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14 DE DEZEMBRO DE 2013

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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, gostaria de começar por deixar

uma nota: intervenções como a que fez só desconsideram as dificuldades que hoje os portugueses sentem

nas suas vidas.

O Sr. João Oliveira (PCP). — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Sr. Primeiro-Ministro considerou que a sua política, a execução do

pacto de agressão, está a ser um êxito, que estamos no bom caminho, que há sinais para aqui e para acolá…

Escolheu bem o dia para dizer tal coisa, uma sexta-feira dia 13. Faço-lhe uma proposta: acerte melhor o

debate para o dia 1 de abril, dia das mentiras, porque é o que justifica melhor a sua intervenção.

Estamos, de facto, num País mais dependente, mais endividado, com mais pobreza, com mais exploração,

com mais injustiças, e o Sr. Primeiro-Ministro vem dizer que a sua política tem sido um êxito.

O grande problema é que essa propaganda discursiva confronta e afronta a realidade que vivemos.

Dizem que há sinais de que o PIB cresceu ou, melhor dizendo, à cautela, que há um abrandamento da

recessão, não dizendo nunca que aquilo que, de facto, cresceu foi o número de multimilionários e as 25

maiores fortunas do nosso País, nunca dizendo que aquilo que cresceu, de facto, foram os portugueses que

estão em situação de pobreza ou em risco de pobreza e que são 2,7 milhões.

Com estas duas estatísticas, Sr. Primeiro-Ministro — fala sempre tanto em estatísticas —, ainda se atreve

a vir aqui dizer que os sacrifícios têm sido equitativos?!

Dizem que austeridade está a abrandar. A verdade é que, ainda ontem, confirmou, na entrevista que deu,

que o saque aos salários e às pensões não só é para continuar como também é para perpetuar.

Vivemos num País em que os trabalhadores, depois da sua governação, trabalham mais e recebem

menos.

Dizem que o desemprego está a diminuir — ainda há pouco fez esse exercício. O que não diz é que

cresceu o número de jovens desempregados e emigrados, jovens que hoje crescem no vazio, jovens que hoje

não têm uma ponta de esperança em relação ao futuro.

O Sr. Primeiro-Ministro falou de emprego. Trata-se do mesmo Governo que se prepara para despedir

milhares de trabalhadores da Administração Pública, colocando-os até ao fim do ano na «incubadora» da

mobilidade, o mesmo Governo que quer despedir 600 trabalhadores nos Estaleiros de Viana do Castelo.

Como é que acerta a cara com a careta?

O Sr. Primeiro-Ministro vem dizer que este Governo considera que vai haver mais emprego, quando é o

autor material de despedimentos em massa!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP). — Sr. Primeiro-Ministro, consideramos que esta política está a conduzir

Portugal para o desastre e, por isso mesmo, comecei a intervenção com uma crítica, ou uma acusação, se

quiser. Como é que, neste País, que pulsa hoje de indignação, neste País, em que há sofrimento resultante do

desemprego, da pobreza, dos cortes, de uma política que está a transferir apenas para os poderosos, para o

grande capital, milhares de milhões à custa desse sacrifício, pode dizer aqui, nesta Casa, com todos

portugueses a ouvir, que as coisas vão no bom caminho?! Está enganado! Não minta mais! Diga a verdade.

Enquanto este Governo se mantiver a governar, nunca mais conseguimos resolver os problemas.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o País está a caminhar para

encerrar o seu Programa de Assistência Económica e Financeira e isso não pode ser um desastre, Sr.

Deputado.

Podemos ambos concordar que é grave a situação social que se vive no País e que, portanto, o preço

social desta crise é muito elevado. Sabemos que é. Como aqui sugeriu, nunca me ouviu desconsiderar a

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