I SÉRIE — NÚMERO 79
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um prato, uma ementa para oferecer. Acho que isso não é correto. O desperdício alimentar tem a ver com a
gestão que se faz dos alimentos e das refeições. Essa é outra discussão completamente diferente.
Para rematar, Sr.ª Presidente, quero dizer o seguinte: compreendo uma crítica que o CDS faz no sentido de
dizer que há outras dietas e outras necessidades, até para efeitos de saúde. Estou em crer, Sr.ª Deputada, que
aos poucos vamos começar a atingir tudo.
Lembra-se, Sr.ª Deputada, que no Orçamento do Estado também propusemos para Programa de Leite
Escolar a introdução do leite sem lactose, mas há outros leites que ficaram de fora e que, eventualmente, vão
ter de ser introduzidos.
Portanto, o que acho é que não temos de querer tudo para ir dando passos para que a liberdade de opção
das pessoas seja assegurada. É esse o contributo que Os Verdes gostariam de dar.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra
o Sr. Deputado Jorge Costa.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Há dois argumentos que se opõem às
propostas apresentadas. Um é o argumento pobre, que foi agora referido, que diz que os custos são uma
objeção. Se os custos fossem uma objeção, a medida que o Parlamento ainda há pouco tempo aprovou, a de
favorecer a produção local e a agricultura familiar, também não teria sido aprovada, porque, se tivermos um
critério económico estrito, é muito mais barato ir comprar à grande produção industrial e à grande distribuição.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Ninguém disse isso, mas devíamos ponderar tudo isso!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Aqui também se trata de privilegiar a oferta da qualidade e respeitar a
diversidade das opções.
O segundo é o argumento antivegetariano estrito que nos foi trazido pelo CDS de forma um pouco
surpreendente, porque parece confundir a dieta vegetariana com a dieta tibetana. Parece que enquanto não
houver nas cantinas públicas oferta kosher ou halal não poderá haver oferta vegetariana.
Esse não é um argumento que possa ser trazido ao debate. O vegetarianismo ou a dieta vegetariana não é
uma matéria de opção religiosa, é uma matéria de opção nutricional e dietética e é essa diversidade que deve
ser respeitada.
O que é necessário é que haja equilíbrio na dieta vegetariana, como na dieta omnívora tradicional.
O que acontece a alguém que só coma bife e batatas fritas é o que acontecerá a alguém que só coma alface
e tomate. Mas esse equilíbrio, que tem de estar presente em qualquer das ofertas nas cantinas,…
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — E já está!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — … é qualquer coisa que é preciso preparar.
A objeção, como disse também a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, mais razoável que aqui foi levantada
prende-se com o tempo e a necessidade de preparar essa transição.
Sobre isso, penso que aqui se podem construir acordos fortes que nos permitam melhorar essa oferta na
cantina pública, melhorar essa diversidade e respeitar a opção vegetariana que é, hoje, mais generalizada do
que era ainda há pouco tempo e que cada vez mais portuguesas e portugueses optam por fazer.
Aplausos do BE e do PAN.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, concluímos assim os trabalhos de hoje.
A próxima reunião plenária realizar-se-á amanhã, a partir das 10 horas, com a seguinte ordem do dia: do
primeiro ponto, consta um agendamento potestativo do PS, sobre economia e empresas e, do segundo ponto,
estão agendadas, sem tempos de discussão, as propostas de resolução n.os 4/XIII (1.ª) — Aprova a Convenção
entre a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe para Evitar a Dupla Tributação