2 DE JULHO DE 2016
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o lado e não deixa de ser espantoso que queira transformar uma crise bancária que foi internacional e que ainda
é hoje europeia,…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
… repito, uma crise bancária que foi internacional e que ainda é hoje europeia e nacional, numa característica
do socialismo.
De facto, Sr. Deputado, isto é espantoso e mostra que se há aqui alguém com algum problema de memória
não sou certamente eu.
O Sr. Deputado, bem como o seu líder, que há pouco tempo fez uma afirmação semelhante, parece não
entender que um banco não tem de ter apenas capital e liquidez. Um banco pode ter o capital que tiver que, se
os seus ativos e o seu balanço não tiverem rentabilidade suficiente para gerar capital organicamente, o banco
não tem um modelo de negócio viável.
Protestos do PSD.
O Sr. Deputado disse aqui que baixámos imenso o rácio de transformação, mas até lhe digo que, no caso da
Caixa, baixámos demais, porque o rácio de transformação da Caixa está em pouco mais de 80%.
Portanto, Sr. Deputado, garantir a solidez e a viabilidade do modelo de negócio é fundamental, mas posso
garantir-lhe que o que os senhores fizeram no passado não foi viabilizar o modelo de negócio nos bancos. De
facto, o que fizeram foi tentar encher um balde furado. Podem pôr o capital que quiserem que, se o balde estiver
furado, estão a deitar dinheiro para a rua. E foi isso que aconteceu.
O Sr. Deputado ignora que a abordagem do seu partido em relação a todas estas matérias parece ser a de
que não é urgente?
Acha normal que, em dezembro de 2014, uma comissária europeia tenha dito que já não podíamos adiar
mais o problema, que ele tinha de ser resolvido imediatamente, definindo um prazo até março, com o qual a ex-
Ministra das Finanças, agora sentada na sua primeira fila, se comprometeu, e essa mesma Ministra das
Finanças não tenha entregue a carta a ninguém, inviabilizando o cumprimento desse prazo?
Pelos vistos, Sr. Deputado, o BANIF não era urgente, a Caixa não era urgente, nenhum problema do setor
financeiro era urgente! Felizmente, Sr. Deputado, o PSD e o CDS já não estão no Governo, porque se
estivessem sabíamos que não tentariam resolver nada. E com um objetivo, sobretudo quanto à Caixa. É que já
se percebeu o que é que os senhores queriam fazer na Caixa. O que queriam fazer na Caixa era não resolver
o problema para tornar inevitável a sua privatização.
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Oh!…
O Sr. João Galamba (PS): — Pode dizer «Oh!» as vezes que quiser, mas todos nos lembramos de
sucessivas declarações do Presidente do seu partido. Lá porque agora, convenientemente, tenha alterado a sua
posição, não nos esquecemos do que defendeu sucessivas vezes, e o comportamento negligente, como
acionista, quer no BANIF quer na Caixa é prova disso mesmo.
É que se há um problema com o BANIF e com a Caixa e a única coisa que Passos Coelho diz é que está
muito preocupado com a Caixa, não dizendo uma única palavra sobre o BANIF e, se o BANIF tinha o problema
que tinha, torna-se bem claro qual era o objetivo. O objetivo era o de degradar a Caixa para a poder privatizar.
Infelizmente, hoje, parece ser isso que pretendem fazer.
Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, em relação ao Novo Banco e à Caixa Geral de Depósitos temos uma
divergência, não porque eu não defenda um reforço da posição pública no setor financeiro mas porque, neste
momento, assegurar um banco público exige investimento e eu tenho dúvidas de que o Estado tenha capacidade
financeira para assegurar o investimento necessário para viabilizar dois ativos da dimensão da Caixa e do BES.
Portanto, Sr.ª Deputada, prefiro centrar-me e apostar no banco que já é público, que é um ativo essencial
para o setor financeiro português.
A Sr.ª Deputada Cecília Meireles também está um pouco baralhada. Há uns meses achava que setembro
era depois de outubro,…