulso Jovem?

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — É que, Sr.ª Deputada, estamos convencidos que a ótica do Governo ficou

clara para o País e para toda a gente.

Na ótica do Governo, este País não é para jovens. Mas que fique bem claro, ao mesmo tempo, que, na

ótica dos jovens portugueses, este Governo também não é para este País!

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Pisco, do PS.

O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, começo por felicitar Os

Verdes pela discussão que aqui nos trazem, porque tem a ver com o futuro dos nossos jovens e, sobretudo,

com o futuro do nosso País.

O Parlamento aprovou recentemente uma resolução do PS que alertava precisamente para a necessidade

de o Governo sair da passividade em que se encontra em relação aos elevados fluxos migratórios que atingem

uma parte importante da nossa população, designadamente da nossa população jovem e com qualificações,

porque não encontram possibilidade de poderem realizar-se profissionalmente no nosso País.

Na realidade, estamos perante a geração mais qualificada de sempre, mas também temos o azar de

estarmos perante o Governo mais desqualificado da nossa democracia,…

Aplausos do PS.

… que não hesitou sequer em mandar emigrar a sua gente, o que é uma afronta para as sucessivas

gerações de portugueses que lutaram precisamente para interromper os fluxos migratórios que, em alguns

momentos da nossa história, tiveram uma carga tão dramática, como aconteceu nos anos 60 e 70.

Estamos, por isso, perante o maior desperdício de recursos humanos a que o nosso País já assistiu,

particularmente recursos qualificados, cujas perdas a OCDE calcula serem acima dos 20%.

Estamos perante um Governo totalmente insensível aos danos pessoais e sociais causados pela

emigração forçada de jovens que se prepararam para ter uma carreira profissional qualificada e, hoje, muitos

estão a fazer trabalhos indiferenciados e mal pagos, quantas vezes em condições de grande precariedade, em

países como o Luxemburgo, a França ou a Suíça.

Os programas que o Governo lançou, e que aqui têm sido referidos, designadamente o Impulso Jovem, são

um fracasso rotundo, com se constata pelo persistente aumento do desemprego jovem.

Com a austeridade cega e absurda, este Governo está a condenar toda uma geração porque incutiu nela

um estado de espírito de profunda descrença no nosso País, como se conclui, por exemplo, no estudo recente

das associações académicas que revelam que 7 em cada 10 estudantes pretendem deixar o nosso País

quando terminarem os seus estudos universitários.

A questão central que gostaria de colocar à consideração da Sr.ª Deputada prende-se com o seguinte:

recentemente, o Primeiro-Ministro italiano, Enrico Letta, pediu desculpa aos milhares de italianos que foram

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