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I SÉRIE — NÚMERO 29

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O Sr. Secretário de Estado do Desporto e Juventude: — … que agora também podem ser parceiras

neste programa de mobilidade internacional para montarmos mais ações de formação para ajudar os jovens

desses distritos a criarem e a montarem as propostas para poderem, ao longo do próximo ano, candidatar-se e

serem bem-sucedidos nas suas candidaturas.

Não ficamos à espera que as pessoas façam de per si, trabalhamos em rede, em parceria, vamos lá e

ajudamos a montar as candidaturas.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Secretário de

Estado, sete Srs. Deputados, a saber, um do Bloco de Esquerda, dois do PCP, um do PS, dois do PSD e um

de Os Verdes.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, vem falar-nos da realidade do

País que visitou. Saberá que, nesse País que visitou, há uma em cada três crianças que vive na pobreza. São

crianças que nunca vão ter iguais oportunidades, sejam quais forem as medidas do livro branco, do livro azul

ou do livro verde.

A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD):— Não?!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — São crianças que, provavelmente, não terão dinheiro para pagar a

universidade e muito menos para fazer Erasmus, porque o nível das bolsas é tão baixo que impede o acesso a

esse programa de uma grande parte dos estudantes portugueses.

Saberá, nesse País que percorreu, que 19%, um em cada cinco jovens, entre 15 e 34 anos estão

desempregados — um em cada cinco até aos 34 anos!

Mas, mesmo os quatro que estão empregados, ou supostamente empregados, é preciso ver quem são,

onde estão e que realidade vivem, porque 27 632 são contratos de emprego-inserção. São desempregados a

trabalhar à borla para o Estado e para IPSS!

Saberá que 40 000 são estágios, não são empregos. E há uma grande diferença entre um emprego e um

estágio limitado no tempo!

Saberá que, neste País que percorreu, há 1,1 milhões de pessoas que são precárias. Há mais de um

milhão de precários neste País, e a maioria são jovens! São jovens que trabalham em part-time, são jovens

que estão na caixa do Continente, são jovens que estão na caixa do Pingo Doce, são jovens que estão a repor

stocks no Pingo Doce, são jovens que enchem os edifícios de Lisboa de call centers para a PT, para a EDP,

seja para quem for. São os jovens que todos conhecemos que são precários.

Saberá também o Sr. Secretário de Estado que a realidade deste «fantástico» País de oportunidades é a

de um País de onde fugiram, desde 2011, 166 121 jovens. E dizemos que começou em 2011, porque, de

facto, esta massa de emigração jovem começou nesse ano. Se tivesse começado mais cedo, digo-lhe já, não

havia jovens no País. Se tivéssemos jovens a sair a esta taxa de 166 000 a cada três anos não havia jovens

no País. Basta fazer contas! Estes jovens não emigraram porque quiseram ou porque foram à procura de

oportunidades!

Não nos venham falar do direito à mobilidade.

A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — E falar de alguma coisa de útil, Sr.ª Deputada?

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Não nos venham falar da emancipação que se escreve em livros

ficcionais, sejam eles brancos ou amarelos. Falem-nos, em vez disso, do direito a não emigrar! Falem-nos, em

vez disso, do direito a poder escolher ficar, poder escolher viver neste País! Falem-nos, em vez disso, da

emancipação que só pode vir do direito a um emprego digno, da emancipação que só pode vir do direito a um

salário digno, da emancipação que só pode vir do direito a uma vida de estabilidade.

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