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I SÉRIE — NÚMERO 1

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Os serviços de informações da República tomam conhecimento do desaparecimento das armas pela

comunicação social e a unidade antiterrorismo só reúne dois dias depois do presumível assalto.

Não são confirmados ou desmentidos rumores de que entidades judiciais terão sido informadas da

possibilidade de assalto.

A lista confidencial do material furtado, que afinal pode não ter sido furtado, aparece nos jornais.

Após o alegado assalto, o Chefe de Estado-Maior do Exército fala em desleixo e exonera os cinco

comandantes de Tancos para que tudo se apure sem constrangimentos. Duas semanas depois, os exonerados

são reconduzidos, certamente porque tudo se apurou, mas não se sabe o que se apurou.

Dois distintos oficiais generais, Faria Menezes e José Calçada, nem mais nem menos do que o Comandante

Operacional e o Diretor de Pessoal do Exército, passam à reserva. Porquê?

O Sr. Primeiro-Ministro, após o regresso de férias, convoca uma reunião com os chefes dos três ramos das

Forças Armadas, no fim da qual promove uma declaração à imprensa em que é passada a ideia de que uma

parte do material desaparecido seria obsoleta, como se isso mudasse o que quer que fosse.

Há uma semana, o Sr. Ministro da Defesa, em entrevista que certamente não deu para divulgar as conclusões

dos inquéritos, que até estavam classificados como «secretos», introduz a tese de «não sei se alguém entrou

em Tancos. No limite, pode não ter havido assalto». Isto, para além de induzir insegurança, desautoriza o Chefe

do Estado-Maior do Exército e descredibiliza externamente o País.

Poderia continuar indefinidamente.

Sr. Ministro, diga-nos o que até agora não nos disse: foi assalto ou simulação de assalto? Quando foi? Quem

foi? Como foi? O que desapareceu? De caminho, identifique os responsáveis operacionais e assuma a

responsabilidade política.

Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:

A primeira coisa que quero pedir ao Sr. Ministro é que distinga claramente a intervenção de Os Verdes das

intervenções que o PSD e o CDS aqui fizeram.

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Ainda bem!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Estamos aqui com uma profunda seriedade relativamente a esta

matéria e a procurar, de facto, os esclarecimentos que são devidos.

Por isso, Sr. Ministro, a primeira coisa que lhe quero dizer, depois de ter ouvido a sua intervenção, é que Os

Verdes consideram que a investigação que está a ser levada a cabo deve prosseguir sem qualquer

constrangimento.

Quero dizer-lhe, em segundo lugar, que Os Verdes não vieram pedir-lhe nenhuma informação confidencial.

De resto, no início da intervenção tive mesmo o cuidado de dizer que me dá a sensação de que, tendo em conta

a natureza da matéria, as informações prestadas em sede de comissão poderiam ser um pouco mais

aprofundadas do que aquelas que podem ser dadas em Plenário. Mas, face a tudo isto, Sr. Ministro, e tendo em

conta as questões que lhe coloquei, acho que há informação que o Sr. Ministro podia ter dado que não cabe no

âmbito desta matéria confidencial e que talvez até nos ajudasse a perceber algumas responsabilidades

alargadas, designadamente sobre o sistema de videovigilância, o investimento que foi feito ou o não

funcionamento relativamente a esta matéria, que é fundamental.

Por outro lado, Sr. Ministro, vai-me desculpar, mas com as afirmações públicas que o Sr. Ministro fez,

referindo que, no limite, pode não ter havido furto nenhum, lançou a confusão e esta não está esclarecida. Por

isso, findo este debate, Os Verdes consideram que o Sr. Ministro ainda deve explicações sobre o significado

desta afirmação.

Acho que o Sr. Ministro teria tudo a ganhar se o fizesse, assim como os portugueses, evidentemente, pois é

neles que pensamos primeiro.

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